A falta de médicos no Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte, afetou o atendimento de pacientes na noite dessa segunda-feira (16/5). Casos considerados de gravidade moderada foram distribuídos entre as Unidades de Pronto Atendimento da Capital. Durante o dia, o tempo de espera por atendimento também foi afetado.
“Dos cinco médicos escalados para o plantão noturno de ontem, com início às 19 horas, três apresentaram atestado médico ao longo do dia”, declarou a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Durante o dia, o “maior tempo de espera para o atendimento se deve ao aumento da demanda em razão da sazonalidade de doenças respiratórias e da gravidade dos casos recebidos pela unidade”, explicou a Fundação.
Localizado no Bairro Santa Efigênia, região Leste de Belo Horizonte, o Hospital Infantil João Paulo II é referência em urgências pediátricas, doenças infectocontagiosas infanto-juvenis e doenças raras. Além de fornecer serviço de assistência integral à criança traqueostomizada (SAIT) e serviço especializado de apoio ao gastrostomizado (SEAG). Atualmente, são realizados, em média, 5 mil atendimentos por mês no local.
De acordo com o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed), apesar do desfalque na equipe de emergência, a assistência às crianças internadas não foi afetada e a escala de cinco médicos para o departamento foi mantida.
Déficit na escala
Segundo o Sinmed, o hospital está em déficit na escala desde 2014. Com redução no quadro de profissionais, alguns casos passaram a ter assistência na urgência das UPAs. “Houve uma redução do atendimento de urgência do hospital, que chegou a ter nove médicos no pronto atendimento, hoje reduziu para três médicos”, afirma Cristiano Túlio Maciel Albuquerque, diretor de mobilização do Sinmed e médico endocrinologista do Hospital Infantil João Paulo II.
Para Cristiano, o cenário se justifica pela falta de condições de trabalho, bem como a sobrecarga de horas. Além da falta de chamamentos periódicos de novos profissionais para compor o quadro. “Mesmo durante a pandemia, não houve novos chamamentos. Agora, a Fhemig convocou 15 médicos emergencialmente”.
Desses, somente oito se inscreveram até ontem, de acordo com o endocrinologista. “Quando uma escala médica fica gravemente deficitária é mais difícil recompor, porque nenhum médico fica em uma equipe que já está desfalcada”, pontua Cristiano. “Essas reposições têm que ser feitas periodicamente”.