A Polícia Civil detalhou, nesta quinta-feira (28/4), a investigação sobre a morte de Lidiane Aparecida Fernandes Oliveira, de 39 anos, após fazer uma abdominoplastia e lipoaspiração no Instituto Mineiro de Obesidade, no Bairro de Lourdes, região Centro-Sul de Belo Horizonte, em dezembro de 2021.
Leia Mais
Polícia Civil prende 5 suspeitos de desviar R$ 1 milhão em eletrônicosPreso encontra mãe, por videochamada, após 48 anos sem notícias dela em MGPM recupera cinco toneladas de ferro gusa furtadas em Pedro LeopoldoFamília de trabalhador que morreu soterrado em cafezal será indenizada
Conforme a investigação, o cirurgião plástico Lucas Mendes, indiciado por homicídio culposo pela morte da paciente, errou ao retirar durante a lipoaspiração uma quantidade de gordura acima do recomendado pelo Conselho Federal de Medicina. Em função disso, a paciente teve uma anemia aguda que levou a óbito a paciente.
"Após a realização da exumação do corpo, a prova técnica apontou, através do médico legista, que houve uma retirada de volume de gordura em desacordo com o balizamento do Conselho Federal de Medicina. Nas palavras do médico legista após o acesso à documentação médica da vítima, ele afirma em seu laudo que houve a lipoaspiração de 9.320 mililitros de gordura das áreas do abdômen, flancos, dorso, lombar, face interna da coxa, axila e tórax, o que por si só gera um pouco de estranheza por serem muitas áreas", disse a delegada Lígia Mantovani, da 3ª Delegacia de Polícia Civil, no Centro de Belo Horizonte.
Leia também: Médico é indiciado por morte de mulher que fez plástica em clínica de luxo
"Normalmente, isso não ocorre em procedimentos estéticos desta natureza. Esse é ponto chave da perícia pois corresponde a 10,02% do peso corpóreo da paciente. Conforme a resolução do Conselho Federal de Medicina para este tipo de procedimento infiltrativo há um limite de 7%", completou.
O inquérito foi concluído, após quatro meses de investigação. Ao todo, 18 pessoas foram ouvidas pela polícia. Também foram periciadas as imagens das câmeras da clínica onde a cirurgia plástica aconteceu.
"Conclui-se que houve um homicídio culposo por parte do médico, em razão da imperícia, e com inobservância de uma regra de técnica da profissão médica", ressaltou a delegada Lígia Mantovani.
O cirurgião plástico Lucas Mendes ainda não se manifestou sobre a conclusão das investigações, mas na época do ocorrido ele se manifestou por meio de nota.
"Perder uma paciente dessa forma foi e está sendo muito difícil para mim. Nenhum médico acorda de manhã para trabalhar com o objetivo de causar mal ao seu paciente. Algumas informações sobre o ocorrido e a paciente não tenho o direito de mencionar na mídia, pois tenho que respeitar o sigilo da relação médico-paciente. Quando os familiares estiverem se sentindo um pouco melhor, se for o desejo deles, estarei a disposição para conversar".
Relembre o caso
Lidiane Aparecida Fernandes Oliveira estava acompanhada da irmã e fez a cirurgia na manhã de uma segunda-feira (6/12). A operação começou às 8h30 e terminou às 13h. Em seguida, a mulher foi encaminhada para o quarto e começou a se queixar de dores e falta e ar.
Ela chegou a ser medicada algumas vezes. A irmã acionou o botão de emergência do quarto e saiu para chamar socorro, mas, quando voltou, a mulher já estava desacordada. A equipe tentou fazer massagens para reanimá-la, e chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Lidiane foi encaminhada ao Hospital Vera Cruz, deu entrada às 20h25 e morreu às 1h20, de embolia pulmonar.
Na época, o médico responsável pela cirurgia afirmou não ser funcionário da clínica e só utilizar o espaço. Segundo o Boletim de Ocorrência, ele disse que a operação transcorreu bem, começando às 8h30 e terminando 13h. A mulher foi levada para o quarto e ficou sob os cuidados da clínica, que possui médicos, enfermeiros e suporte básico, mas sem CTI.