O nome é Boa Esperança, mas o bairro cheio de ladeiras e ruas sem calçamento é um dos mais vulneráveis de Santa Luzia, na Grande BH. É lá que vive a desempregada Vilma de Oliveira, de 57 anos, uma das vítimas das chuvas que atingiram o estado neste ano. Sua casa está na parte inferior de um barranco de dezenas de metros de altura, que se torna um pesadelo a cada vez que o tempo fica nublado.
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“Aqui, antigamente, era uma área de garimpo de ouro. As máquinas empurravam a terra e fizeram esse enorme barranco. Com o tempo, várias pessoas foram construindo suas casas, o que aumentou o risco de desabamento”, conta Vilma. Outros problemas no local são frequentes com as chuvas, o que torna o pesadelo ainda maior. “Como não há canalização de esgoto, as águas do banheiro e da cozinha de vizinhos desciam frequentemente para perto das nossas casas. Logo, o barranco ficou encharcado e aconteceram vários deslizamentos.”
“Choveu muito em janeiro, e nós ficamos trancados em casa, com medo. Só depois que parava a gente verificava os estragos. Havia muita terra no quintal e na porta de casa”, conta. “Vemos que os muros estão trincando, quase caindo. Estamos com muito medo, mas não temos para onde ir”, lamenta.
Em fevereiro, quatro casas desabaram durante a madrugada após um deslizamento de terra no Bairro Cristina, na mesma cidade. O local já estava isolado e não havia pessoas dentro das moradias, por isso ninguém ficou ferido. Do outro lado da cidade, a comunidade do Pantanal ficou totalmente alagada com o volume das tempestades de janeiro. Famílias inteiras perderam bens.
Em relação à situação de risco, a Prefeitura de Santa Luzia alega que a situação das casas vem sendo monitorada com frequência. “Foram feitas vistorias nos imóveis afetados, e nos que não apresentavam possibilidade de retorno o órgão orientou a desocupação imediata. Ressaltamos que os serviços essenciais foram restabelecidos de imediato pela Prefeitura de Santa Luzia, como a limpeza das vias urbanas afetadas pela inundação e auxílios aos munícipes afetados”, informa comunicado do município.
Segundo a prefeitura, famílias mais necessitadas também vêm recebendo atenção especial do poder público: “A Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania, desde o início das fortes chuvas, esteve presente com equipes volantes percorrendo todas as áreas afetadas, e os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) ficaram à disposição para atendimento das demandas das famílias afetadas. Os técnicos têm avaliado a necessidade singular de cada família, podendo ofertar kits de limpeza e higiene, água potável, cesta básica, colchões, auxílio-moradia e isenção de taxa para segunda via de documentos. Cerca de 400 famílias foram atendidas e assistidas pela pasta e, no momento, não há nenhuma acolhida nos pontos de apoio”, afirma a administração.