Para ajudar no sustento da família, Bruna Teodoro de Souza percorre bairros de Pouso Alegre, no Sul de Minas, em busca de materiais recicláveis, que muitos jogam no lixo. Ela é casada, tem 32 anos e cinco filhos. Assim como Bruna, muitas famílias passaram dificuldade financeira, ou ainda passam, por causa da pandemia.
Há dois anos, ela viu na reciclagem uma fonte de renda para a família e o trabalho feito três vezes por semana, entre 18h e 22h, tem feito a diferença para eles.
Há dois anos, ela viu na reciclagem uma fonte de renda para a família e o trabalho feito três vezes por semana, entre 18h e 22h, tem feito a diferença para eles.
São tantos os locais que ela percorre, que ela não tem uma ideia de quantos quilômetros anda por dia para conseguir complementar a renda familiar. Ao realizar esse serviço, ela conta que não considera esforço, já que sabe que é um serviço digno e que traz resultado.
Para poder trabalhar, ela tem que levar um dos filhos, mas mantém todo o cuidado de deixar ele dentro do carrinho: “É para segurança dele, para não ter risco”.
Para poder trabalhar, ela tem que levar um dos filhos, mas mantém todo o cuidado de deixar ele dentro do carrinho: “É para segurança dele, para não ter risco”.
“Eu cato reciclagem porque eu preciso e para completar a renda da gente. Porque o meu marido faz um bico de porteiro e tem outro bico que ele cata reciclagem também. Faz dois anos que eu cato reciclagem na rua, é um serviço que eu gosto”, diz Bruna.
O Brasil tem, em média, apenas 2% de produtos reciclados em comparação com o lixo produzido no país. O motivo apontado por muitos especialistas é a falta da conscientização em mostrar que itens que poderiam ser reaproveitados vão direto para o lixo. “Tem muito material que dá para aproveitar”, acrescenta Bruna.
Inovar para reciclar mais
Em Pouso Alegre e em diversas cidades é comum ver pessoas e até famílias com carrinhos em vias públicas em busca de itens recicláveis. Uma forma que Bruna encontrou de conscientizar as pessoas pelos locais onde é passa e mostrar o seu trabalha foi usar o som no carrinho, com a mensagem sobre a reciclagem em todo o percurso.
A mensagem começa com “o carrinho que coleta reciclagem está passando na sua rua” e cita vários dos produtos que ela coleta para reciclar.
“Vou passando com o carrinho com essa propaganda, assim, as pessoas que estão se acostumando comigo me veem, me chamam e dão o material que deixam na casa (ou loja) delas”, conta a catadora.
“Vou passando com o carrinho com essa propaganda, assim, as pessoas que estão se acostumando comigo me veem, me chamam e dão o material que deixam na casa (ou loja) delas”, conta a catadora.
Além do reciclável, Bruna coleta até gordura vegetal e óleo de cozinha usados. “É papelão, latinha, sucata, pet, que dá para reciclar. Tá fazendo a diferença para a minha família e é muito material que pode ser aproveitado. A gente revende.”
Bruna tenta conciliar a vida de trabalhadora, mãe e mulher que tem seus objetivos pessoais. Ela percorre os bairros três vezes por semana, incluindo o sábado, e a distância é longa, com o caminho feito a pé e carregando sozinha o carrinho e o filho, entre ruas do Bairro São Geraldo, Centro, passando pelo Hospital Regional e bairros até a Perimetral, antes de retornar. “Eu saio às 18h de casa e chego lá pelas 22h, por aí.”
A profissional da reciclagem deixa como exemplo para os filhos o empenho no trabalho. “Tenho cinco filhos. Um de 16 anos, um de 8 anos – esse aqui de 8 eu trago porque não tem com quem deixar. E tem uma menina de 6 e um pequeninho de 3 anos, que ficam com a minha mãe, para eu poder trabalhar.”
(Nayara Andery - Especial para o EM.)
(Nayara Andery - Especial para o EM.)