A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai realizar um estudo inédito envolvendo várias áreas de conhecimento para elaborar o diagnóstico da Lagoa de Santo Antônio, localizada na APA Carste de Lagoa Santa, em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A região é conhecida por ser o local onde foi encontrado o fóssil mais antigo das américas – o crânio de Luzia.
De acordo com a coordenadora dos estudos e professora do Departamento de Geologia da UFMG, Maria Giovana Parisi, a partir da assinatura do contrato, nesta quarta-feira (13/4), uma equipe multidisciplinar – composta por 12 pesquisadores, entre eles professores e estudantes de graduação e doutorado – vai conhecer a fundo a realidade da lagoa que está inserida em um ambiente cárstico de grande importância e fragilidade.
A doutora em Geologia Ambiental e Conservação de Recursos Naturais conta que nunca foi realizado um estudo multissetorial desse nível em área de relevo cárstico e a previsão para realização de todo o diagnóstico será de 18 meses.
O estudo faz parte do projeto de extensão da UFMG por meio da Fundação Christiano Ottoni (FCO), que fará a gestão financeira do projeto.
O estudo faz parte do projeto de extensão da UFMG por meio da Fundação Christiano Ottoni (FCO), que fará a gestão financeira do projeto.
“Nesse trabalho teremos professores dos Departamentos de Engenharia Sanitária e Recursos Hídricos, professores do Departamento de Geografia, de Geologia e do Departamento de Cartografia. Também fará parte da equipe professores e alunos bolsistas do Instituto de Ciências Biológicas (ICB)."
Primeira etapa
Parisi conta que as pesquisas serão iniciadas pelo Departamento de Cartografia, que vai avaliar a topografia da região que servirá como base de estudos para os outros pesquisadores.
As outras áreas de conhecimento vão trabalhar com um conjunto de ações relacionadas aos recursos hídricos, que consistem em avaliar a qualidade da água, a importância hídrica para a região.
Também serão observados o subsolo da lagoa, o estado de assoreamento de possíveis aquíferos subterrâneos.
Além disso, a coordenadora afirma que serão estudas as questões da área da botânica, da fauna e flora e a pressão urbana em relação aos impactos ambientais.
“O resultado do estudo vai servir como base para as etapas seguintes, como uma proposta junto com a comunidade para a revitalização da lagoa”.
De acordo com o gestor do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – órgão responsável pela APA Carste de Lagoa Santa –, Antônio Calazans, a água é essencial para a sustentação de todos os ecossistemas e uma das principais demandas da região é a adoção de estratégias para conservar as lagoas que pertencem à APA Carste e, ao mesmo tempo, dar a elas um uso público que seja adequado, saudável e seguro.
Dessa forma, o gestor conta que por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o ICMBio e a Copasa, proposto pelo Ministério Público Federal, veio a ideia par fazer os estudos técnicos na Lagoa Santo Antônio e que, a partir deles, os resultados se tornem uma referência para outras lagoas situadas na mesma região.
Em Pedro Leopoldo
A revitalização da Lagoa de Antônio é aguardada pela comunidade desde a criação da Organização não Governamental (ONG) Lagoa Viva, há 10 anos. De acordo com a presidente da Associação Movimento Lagoa Viva, Marcia Lopes, o estudo técnico da Santo Antônio é um sonho realizado e ver que ele será feito pela UFMG é uma forma de valorizar a educação, a pesquisa e a extensão em universidades públicas.
“Esse momento é inédito para nós de Pedro Leopoldo, que por meio dessa construção coletiva de diversos setores, que empenharam em debater um problema complexo e, ao fim, chegaram a essa solução, vemos como grande marco. Estamos iniciando uma caminhada de um estudo em um ecossistema importante para a cidade”.
O secretário de Meio Ambiente de Pedro Leopoldo, Mauro Lobato, afirma que a princípio a ideia do projeto é entender a real potencialidade do lugar para que ele se torne e permaneça ambientalmente equilibrado.
“Sabemos que a partir desses estudos vamos propor à comunidade vários projetos urbanísticos que estejam de acordo com os estudos realizados. A partir desse diagnóstico, para obterem o licenciamento, os futuros projetos no entorno da lagoa terão como base esses estudos técnicos”.