Jornal Estado de Minas

SUL DE MINAS

Hospital interrompe serviços de maternidade e pediatria em Extrema


 
O Hospital e Maternidade São Lucas (HMSL), em Extrema, Sul de Minas, comunicou que os serviços de maternidade e pediatria foram interrompidos na unidade. O motivo é dificuldade em contratar médicos pediatras para compor o quadro mínimo de especialistas exigido para a continuidade dos atendimentos.




 
O ofício com o comunicado foi enviado à Superintendência Regional de Saúde de Pouso Alegre no último dia 19/04. E nesta quinta-feira (21/04), a direção publicou uma nota de esclarecimento sobre o caso.
 
“O HMSL fez inúmeras e incessantes tentativas junto aos profissionais pediatras prestadores de serviços do próprio município e de cidades vizinhas, mas, sem sucesso, e não conseguiu completar a escala médica mínima necessária”, diz a nota que ainda informa que as ofertas de contrato aos médicos foram feitas conforme os valores compatíveis com a realidade atual dos serviços hospitalares em nossa região.
 
De acordo com o hospital, eram realizados uma média de 100 partos por mês na maternidade, que presta o serviço há mais de 40 anos para Extrema e cidades vizinhas. Eram 50 atendimentos pelo SUS e 50 através de convênios.




Ofício enviado pelo hospital à SES/MG, Regional Pouso Alegre (foto: reprodução)
 
 

Prefeitura e hospital divulgam notas

 
O Hospital e Maternidade São Lucas é particular, mas também mantinha o atendimento através do SUS. Após o comunicado de paralisação dos serviços de maternidade e pediatria, a prefeitura divulgou nota, nesta quinta-feira, sobre as medidas emergenciais a serem adotadas para o atendimento da população de Extrema.
 
“Visando o conforto, qualidade, dignidade, humanização na hora do parto e participação de toda a família, além de se responsabilizar por toda estrutura necessária para que isso aconteça”, diz a nota.
 
Uma das medidas anunciadas pela prefeitura foi uma parceria com a Santa Casa de Bragança Paulista. “Através dessa parceria será ofertada uma consulta prévia ao parto para que o profissional e a gestante tenham segurança, criem vínculo, tenham dignidade e conforto, além da participação dos familiares, sendo assim um acompanhamento de qualidade do início ao fim dentro de uma estrutura moderna e eficiente”, informa a nota da prefeitura.




 
A prefeitura ainda informa que busca autorização para que o Hospital de Campanha, montado por conta da COVID-19, seja liberado para funcionar como Hospital Geral e Maternidade Municipal. O pedido já foi enviado à Regional de Saúde e Vigilância Sanitária Estadual.
 
Ainda segundo o município, a prefeitura conta em seu quadro, atualmente, com uma equipe de médicos especialistas ginecologistas de plantão 24 horas em nossa estrutura, assim como cinco médicos especialistas pediatras 24 horas de plantão, sendo três durante o dia e dois durante a noite.
 
“Com esse nosso time, o fluxo de encaminhamento para a maternidade se dará através de um documento realizado pelos profissionais disponíveis 24 horas por dia em nosso Hospital Municipal”.
 
A direção do Hospital e Maternidade São Lucas divulgou nota ao tomar conhecimento do informativo divulgado pela prefeitura. Segundo a direção do HMSL, diante da dificuldade em contratar pediatras, comunicou a Secretaria de Saúde Municipal e a Regional de Saúde, afim de buscar uma solução em conjunto, numa união de esforços.




 
“A diretoria do HMSL deixa muito claro que, em momento algum, houve negativa do hospital em realizar atendimento de maternidade, porém, foi recomendado pela Regional de Saúde, que houvesse a interrupção das atividades até a regularização da escala pediátrica neonatal em sala de parto”.
 
A direção do hospital ainda disse que, para não causar transtornos às gestantes, houve uma tentativa de parceria com a prefeitura para a disponibilização de um pediatra que presta serviço para o município para manter o funcionamento da maternidade do HMSL.
 
 
“O HMSL se responsabilizaria pelos pediatras (tanto na escala quanto no custo) na sala de parto nos plantões diurnos, das 7h às 19h, período em que acontecem 80% dos partos. Para cobrir o período noturno, já que essa é a dificuldade do HMSL, solicitamos à prefeitura, através da secretária de Saúde de Extrema, que disponibilizasse um pediatra, já que é de conhecimento que há 2 pediatras no plantão noturno do Hospital Municipal”.




 
No entanto, a direção do HMSL diz que foi surpreendida com a nota da prefeitura, divulgada nesta quinta, sobre as medidas adotadas pelo município, “descartando qualquer tipo de parceria ou união de esforços”.

Enquanto o HMSL não conseguir readequar o número suficiente de especialistas para a retomada dos atendimentos na maternidade e pediatria, as gestantes de Extrema terão que percorrer cerca de 30 quilômetros até a Santa Casa de Bragança. Outra alternativa em Minas, seria Pouso Alegre que têm atendimento pelo SUS no Hospital das Clínicas Samuel Libânio, mas está a 100 quilômetros de Extrema.