Jornal Estado de Minas

CARNAVAL 2022

Corações a mil na Sapucaí


Rio de Janeiro – Sem máscaras e fantasiados, foliões voltaram a curtir, ontem, o grande momento do carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro. Sem desfilar desde 2020, as agremiações do Grupo Especial voltaram a pisar na Marquês de Sapucaí, em noite inaugurada pela Imperatriz Leopoldinense, do Bairro de Ramos. Em um mundo de sambas de enredo feitos a várias mãos, a alviverde apostou em uma letra solo do compositor Gabriel Mello. A apresentação serviu para homenagear Arlindo Rodrigues, carnavalesco da escola nos anos 1980.





A Imperatriz foi rebaixada em 2019 e, no ano seguinte, conseguiu garantir o retorno à elite. Ansiedade dobrada para os componentes, que precisaram esperar três carnavais para voltar a desfilar entre as grandes. À frente da bateria, brilhou a cantora Iza, nascida nas redondezas da quadra da escola. Para blindar a artista dos fotógrafos e repórteres, um cordão humano foi formado.

Além do verde, a apresentação também teve tons de vermelho. Isso porque Rosa Magalhães, responsável por montar o cortejo, utilizou parte das fantasias e alegorias para contar a trajetória de Arlindo Rodrigues como carnavalesco da Acadêmicos do Salgueiro.  Arlindo foi um dos professores no mundo da arte. Ela resumiu em uma palavra o tributo feito: "Significativo".

Ao intérprete Bruno Ribas, com passagens por várias outras escolas do Rio, coube a missão de puxar o samba. Ele dividiu a tarefa com Arthur Franco. "É uma das maiores alegrias que a gente pode ter. Depois de tanto sofrimento, voltamos a ver alegria voando sobre nós", disse, ao Estado de Minas.





“PARA A HISTÓRIA” A volta ao sambódromo foi muito festejada pelos desfilantes da Imperatriz. "A escola está muito feliz e linda. Vamos fazer um desfile memorável, para entrar para a história da Imperatriz", garantiu a secretária Fátima Vilarinho, que mora nas redondezas da quadra, na região da Leopoldina. A fantasia dela era ladeada por duas máscaras – daquelas tradicionais, de carnaval, para esconder o rosto.

Depois da alviverde, a noite previa desfiles da Estação Primeira de Mangueira, do Salgueiro, da São Clemente, da Unidos do Viradouro e da Beija-Flor de Nilópolis. Hoje, a partir das 22h, entram em cena Paraíso do Tuiuti, Portela, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca, Acadêmicos do Grande Rio e Vila Isabel.

Nas ruas do Rio, ontem, o clima era de folia. Por todos os lados, era possível ver pessoas carregando adereços e partes de fantasias. Camisas em alusão às escolas também eram recorrentes. Nos bares, o samba de enredo dava o tom das playlists.





Entre a noite de quarta e o início da manhã de ontem, sambaram passarela afora os componentes das escolas da Série Ouro, nome dado à Segunda Divisão do carnaval carioca. A União da Ilha do Governador emocionou o público com um enredo sobre Nossa Senhora Aparecida. O ponto alto foi a comissão de frente, onde a atriz Cacau Protásio, que é negra, representou a padroeira do Brasil. Na coreografia, a santa quebra as correntes que prendiam o escravo Zacarias. A cena foi inspirada em um milagre real, reconhecido pelo Vaticano, que teria ocorrido por volta de 1790. O Império Serrano, com um enredo a respeito da capoeira, também agitou as arquibancadas.

FOLIA DO RECOMEÇO


Confira os desfiles de hoje na Marquês de Sapucaí

Paraíso do Tuiuti – Enredo: “Ka ríba tí ÿe – Que nossos caminhos se abram” (Resistência ancestral)

Portela – Enredo: “Igi Osé Baobá” (Baobá, a árvore sagrada)

Mocidade Independente de Padre Miguel – Enredo: “Batuque ao caçador” (Oxóssi, orixá e padroeiro da escola)

Unidos da Tijuca – Enredo: “Waranã – A reexistência vermelha” (A lenda do guaraná)

Acadêmicos do Grande Rio – Enredo: “Fala, Majeté! Sete chaves de Exu” (Exu, o orixá, e histórias ligadas à entidade)

Unidos de Vila Isabel – Enredo: “Canta, canta, minha gente! A Vila é de Martinho!” (Martinho da Vila)