Um simulado de emergência mobilizou moradores de 20 bairros (entre eles Cascalho, Bonfim, Retiro e São Luís) de Nova Lima, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, na tarde deste sábado (30/04). A experiência, organizada pela Defesa Civil de Minas Gerais e pela Defesa Civil de Nova Lima, aconteceram por conta da proximidade de residências e estabelecimentos comerciais com a Mina de Águas Claras, administrada pela mineradora Vale.
A atividade prática contou com apoio da empresa, tendo em vista as barragens 5-MAC, 6, 7A, 7B e dique auxiliar da mina. O simulado, previsto com participação de quatro mil pessoas, teve o acionamento de sirenes, seguidas de reunião nos 31 pontos de encontro com direcionamento às rotas de fuga indicadas a partir da Zona de Autossalvamento (ZAS).
Atualmente, a mina segue como ponto administrativo da Vale, com paralisação das atividades desde 2002. "As barragens da empresa passam por inspeções rotineiras de campo e são monitoradas permanentemente por uma série de instrumentos e pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG)", diz comunicado da mineradora.
Ao todo, mais de 40 vias foram interditadas pelo simulado - previamente acordado com os moradores. A atividade, facultativa, durou cerca de 40 minutos, com início às 15h deste sábado. A Vale reitera que não houve alteração na condição de segurança das estruturas - todas inativas - da Mina de Águas Claras.
Moradoras angustiadas
Apesar da expectativa de participação de quatro mil pessoas, 801 pessoas fizeram parte da simulação - entre moradores e pessoas que circulavam. Uma das moradoras, Vilma Viriata, de 74 anos, elogiou o simulado, mas continua temerosa.
"Isso está bom, ganhamos folheto que deram para a gente, é bom que vai prevenindo. Aqui nunca aconteceu nada não, mas eu tenho medo, claro que tenho medo. Só escutei essas sirenes em teste, graças a Deus", diz, ao Estado de Minas.
Já Rosana Jaqueline, de 55, diz que queria maiores explicações técnicas durante o simulado. Ela afirma também que a Vale poderia ter retirado as famílias em situação de risco do ponto.
"Muito ruim, porque a gente tem sensação de morte, de pânico. A dicção da mulher está péssima, o alto-falante está péssimo, baixo, minha rua antes era rota de fuga e agora rota de lama. Aqui não tem geólogo, engenheiro e assistente social para conversar, tem funcionários para passar informações que receberam para passar para a gente. Já tiveram tempo suficiente de construir casas para retirar pessoal, ainda não fizeram. É este treinamento e só", diz.
Defesa Civil valoriza simulado
Coordenador da Defesa Civil de Nova Lima, Robson Silveira elogiou o trabalho feito em conjunto da Defesa Civil de Minas Gerais e apoiado pela Vale. Ele destaca também que isso é uma novidade aos novalimenses.
"Acho muito interessante o simulado até porque a comunidade de Nova Lima não tinha a relação de que tinha uma barragem que poderia ter algum rompimento, alguma situação dentro da cidade. A gente percebeu que a comunidade precisa muito de informação, então a gente começou a partir de dezembro esse nicho de comunicação com ela para ter esse caráter de prevenção, não só de barragem mas de todo complexo de segurança", disse, à reportagem.
Robson Silveira também atualizou a situação das barragens e do dique. O coordenador da Defesa Civil municipal diz que o descomissionamento do dique está em execução, enquanto as barragens não precisam passar por este processo.
"Já está desativada há aproximadamente 20 anos, e só veio a este caráter de simulado até por causa da exigência por lei, em função da situação que aconteceu em Mariana e Brumadinho. Então, por isso que há necessidade desse simulado. Tem previsão de até dezembro já estar toda descomissionada, mas é só o dique. A barragem não tem necessidade de descomissionar, até porque é feita a jusante, o dique que é a montante", afirmou.