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Estado de Minas ROUBO DE COBRE

Furtos a cabos elétricos aumentam e causam prejuízo na Grande BH

Com dois casos impactantes em BH em menos de 48 horas, o crime tem sido mais recorrente em 2022 e causa prejuízos financeiros e ao funcionamento das cidades


25/04/2022 17:03 - atualizado 25/04/2022 19:27

Cabo de energia de um poste rompido próximo à sede do Detran, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Cabo de energia rompido próximo à sede do Detran, que ficou sem luz na manhã desta segunda-feira (25) (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O furto de cabos elétricos para a venda de cobre no mercado paralelo não é novidade nas grandes cidades. Porém, casos recentes como o do homem que teve queimaduras de segundo grau ao tentar roubar a fiação elétrica do hotel Othon Palace, no Centro de BH, no último sábado (23) e do furto de cabos que deixou a sede do Detran-MG, na Região Centro-Sul da capital, sem luz nesta segunda-feira (25) colocam o tema em debate. O Estado de Minas procurou as autoridades competentes para entender o cenário deste tipo de crime, que tem sido mais recorrente na Grande BH nos últimos meses.

Dados da Cemig computados até a primeira quinzena de março de 2022 mostram que 1,72 quilômetro de cabos da empresa, localizados majoritariamente no Hipercentro de BH, foram furtados apenas neste ano. Em uma média aproximada, 0,68 quilômetros da fiação da companhia são roubados mensalmente. Nos últimos três anos, esse dado não superou a marca de 0,58.

Desde 2019, 21,6 quilômetros de cabos da Cemig foram roubados, causando um prejuízo de cerca de R$ 3,4 milhões aos cofres públicos. O técnico da Rede Subterrânea da Cemig, Felipe Martins, explica que os danos vão além do prejuízo financeiro, já que afetam o fornecimento de energia elétrica para serviços essenciais.

“O que mais nos preocupa é a segurança da população. O furto de cabos pode deixar hospitais sem luz, trânsito sem sinalização e comércios sem poder funcionar, por exemplo, prejudicando a todos”, ressaltou Martins.

Também em 2022 a situação citada pelo técnico da Cemig foi percebida na prática. Em 9 de março, o pronto-socorro do Hospital das Clínicas da UFMG ficou cerca de meia hora paralisado após uma tentativa de furto dos fios elétricos do prédio ocasionar um incêndio na rede subterrânea.

Os semáforos também são visados pelos ladrões de cobre e, de acordo com dados da BHTrans, alvos bastante recorrentes neste começo de ano. Durante todo 2021, quase 30 quilômetros de cabos foram furtados dos sinais de trânsito. Apenas nos três primeiros meses de 2022, criminosos já levaram mais de 25 quilômetros de material.

Se os crimes deste tipo seguirem neste ritmo, a BHTrans terminará o ano tendo que repor mais de 100 quilômetros de cabos, muito além dos cerca de 42 quilômetros de 2020, quando foi registrada a maior marca dos últimos quatro anos. E a situação tem um agravante: de acordo a autarquia municipal, a inflação aumentou significativamente o preço deste material. Em 2020 o prejuízo computado foi de cerca de R$ 182 mil, enquanto só neste primeiro trimestre o valor já superou os R$ 225 mil.

E o problema vai além. Além da energia, roubos e furtos de cabos também interferem no fornecimento de água. Isso porque o bombeamento nas redes de abastecimento depende de eletricidade. Assim como Cemig e BHTrans, a Copasa também registrou aumento no número de crimes desta natureza em 2022.

No ano passado, a empresa computava uma média de 9 furtos mensais. O número aumentou para 11,6 no início de 2022. Segundo a Copasa, no período de 12 meses entre março de 2021 e março deste ano, foram 104 ocorrências de furtos de cabos e em cerca de 45% dos casos, cidadãos ficaram sem água por algum período de tempo. A maioria dos crimes acontece na Região Metropolitana de BH, além das regiões Central e Sul do Estado.

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) é outra empresa afetada pelo furto de cabos. Entre março de 2021 e fevereiro deste ano, 57 casos foram registrados no Metrô de Belo Horizonte. As estações mais afetadas são Lagoinha, Central, Calafate, Minas Shopping e São Gabriel. Neste período, os crimes provocaram 368 atrasos e 43 cancelamentos de viagens.

Vale ressaltar que os furtos a cabos elétricos não são limitados às empresas públicas citadas na reportagem e pode também acontecer em ambientes particulares, sejam eles comerciais ou domésticos. Para saber os dados específicos em propriedades privadas, a reportagem procurou a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, que afirmou não ser possível filtrar este tipo de crime na base de dados da pasta.

Crime arriscado

O furto de cabos elétricos é uma atividade perigosa, como comprova pelo caso do Othon Palace. Quem comete o crime está se arriscando a acidentes com ferimentos graves, amputação de membros e até mesmo a morte.

As redes elétricas subterrâneas em espaços privados funcionam com uma tensão de até 220 volts, mas os cabos da Cemig operam com mais de 13 mil volts. Segundo a empresa, o risco se torna ainda mais alto pelos furtos serem realizados por pessoas sem conhecimento técnico e sem equipamentos de proteção.

Medidas de segurança

Cemig e Copasa informam que as empresas desenvolvem medidas para evitar e inibir o furto de cabos. A companhia elétrica adotou novas tecnologias de trancas e cadeados e usa tampas e grades mais pesadas nas galerias de rede subterrânea no Centro e na Savassi, em BH. Além disso, parte dos materiais foi trocada para o alumínio, que conduz bem a eletricidade, mas não tem valor de mercado que atraia ladrões, como é o caso do cobre.

Já a Copasa investe na ampliação da vigilância eletrônica e apoia a polícia nas ações de inteligência que buscam desvendar os receptadores dos materiais roubados.

Em fevereiro deste ano, a Polícia Civil realizou a terceira etapa da Operação Sinal Vermelho, que investiga o mercado paralelo de cobre roubado em Minas. Na ocasião, foram apreendidas seis toneladas de cabos e fios em um ferro velho na Região de Venda Nova, em BH. O material, já pronto para a revenda, foi avaliado em cerca de R$ 500 mil. As investigações seguem para encontrar mais envolvidos com o crime no estado.

Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou que faz, além do policiamento preventivo, ações especiais para combater a receptação do cobre furtado em Belo Horizonte.

De acordo com o Comando de Policiamento da Capital, a reincidência dos ladrões de cobre desafia a ação da PM. A corporação afirma que chegou a prender em flagrante um criminoso que já tinha sido detido furtando cabos e fios mais de 70 vezes.
 
 
 


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