No distrito de Carvalho de Brito, em Sabará, Região Metropolitana de Belo Horizonte, ao sopé da Serra do Curral, a possibilidade de avanço da mineração no local tira o sono de quem cresceu nos arredores e encontrou na diversidade e beleza da região seu ganha-pão. Para estes, o licenciamento concedido pelo governo estadual à Taquaril Mineração S.A (Tamisa) significa um impacto amplo e destrutivo às possibilidades de um proveito sustentável da natureza.
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Instalados em uma área já cercada por atividades mineradoras de menor porte (se comparadas ao projeto da Tamisa), eles convivem com o medo de ver o avanço sobre as áreas verdes minar não apenas a riqueza ambiental da região, como também a possibilidade de um usufruto sustentável das características naturais do local.
“Meu medo é ficarmos sem essa água, uma água cristalina, sem impureza, sem esgoto e está aí disponível o meio ambiente proporciona pra gente e eu acredito que vou enxergar com meus olhos essa água jorrando aqui até eu morrer. Essa instalação pode causar a escassez desses recursos hídricos em um momento em que a gente vive uma luta pela água, sou totalmente contra essa degradação, esse prejuízo pelo meio ambiente e porque vai me afetar diretamente”, comenta Gabriela.
O risco às nascentes e ao abastecimento de água é uma das preocupações levantadas por ambientalistas, que temem que estruturas responsáveis por levar 70% da água consumida por moradores de BH e 40% da Região Metropolitana sejam comprometidas pelo empreendimento.
Felipe Mesquita explica que, para a população de Sabará, o contato com a atividade mineradora não é uma novidade. Ainda assim, eles percebem um aumento do movimento na região e o único contato entre as empresas e os moradores é feito através de caminhões em profusão.
“Eles não vêm falar nada, a gente vem vendo aqui é muito fluxo de caminhão, dia e noite, inclusive tem muitos caminhões aí sem seta, que não tem nem placa para falar a verdade. É um perigo que a gente tem nessas estradas, um risco aos recursos hídricos e aos animais que vivem aqui. A gente tem macaco aqui, não é mico, é macaco. Eu fico me perguntando se tem lugar para esses animais que vivem aqui”, protesta.
Riqueza natural sob risco
Aos fundos da propriedade onde Felipe e Gabriela trabalham se encontra uma das grandes atrações naturais e turísticas: uma cascata com água cristalina que vem direto da serra, forma o Riacho Triângulo e deságua no Rio das Velhas.
Gabriela conta que a cascata se encontra entre duas propriedades privadas, uma da Igreja Católica e outra da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), que votou a favor da Tamisa no Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).
O casal teme que a exploração da Serra do Curral seque ou polua a fonte que abastece o riacho, mas se diz esperançoso sobre a possibilidade de barrar a mineração no local. “Eu fico feliz de ver muitas pessoas se unindo contra essa situação, porque não pode ficar assim”, disse Felipe.