Domingo da ressurreição, Páscoa de renascimento, dia muito especial para celebrar, em família, um tempo novo de alegrias, confiança e fé. Nesta data tão importante para os cristãos, e considerada a mais importante para a Igreja Católica, são muitos os relatos de mineiros e mineiras que se fortalecem a cada dia sem tombar nas batalhas pela vida. Mesmo diante de barreiras às vezes intransponíveis, vão subindo degrau a degrau para conquistar a vitória maior: a saúde aliada à esperança, ainda mais em tempos de tantas dificuldades para a humanidade.
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Criação dos tapetes de Ouro Preto está de volta com fé e proposta inclusivaCatólicos celebram procissão do Enterro de Jesus na Igreja de São JoséVia Sacra marca celebrações no Santuário da PiedadePapa faz apelo à paz nesta 'Páscoa da guerra'Tapetes de serragem colorem Ouro Preto para a celebração da PáscoaHá 22 anos, Mírian foi vítima de uma trombose cerebral total, num quadro clínico tão grave que foi "desenganada pelos médicos", conforme destaca. Não bastasse o sofrimento, foi acometida dois meses depois por uma tromboembolia pulmonar – e poderia ter morrido se não diagnosticada a tempo.
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"Sou portadora de lúpus, doença autoimune que afeta muito o sistema imunológico. Minha vantagem está na disciplina, pois nunca deixo de ir ao médico, faço exames periódicos, tomo os medicamentos religiosamente."
Um mês e dois dias internada
Embora tomando todos os cuidados, a moradora de Santa Luzia, casada há 42 anos e formada em letras, ainda tinha um inimigo invisível disposto a vencer o combate. Em março do ano passado, ela passou pelo calvário da COVID-19, ficando "um mês e dois dias" internada num hospital de Belo Horizonte. Ficou entubada durante sete dias, passou longo tempo em recuperação, em casa, e ainda guarda marcas no braço direito, resultantes dos medicamentos injetáveis.
"Na frieza do ambiente hospitalar, tive muito medo de perder a vida. Ali no CTI, houve dia em que pensei estar perdendo a batalha para o coronavírus, começaram a faltar as forças, mas Deus é quem sabe o momento de dar a vida e de tirá-la. Então confiei", conta Mírian num momento em que as lágrimas tornam ainda mais verdes os seus olhos e mostra que o nome de batismo, Maria em hebraico, parece reunir as fortalezas de todas as mulheres do mundo. "A gente recebe a ajuda das mãos dos médicos para a cura do corpo e outras ainda maiores para a alma."
"Na frieza do ambiente hospitalar, tive muito medo de perder a vida. Ali no CTI, houve dia em que pensei estar perdendo a batalha para o coronavírus, começaram a faltar as forças, mas Deus é quem sabe o momento de dar a vida e de tirá-la. Então confiei", conta Mírian num momento em que as lágrimas tornam ainda mais verdes os seus olhos e mostra que o nome de batismo, Maria em hebraico, parece reunir as fortalezas de todas as mulheres do mundo. "A gente recebe a ajuda das mãos dos médicos para a cura do corpo e outras ainda maiores para a alma."
"Ainda não estou 100%"
Em segundos, um sorriso ilumina o seu rosto. "Ainda não estou 100%, fiquei com algumas sequelas, porém acho que o pior já passou. Ando por todo canto, perdi o medo de permanecer numa cadeira de rodas. Tomei as três vacinas contra a COVID-19 e não vejo a hora de tomar a quarta dose."A fé na vida é assunto recorrente, e o casal mostra as imagens de santos num móvel da sala transformado em altar. "Sou de família católica, meu marido e eu estamos sempre presentes no Santuário de Santa Luzia, em nossa cidade. Recebi muitas orações, até em igrejas evangélicas, o que me deixa muito feliz. Penso ter recebido uma bênção divina", acredita Mírian, cuja mãe, Raphaela, está com 91 anos e mora na mesma cidade.
“Não tenho dúvida de que foi milagre. Os médicos chegaram a me avisar que não haveria jeito, precisava preparar a família. Graças da Deus, vem dando tudo certo”, diz Lucas, empresário, sobre a vitória da mulher em três momentos. Para Mírian, as fases de dificuldades trouxeram muita reflexão: ‘Para sermos felizes, precisamos de muito pouco. Todo mundo busca o conforto, mas, se temos, por que não dividir, acabar com a ambição, procurar ajudar a quem precisa?”
Dia festa em família
Na tarde deste sábado, Lucas e Mírian se juntaram aos filhos Luiz Antônio, Alexandre Augusto, Lucas Filho e Líllian para celebrar o aniversário da neta Maria Eduarda, de 18. Presentes, os outros netos Pedro Henrique, de 16, e os gêmeos Luiz Eduardo e Helena, de 3, o genro Felipe e as noras Fabrícia, Flávia e Juliene.“A alegria da família reunida nos deixa ainda melhores. O que mais desejo para todo o mundo, em tempo tão difíceis para a humanidade, é uma páscoa de paz. Com tranquilidade e persistência, encontramos as saídas até mesmo onde parece faltar a luz”, diz a luziense. Para o primogênito Luiz Antônio, de 41, Deus pode fazer mais de um milagre para uma pessoa. “Minha mãe é persistente, e, nossa família, muito deu muito apoio”. Fazendo cursinho para estudar medicina, a neta Maria Eduarda vai direto ao ponto. “Minha avó é um exemplo de força e fé.”
