Moradores e comerciantes não estão satisfeitos com as alterações feitas pela prefeitura de Belo Horizonte na Feira de Artes, Artesanato e Produtores de Variedades, mais conhecida como Feira Hippie.
“O barulho é insuportável e isso é inadmissível. Eu fiquei seis meses dormindo em um colchão dentro do closet para tentar diminuir os ruídos. Agora, eu e meu marido tivemos que investir R$ 13 mil para colocar janelas acústicas no quarto”, declarou Gladis Colodetti, psicóloga e moradora do 7º andar do Condomínio do Edifício Automóvel Club.
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“Recebo muitas reclamações sobre a feira. Tem o barulho dos clientes, da montagem, dos shows. As pessoas ficam sentadas na porta, comendo, acumulando lixo e alimento. Ratos estão entrando no prédio e tive que gastar um dinheiro para desentupir o esgoto”, revelou Magali Fonseca, pedagoga e síndica do condomínio.
Além de ter a extensão aumentada, a feira também sofreu alterações no setor de alimentação, com as 132 barracas e 41 mesas deixando a Avenida Afonso Pena.
“Eles trouxeram a feira para cá, mas não trouxeram a limpeza. Transformaram isso aqui em uma praça de alimentação e até o asfalto está manchado de gordura”, declarou Jauner Torquato, jornalista e morador do 11º andar.
Com a mudança, parte dos expositores passou a ficar no primeiro quarteirão da Rua Espírito Santo, entre a Avenida Afonso Pena e a Rua Carijós. Já as demais barracas foram para a Avenida Álvares Cabral, entre a Avenida Afonso Pena e a Rua Goiás.
“É péssimo. Tenho 91 anos e todo sábado na hora de dormir começam a fazer barulho e vai até o amanhecer”, reclamou Nilza Guimarães, moradora do prédio há mais de 40 anos.
Comerciantes preparam abaixo-assinado
Os comerciantes na Avenida Álvares Cabral também não estão satisfeitos com a mudança e preparam um abaixo-assinado para retornar ao antigo local, junto com as demais barracas.
“Lá embaixo, na Afonso Pena, era bem melhor. Aqui estamos no morro, a barraca fica torta, e o pessoal demora a subir aqui para comer. Está sendo preparado um abaixo assinado para a gente descer”, declarou Maria Rocha, comerciante que vende tropeiro na feira há mais de 23 anos.
Quem também não está contente com a alteração é Lucilene Faria, comerciante da barraca árabe. “Não está atendendo totalmente porque o local é impróprio, por ser subida, as barracas ficam inclinadas e toda hora cai um objeto. Também venta demais e a gente que trabalha com fritura queima muito”, explicou.
Já a consultora Priscila Alves, que estava sentada com amigos em uma mesa do novo local, elogiou a mudança. “Eu achei bem melhor porque evita muita gente. Lá embaixo fica o povo comprando e aqui quem está comendo, tomando uma cerveja”, declarou.
Para os amigos Jacson Fernandes e Adriano Silva, na Avenida Álvares Cabral ficou melhor por mais arejada. “Não mudou muita coisa, lá só era um pouquinho mais apertado e mais quente”, explicou Jacson.
SLU, EM NOTA
Em resposta à reportagem do Estado de Minas a prefeitura de Belo Horizonte declarou que a pandemia acabou para efeitos administrativos e que não se fiscaliza aglomeração em rua aberta, pois não há dispositivo legal para coibir.
"A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informa que disponibiliza 50 lixeiras no entorno e no meio da feira. A varrição é feita antes do início e depois do término do evento. Em média, são recolhidas sete toneladas de lixo. Após a realização da Feira, a SLU lava o local, utilizando 30 mil litros de água, 30 quilos de sabão e 30 litros de cloro. O quarteirão da Alvares Cabral, entre Afonso Pena e Goiás, também é lavado todos os domingos após a feira", afirmou o órgão, em nota.
Confira a lista de reclamações feitas pelos vizinhos da Feira Hippie e que foram enviadas à Ouvidoria da Prefeitura de Belo Horizonte em três oportunidades:
- A área de alimentação passou a ficar próxima a área residencial o que não acontecia antes;
- Barulho durante a montagem da feira entre as 00h00 e 6h00
- Reunião de pessoas gritando a com música a partir de bem cedo da madrugada, Às vezes 5 horas da manhã;
- Obstrução da portaria do prédio com aglomeração e lixo;
- Obstrução da vaga de garagem do prédio, que inclusive é usada para consulta médica e assistência emergencial a idosos que residem no prédio;
- Aglomeração absurda na porta do prédio durante toda a manhã de domingo e início da tarde;
- Moradores que precisam trabalhar e retirar equipamentos de casa (como é o meu caso) no domingo tem muita dificuldade;
- Resíduos de comida espalhados na porta do prédio e toda a calçada;
- Limpeza mal executada;
- Resíduos gordurosas lançados na calçada que não são limpos;
- Lixo fica espalhado em todo o quarteirão e por vezes só é limpo na segunda pela equipe de limpeza da cidade;
- Falta estrutura de lixeiras;
- Cadeiras e mesas que não existiam e passaram a ficar obstruído a saída dos moradores;
- Ratos começaram a aparecer crescentemente e agora ficam sobre as árvores e em todo o passeio durante toda a semana em razão dos restos de comida;
- Ratos começaram a entrar no edifício.