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Estado de Minas SEM ALÍVIO

Mesmo com dólar em queda, combustíveis voltam a subir em BH

Às vésperas de feriado prolongado, consumidores pagam até R$ 7,89 no litro da gasolina; etanol subiu R$ 0,30 em uma semana


13/04/2022 15:54 - atualizado 13/04/2022 16:48

Posto de gasolina Petrobras em Nova Suíça, BH
Combustíveis voltam a subir em BH (foto: Reprodução/Google Street View)

Apesar da queda do dólar nas últimas semanas, o consumidor não sentiu o alívio no bolso. Pelo contrário. Às vésperas do feriado da Semana Santa, motoristas enfrentam aumento de R$ 0,30 no litro do etanol, que passou, em m édia, de R$ 5,09 a R$ 5,19 para R$ 5,39 a R$ 5,49 em uma semana.

A gasolina, embora sem aumento, permanece nas alturas. Na capital mineira, o consumidor pode pagar até R$ 7,89 pelo litro do combustível. O preço médio encontrado é de R$ 7,49, uma queda de 0,43%, ou R$ 0,03 com relação a março. O levantamento é do site de pesquisas Mercado Mineiro, realizado entre os dias 5 e 9 de abril.

Já o diesel, pode ser encontrado a um preço médio de R$ 6,71, enquanto o maior valor nas bombas, de acordo com a pesquisa, foi de R$ 6,99.

Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), obtidos pelo Correio Braziliense, 33 dias após o mega-aumento de 18% no preço da gasolina promovido pela Petrobras, o litro do combustível, no mercado interno, está R$ 0,10 acima da paridade de importação.

Queda no dólar

A volatilidade do dólar influencia diretamente no preço dos barris de petróleo. Contudo, o consumidor não vê isso nas bombas de forma imediata. "Em um cenário de mudança imediata nos preços, o consumidor enfrentaria uma espiral de preços. Na mesma velocidade que o valor do combustível cairia, ele também sofreria aumento", pontua o advogado e economista, Alessandro Azzoni.

A política de preços da Petrobras se dá com base no Preço de Paridade Internacional (PPI), levando em consideração o preço internacional e a variação cambial. "Não é como a soja, o milho e outras commodities que é feita simultaneamente. No caso do petróleo, os reajustes passam por uma série de discussões e comitês que consideram uma média de variação cambial de determinado período e a estatística dela no futuro", comenta Azzoni.

Ou seja, para ajustar o preço dos combustíveis, seja para cima, seja para baixo, demanda tempo. O último reajuste da Petrobras foi no dia 11 de março. À época, a mudança nos valores, que não acontecia há dois meses, foi justificada pela disparada dos preços dos barris de petróleo por causa da guerra na Ucrânia.

"Lembrando que quando se faz o ajuste de combustível, todo o centro logístico e distribuição é afetado", enfatiza o economista.

Cenário instável

Para André Braz, economista do Instituto Brasileiro Economia e da Fundação Getúlio Vargas, o cenário econômico internacional, com relação ao preço do petróleo, seguirá instável enquanto perdurar a guerra na Ucrânia. "O dólar caminha para valores mais baixos agora, mas nada garante que esse seja de fato o futuro dele, mesmo que de curto prazo", pontua.

"Esse deslocamento da cadeia de petróleo dá trabalho e não se normaliza da noite para o dia. O preço caiu porque o mundo está usando suas reservas", comenta. Segundo Braz, existem boas reservas disponíveis e que podem sustentar países por um tempo. Porém, com os embargos contra a Rússia, uma das principais exportadoras de petróleo, a falta do recurso pode impactar todo o setor a curto e longo prazo.

"A medida que essas reservas diminuem e novos acordos não se estabelecem com a mesma firmeza que tinham com a Rússia, ainda há o risco do preço reagir à falta desse recurso e o avanço do uso de reservas", reitera o especialista.

Outro lado

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Rafael Macedo, enfatiza que o motivo da alta no preço dos combustíveis não se limita ao preço do petróleo e do dólar. Outras variáveis interferem no cálculo.

"O preço leva em conta, especialmente da gasolina, a mistura do etanol. Dentro da gasolina comercializável, 27% da mistura é etanol, que, ao contrário do petróleo, teve alta expressiva nos últimos dias", explica.

Segundo Macedo, com o aumento da gasolina, o etanol também sofreu reajuste nos últimos dias. O processo segue a lógica econômica da oferta e procura, uma vez que existe uma alta demanda pelo derivado de cana-de-açucar como substituto mais barato para a gasolina.

O reajuste do etanol pelos produtores do combustível é repassado para os postos e, por último, para o consumidor final.

"O dono do posto de combustível sofre tanto quanto o consumidor com essas altas do combustível", defende Rafael Macedo. No enato, segundo ele, é preciso reduzir a margem de lucro, uma vez que o consumidor abastece menos quando o preço do produto está elevado.

"Ficamos reféns das usinas de etanol, das distribuidoras e da própria Petrobras".

"Agora que teve essa redução do barril, se a Petrobras não repassar lá no primeiro elo da cadeia essa redução, vai ser muito difícil que ela chegue nos postos", completa.


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