"Mix de alívio e leveza". Foi assim que Lorena Rezende, dona de Lulu, definiu o momento em que soube que o Shih-tzu tinha sido encontrado por Lúcia Ferreira, de 54 anos, que trabalha em serviços gerais. O cachorrinho estava desaparecido desde 16/04 e foi encontrado a 7km de casa na última sexta-feira (29/4) no Centro de BH.
A maior surpresa de todo o caso foi o fato de Lúcia e o filho não aceitarem a recompensa de R$ 1000 oferecida por Lorena. "Eu acho que não é justo. Não era nosso. Se tem dono, tem que devolver", argumentou Lúcia.
De acordo com Lúcia, ele estava muito magro e sujo, "em tempo de ser atropelado na Av. Amazonas. Peguei ele no colo e trouxe para casa, alimentei, dei banho e cuidei. No sábado, coloquei ele na coleira e saí pelas ruas para ver se eu achava o dono, mas sem sucesso", explica.
Após buscar o dono, Lúcia decidiu então dar o cachorrinho para o neto, já que tem dois cachorros . Porém, na quarta-feira (4/5), ela viu a publicação feita nas redes sociais de Lorena, e não pensou duas vezes em ligar para avisar que havia encontrado o cachorro. "Liguei pro meu filho e disse que achei o dono. Falei 'filho olha a matéria, é ele', então ele imediatamente concordou em devolver".
"Ela foi muito solícita"
Lorena contou que, assim que respondeu ao contato, percebeu que a família que acolheu Lulu foi muito atenciosa, educada e solícita com ela." Pedi foto, vídeo, tudo para comprovar e eles me mandaram na hora", explicou. Assim que confirmou que era mesmo Lulu, saiu do trabalho e foi direto ao encontro. "Ouvi o latido e já sabia que era ele. Foi muito emocionante. Pensei 'nosso menino vai voltar para casa'. Chorei muito, acordei a família toda."
Ela conta que quando foi falar sobre a recompensa, ficou supresa em ver que eles não iam aceitar. "Eles disseram que já estavam satisfeitos de saber que o Lulu iria voltar para a casa e ia ficar bem", disse. Como o dinheiro já estava separado, Lorena irá doá-lo para alguma instituição que cuida de animais.
Sofia, a filha de 6 anos, estava sofrendo muito com a ausência de Lulu , a quem considera ser "seu melhor amigo". "Assim que minha filha viu ele, ela ficou super feliz. Ela até duvidou, ficou falando 'mamãe mas é ele mesmo?', então ela levou Lulu para a luz e confirmou. Um estava louco com o outro, ja brincaram e dormiram juntos novamente, como costumavam fazer", contou.
Hoje, Lorena explica que Lulu já está bem e que agora entende porque, quando pais perdem filhos, buscam respostas independentemente de ela serem boas ou ruins. "É como um filho quando desaparece, você quer saber o que aconteceu até mesmo porque é necessário encerrar o ciclo. As pessoas que não encontram o familiar sentem essa dor por ficar numa busca eterna pela resposta", declarou.
*estagiária sob supervisão do editor Benny Cohen