Uma data com muitas tradições
O dia de hoje significa para os cristãos a vitória da vida sobre a morte, marcada pela ressurreição de Cristo. “Nesses tempos de guerra, medo e incertezas, mais do que nunca celebrar a páscoa é celebrar a vida, a esperança e a certeza de um novo tempo”, diz o frei Evaldo Xavier Gomes, da Igreja Nossa Senhora do Carmo, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Segundo os estudiosos, a páscoa vem de uma tradição muito antiga, anterior a Jesus. Quando ela surgiu, não havia um calendário como os de hoje, o gregoriano (cristão), baseado no movimento da Terra. Os judeus usavam um tipo de calendário com base nas estações do ano, conhecido como lunar. Por essa razão, trata-se de uma festa móvel, sendo a data variável ano após ano, de acordo com os ciclos lunares.
Assim, a data da Páscoa foi definida, para os judeus, no mês conhecido como “nisan” ou tempo da primavera e da lua cheia. Nessa época, a cevada estava madura – então era hora de fazer pão com a cevada antiga para que, quando a nova fosse colhida, o sabor fosse realçado.
Na primavera, as cevadas mais belas ficavam no alto dos montes, por isso o pastor precisava levar as ovelhas até lá, aproveitando a volta para trazer alguns feixes. Durante a dura viagem, pedia ajuda a Deus para proteger suas ovelhas, e, em forma de agradecimento, sacrificava uma delas para o Senhor. Eis aí a primeira páscoa, quando o pastor precisa fazer a “pesach” (passagem) da planície para o monte e, como agradecimento pela ajuda de Deus na “passagem”, sacrifica um cordeiro.
Segundo os estudiosos, a páscoa vem de uma tradição muito antiga, anterior a Jesus. Quando ela surgiu, não havia um calendário como os de hoje, o gregoriano (cristão), baseado no movimento da Terra. Os judeus usavam um tipo de calendário com base nas estações do ano, conhecido como lunar. Por essa razão, trata-se de uma festa móvel, sendo a data variável ano após ano, de acordo com os ciclos lunares.
Assim, a data da Páscoa foi definida, para os judeus, no mês conhecido como “nisan” ou tempo da primavera e da lua cheia. Nessa época, a cevada estava madura – então era hora de fazer pão com a cevada antiga para que, quando a nova fosse colhida, o sabor fosse realçado.
Na primavera, as cevadas mais belas ficavam no alto dos montes, por isso o pastor precisava levar as ovelhas até lá, aproveitando a volta para trazer alguns feixes. Durante a dura viagem, pedia ajuda a Deus para proteger suas ovelhas, e, em forma de agradecimento, sacrificava uma delas para o Senhor. Eis aí a primeira páscoa, quando o pastor precisa fazer a “pesach” (passagem) da planície para o monte e, como agradecimento pela ajuda de Deus na “passagem”, sacrifica um cordeiro.
"Povo escolhido"
Os ensinamentos religiosos jogam luz sobre a celebração. E, neste mundo atual, com licença do trocadilho, Páscoa poderia ser escrita universalmente com “z” no lugar de “s”. Mas vamos à história. A segunda páscoa tem a ver com o “povo escolhido”. Conforme o livro do Êxodo (12,1-18), só será salvo quem tiver aspergido o sangue do cordeiro na porta de casa e viver em paz com o vizinho.Conforme a passagem bíblica, era preciso dividir o cordeiro com o vizinho. Em resumo, você só se senta à mesa com a pessoa com a qual você estiver em paz. Assim, era preciso sair de casa e ir para o deserto em busca da terra prometida. Essa é a segunda páscoa: sair do Egito para ir ao deserto. É a “pesach” de um lugar seguro para um lugar desconhecido e perigoso.
A terceira Páscoa e definitiva é aquela trazido por Cristo, o “cordeiro de Deus”. Essa é a “pesach”, a passagem das trevas para a luz, do pecado para o amor supremo, da morte na cruz para a ressurreição. O sentido, para os cristãos, é subir a montanha e descer com comida nova; rumar para o deserto e chegar à terra prometida; e ir até o alto do Calvário, morrer e vencer a morte pela ressurreição.
Coelho e ovos de Páscoa
Há muitas tradições ligadas à Páscoa, e, neste dia de confraternização, estarão à mesa os ovos de chocolate, a colomba pascal e os coelhos. A criança adora e faz a festa.Vale saber que, no início, os famosos ovos da páscoa eram de verdade, sendo substituídos com o tempo pelos de madeira, prata, ouro e finalmente de chocolate. A cultura de pintá-los e doá-los nasceu no século 18 – antes, a Igreja costumava doá-los aos fiéis, que os chamavam de “ovos bentos”.
Uma das explicações para o coelhinho da páscoa se deve ao alto poder de reprodução do animal, o que representa a fertilidade. Já a columba pascal, pão com frutas cristalizadas em formato de pomba, representa a chegada do Espírito Santo. Mas, na verdade, nada vale mais do que os votos de Feliz Páscoa!