Rio de Janeiro – A menina Raquel Antunes da Silva, de 11 anos, que se envolveu em um acidente com um carro alegórico de escola de samba na noite de quarta-feira, morreu no início da tarde de ontem, no Hospital Municipal Souza Aguiar, onde ela estava internada. Segundo a direção do hospital, a morte ocorreu às 12h10. Raquel subiu no carro alegórico da escola de samba Em Cima da Hora, que disputa a segunda divisão do carnaval e manobrava na saída da Praça da Apoteose, e acabou imprensada entre a estrutura e um poste quando o veículo abre-alas se movimentou.
A menina sofreu uma hemorragia. Após o acidente, ela foi encaminhada ao hospital e teve uma perna amputada, em cirurgia que durou mais de seis horas. A criança sofreu uma parada cardiorrespiratória durante a intervenção. Ela também teve traumatismo no tórax e respirava por aparelhos.
A Polícia Civil está investigando o acidente. Foi realizada perícia no local, que fica fora do Sambódromo, e analisadas imagens de câmeras de segurança. O motorista, que não teve a identidade divulgada, já foi ouvido. Segundo entrevista da delegada Maria Aparecida Mallet, titular da 6ª DP (Cidade Nova), à TV Globo, ele disse não ter visto crianças no carro. No entanto, segundo a delegada, as imagens revelaram que várias crianças brincavam em volta da alegoria no momento do acidente. O caso, a princípio, é investigado com sendo homicídio culposo, quando não há intenção de matar. De acordo com Mallet, ainda é prematuro apontar culpados. Os familiares de Raquel ainda não haviam prestado depoimento. O carro alegórico foi apreendido.
Após o acidente, o Ministério Público (MP) se pronunciou em nota e pediu que os carros alegóricos sejam escoltados por seguranças no momento da dispersão, já fora do Sambódromo, quando é comum que o público no entorno entre em contato com as alegorias. Na noite de quinta-feira, a Justiça determinou que a escolta fosse garantida.
Pelo Twitter, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, prestou solidariedade aos familiares de criança: "A morte da pequena Raquel nos deixa um grande sentimento de tristeza. Vamos acompanhar de perto a investigação policial que apura as responsabilidades e estamos, através de nossa Secretaria de Assistência, dando apoio aos familiares. Minha solidariedade neste momento de dor".
A Liga das Escolas de Samba do Rio (Liga-RJ), responsável pelos desfiles da Série Ouro (segunda divisão do carnaval carioca), manifestou-se, por meio de nota, na tarde de ontem. A entidade, que é responsável pela organização dos desfiles das escolas de samba da Série Ouro, entre as quais está a agremiação Em Cima da Hora, diz que segue acompanhando o caso e colaborando com as autoridades. "A Liga-RJ lamenta profundamente a morte de Raquel Antunes, de 11 anos, vítima de um acidente na saída da alegoria da Em Cima da Hora, na Rua Frei Caneca, na última quarta-feira, e se solidariza com familiares e amigos da jovem", diz a nota.
Por sua vez, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), responsável pelos desfiles do Grupo Especial, informou que garantiria ontem e hoje a escolta de carros alegóricos para evitar novos acidentes, como determinou a Justiça do Rio, que pediu também que a Polícia Militar e a Guarda Municipal fizessem o patrulhamento das ruas do entorno para evitar que as pessoas se aproximem das alegorias. A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), a Guarda Municipal e a Polícia Militar informaram que a decisão judicial já estava sendo cumprida ontem.
O Corpo de Bombeiros disse que nenhuma das escolas de samba protocolou a regularização de seus carros alegóricos junto à corporação e que, por isso, a liberação cabe às ligas que organizam os desfiles. Segundo os bombeiros, quando isso acontece as ligas assumem – junto com as escolas – os riscos de possíveis acidentes.