O artista plástico mineiro Carlos Calsavara recebeu a missão de esculpir duas obras em madeira exclusivas para o novo Santuário de Santa Rita de Cássia, o maior dedicado à santa no mundo e que será inaugurado neste mês, em Cássia, Sudoeste de Minas Gerais
"Tento colocar o máximo de beleza para impactar o fiel e colocá-lo em contato mais íntimo com a espiritualidade. Como artista sacro, meu papel é fazer uma ponte entre o campo físico e o espiritual através do impacto estético e do realismo”, explica o artista.
Ele conta que, desde criança, teve envolvimento com a área artística e, desde 1997, se dedica profissionalmente à arte. “A arte sacra na minha vida tem total influência da minha cidade natal, São João del-Rei. Tanto pelo nível histórico, quanto cultural e comercial. Somos um polo de comercialização de artes sacras.”
Mesmo com uma longa trajetória de sucesso, foi neste trabalho para o Santuário de Santa Rita de Cássia que o artista criou o maior Cristo em madeira de sua história, com 3 metros de altura, das mãos até os pés. A de Santa Rita tem 1,70m.
O artista tem obras espalhadas por todo o Brasil. Uma de suas criações mais famosas é a de Nossa Senhora de Assunção para a Catedral da Sé de São Paulo. Tem ainda outras obras de grande porte em Alagoas, no Santuário de Santa Teresinha, no Tocantins, Paraná, Rio Grande do Sul, entre outros locais.
“Com a graça de Deus tenho a oportunidade de levar meu trabalho, a arte sacra, para todos os cantos do Brasil.”
O Cristo e a Santa Rita do novo santuário levaram um ano de intenso trabalho para serem esculpidos.
Berço
Calsavara nasceu em São João del-Rei e teve o privilégio de experimentar, desde cedo, dois vértices da cidade: de um lado, a liberdade e o contato com a natureza na comunidade italiana de agricultores onde se criou, conhecida como Colônia do Marçal; de outro, o convívio com a tradição e arquitetura cuidadosamente desenhada no Centro Histórico, onde acompanhava os pais em festas religiosas.
Filho e neto de carpinteiros, não demorou para que arriscasse a esculpir algumas figuras. A princípio, porém, não usou madeira. Preferiu testar habilidades e formas em pedra-sabão.
Com curiosidade, inspiração e informações importantes apreendidas, Carlos aceitou, em 1997, sua primeira encomenda: uma imagem de São Judas Tadeu, com aproximadamente 60cm, para decorar uma pequena capela de pedra em São João del-Rei. Dali em diante, nunca mais parou de produzir, estudar e buscar aperfeiçoamento.
Já nas Artes Sacras, o artista frequentou o curso de Douramento e Policromia de José Manuel Bajo, em São Paulo. Com isso, especializou-se em técnicas utilizadas no Brasil há pelo menos quatro séculos – embora sua origem seja milenar.