Após as paralisações dos servidores da educação pública de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em março, com o objetivo de receber da prefeitura o rateio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e o piso salarial nacional, a categoria alega que tem sofrido perseguições da prefeitura por meio da Secretaria de Educação.
Uma das servidoras, que não quer se identificar, relata que todos os membros da comissão do SindUte que atuam como professores em Lagoa Santa receberam uma intimação da Comissão Permanente de Sindicância por terem participado do movimento de paralisação das aulas.
A servidora relata que enviou à Comissão Permanente de Sindicância perguntas sobre o motivo da abertura do processo e recebeu nesta terça-feira (3/5) a resposta de que o motivo é apurar as paralisações das aulas.
“Esta prefeitura está querendo nos deixar doentes, com depressão, a coisa está insuportável e insustentável. Estão querendo tirar o nosso direito de manifestar, de lutar por justiça, estão querendo nos intimidar” relata a servidora.
A servidora conta que a categoria ficou paralisada nos dias 22, 25 e 28 de março e, no mês de abril, paralisou no dia 8. Além disso, os professores realizaram as atividades em carga horária reduzida em outros dias.
“Não recebemos comunicado oficial, mas o que sabemos é que o prefeito está querendo cortar da folha de pagamento os dias que ficamos paralisados. Se fizer isso, ficaremos desobrigadas de repor as aulas e isso vai comprometer o calendário letivo e prejudicar ainda mais os alunos”.
A situação no município virou caso de polícia. Sem querer se identificar, uma outra servidora que atua nos serviços gerais de uma escola afirma que chegou a fazer um Boletim de Ocorrência acusando o Departamento de Recursos Humanos da Secretaria de Educação de ter sido pressionada a assinar um documento sem ter o direito de ler o conteúdo.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, a servidora foi chamada a comparecer ao Recursos Humanos para assinar uma transferência. Ela conta que ao chegar foi informada de que iria trabalhar na rodoviária da cidade.
A servidora conta que o motivo alegado pelo RH é que a escola tem muitos funcionários e causa aglomeração em plena pandemia. Ela afirma que todos os servidores têm seguido os protocolos de segurança como o uso de máscara.
“Trabalho nessa escola há muitos anos e ocupo o cargo muito antes de outras servidoras ocuparem. Acredito que o critério usado foi porque participei da paralisação e das manifestações e viram na transferência uma forma de me punir”, afirma.
Presente como testemunha, a servidora da educação e também membro do SindUte de Lagoa Santa, Patrícia Pereira, diz que a auxiliar de serviços gerais ainda não foi transferida, mas que está sendo atendida pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) por ter entrado em depressão. “O que estamos vivendo é uma caça às bruxas, uma inquisição, algo nunca visto antes”.
A representate do SindUte em Lagooa Santa afirma que a categoria mantém o estado de greve até a solução dos problemas.
Procurada pela reportagem, a prefeitura de Lagoa Santa não respondeu às perguntas. Assim que as respostas forem enviadas, a reportagem será atualizada.