Motoristas do transporte suplementar de Belo Horizonte devem entrar em greve na próxima segunda-feira (16/5). Os representantes da categoria não concordam com o valor do subsídio aprovado na quinta-feira (12/5), em reunião entre o Grupo de Trabalho para debater a mobilidade urbana na capital (GT-MOBBH) e empresários do setor de transporte coletivo da capital.
Pelo acordo, R$ 11 milhões do subsídio de R$ 237,5 milhões seriam destinados para o transporte suplementar. A categoria, porém, reivindica, pelo menos, 10% do valor total.
"Vamos parar na segunda-feira a menos que até domingo não tenha nenhuma novidade que atenda as necessidades que a categoria está pedindo. O mínimo que pedimos é 8% do valor destinado ao subsídio. Se não houver mudança de posição na Câmara, vamos paralisar na segunda-feira."
Na tarde de ontem, enquanto acontecia a reunião que terminou no acordo, os representantes do transporte suplementar da capital fizeram uma manifestação na porta da PBH por não terem sido chamados para o encontro.
"Em um primeiro momento, no projeto de lei, o suplementar não estava nem contemplado, quando o Kalil apresentou a primeira versão. Quando o novo prefeito assumiu, apresentou uma versão incluindo o transporte suplementar, com um valor de R$ 7,5 milhões/anuais", explica Jeferson Gazolla, presidente do Sindicato dos Permissionários Autônomos do Transporte Suplementar de Passageiros dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Sindpautras) e do Consórcio de Permissionários (Transuple).
Segundo ele, nesta ocasião, o sindicato questionou o cálculo para destinar a parcela para os suplementos. "Naquela época, nosso valor já deveria ser calculado em R$ 23,7 milhões. Queríamos ter um tratamento igual ao que era dado aos empresários (das empresas de ônibus convencionais)."
Gazolla afirma que a categoria aceitaria receber 10% do valor total do subsídio. "É o que representamos em termos de transportar passageiros em BH." Ele conta que a categoria participou apenas da reunião extraordinária feita na quinta-feira passada (5/5), que contou com a participação do Ministério Público de Contas, quando foi proposto o acordo.
"Nessa ocasião, minha colocação foi bem aceita pelos vereadores presentes na reunião. Eles acharam justo que tivéssemos um tratamento igual. Aumentaram o valor do subsídio, mas não atenderam a nossa solicitação."
Para Gazolla, eles não foram convidados para participar da reunião que selou o acordo porque não iriam concordar com o valor destinado ao transporte suplementar. "Ainda temos um fio de esperança na Câmara Municipal porque eles têm ainda a oportunidade de fazer emenda ao projeto. Nossa expectativa é que os vereadores nos socorram e nos tratem de forma justa."
Ele ressaltou que participou de uma reunião de trabalho, na manhã desta sexta-feira, com o presidente da Superintendência Municipal de Mobilidade (Sumob), André Dantas, mas a questão do subsídio não estava na pauta.
Procurada para falar sobre as reivindicações e a greve dos ônibus suplementares, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou, em nota, que "o transporte Suplementar também foi contemplado no acordo envolvendo Prefeitura, Câmara Municipal e empresas de ônibus. Caberá aos permissionários um subsídio de R$ 11 milhões, a serem repassados até março de 2023. Representantes da PBH e dos permissionários se reuniram hoje pela manhã para esclarecimentos sobre a nova gestão do contrato de transporte público."
A PBH disse ainda que a expectativa é que não haja interrupção do serviço na segunda-feira. "Caso contrário, o município tomará as medidas cabíveis para que não haja prejuízo aos usuários."