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Estado de Minas PROJETO POLÊMICO

Serra do Curral: comunidade quilombola se sente ameaçada pela mineração

Moradores do quilombo Manzo, próximo à Serra do Curral, temem impacto da mineração na mata utilizada em seus rituais religiosos


06/05/2022 12:56 - atualizado 06/05/2022 19:14

Imagem mostra integrante de comunidade quilombola em um ritual religioso. Sete pessoas, vestidas de branco, aparecem em volta de Mãe Efigênia, fundadora da comunidade, que está sentada
Comunidade quilombola, localizada na Região Leste de Belo Horizonte, foi fundada em 1970 por Mãe Efigênia (foto: Divulgação/Iepha)
Os moradores de uma comunidade quilombola, próxima à Serra do Curral, temem que a vegetação e as nascentes utilizadas em seus rituais religiosos sejam afetadas pela mineração da Taquaril Mineração S.A (Tamisa). A comunidade questionou, em coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (6), não ter sido consultada sobre os impactos da exploração na região.

Cerca de 42 famílias vivem no quilombo Manzo Nzungo Kaiango, localizado no Bairro Santa Efigênia, a pouco menos de 3 km do local onde será instalado o complexo minerário da Tamisa. "Além de violar nossos direitos enquanto território quilombola, a mineração nesta região viola nossa prática de manifestação da nossa fé", declara a líder comunitária do local, Makota Cássia Kidoialê, de 52 anos.

O quilombo Manzo foi tombado, há quase quatro anos, como patrimônio imaterial de Minas Gerais, e desde 2013 é patrimônio de Belo Horizonte. Para Makota, a serra é um território de matriz africana. 

"A Mata da Baleia, onde vai ocorrer a exploração, é usada em diversos rituais das religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. Além de ser um ponto de coleta de ervas, que só tem naquela região", conta Makota.

Sem a mata, diz ela, o quilombo deixa de existir. "Minas Gerais foi construída pelo trabalho do povo preto, arrancado de suas comunidades, e agora a história se repete. Esses impactos vão diretamente contra a nossa existência", declara a líder comunitária.

Ela questiona, ainda, o fato de a comunidade, fundada em 1970, não ter sido consultada no processo de licenciamento da mineradora. "Estão passando por cima de nós como se não existíssemos. Não se pode passar por cima de uma memória ancestral dessa forma. Essa é a nossa história, é o que ainda nos resta de memória", ressalta.

 


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