Segundo Geo Cardoso, criador do bloco 'Baianas Ozadas" e presidente da Liga Belorizontina de Blocos Carnavalescos, medidas deveriam ter sido tomadas para ajudar os trabalhadores que ficaram parados durante os dois anos sem carnaval, devido à pandemia de COVID-19.
“Começamos as conversas com o poder público bem antes do carnaval de 2021. Somente em novembro que o então prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, chamou a gente para conversar e prometeu esse edital em março de 2022. Ele está até atrasado. Mas é bem-vindo, é necessário e urgente para que os blocos de rua possam sobreviver até fevereiro de 2023 com seus funcionários e trabalhadores”, disse ele.
Já Matheus Brant, fundador do bloco "Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro', aponta que, além da demora do edital, a ação é equivocada pois não leva em consideração as demandas reais dos blocos.
“Esse edital contempla oficinas, capacitações e entre outras coisas que não atendem as demandas reais dos blocos. O que precisamos realmente é o gerenciamento de redes sociais que engloba desde a contratação de alguém que faça esse serviço até patrocínio de postagens. Além disso, custear a produção e inscrição em editais e proporcionar a aproximação dos blocos e das marcas para que a gente não dependa de verba pública”, afirmou Matheus.
Brant também questionou o motivo da prefeitura de Belo Horizonte não investir em carnaval fora de época, como São Paulo e Rio de Janeiro fizeram. “Isso não está sendo feito aqui. Ao invés deste edital, seria muito melhor gastar o dinheiro da Belotur fazendo um edital para o desfile de blocos aqui. Isso sim daria muito suporte financeiro aos blocos”.
Para Kerison Lopes, presidente da Liga dos Blocos de Santa Teresa, o edital é uma vitória para aqueles que lutaram por essas medidas de proteção social ao setor.
“Desde fevereiro de 2021 reivindicamos essa ajuda, que é fundamental para dar condições de sobrevivência aos que dependem desse trabalho. Das capitais que têm expressivos carnavais, BH foi a última a anunciar auxílio para os trabalhadores da folia. O que mostra que, apesar do nosso carnaval estar entre os principais do país, não podemos dizer o mesmo dos gestores públicos daqui, que não estão à altura da importância que ganhou nossa folia. Mas ainda bem que finalmente atenderam à nossa reivindicação. Antes tarde do que nunca”.
Segundo a Belotur, o edital anunciado em entrevista coletiva desta quinta-feira (12/5) foi feito em conjunto com a Comissão do carnaval de Belo Horizonte, formado por representantes de Escolas de Samba, Blocos de Rua e Blocos Caricatos.
Para Vitoria de Paula Silva, representante dos blocos de rua no edital do carnaval, a iniciativa da Belotur é o primeiro passo para a retomada. “Poder construir junto com o poder executivo um edital sobre a retomada das festas de rua representa muito pelo momento político que estamos vivendo. Caminhamos muito com essa publicação, mas ainda temos o que evoluir. O fato de já termos contato e abertura com a Belotur para debater o assunto é muito importante”.
Segundo Vitoria, as oficinas e ensaios irão movimentar a cidade e ajudar vendedores ambulantes também. “Teremos o crescimento de eventos na capital e isso vai aumentar diretamente a venda de produtos de ambulantes”.