A administração do ginásio do Mineirinho foi entregue à iniciativa privada após leilão nesta quinta-feira (19). Durante os próximos 35 anos, o ginásio da capital ficará sob a gestão do consórcio paulista DMDL/Progen, que também é responsável pelo estádio do Pacaembu, em São Paulo.
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Sob administração privada, o Mineirinho deverá passar por reformas estruturais nos dois primeiros anos. O valor das intervenções previsto em edital é de cerca de R$ 41 milhões. A previsão é de que mais de R$ 130 milhões sejam investidos no ginásio durante todo o período de concessão.
Presente na audiência, o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra-MG), Fernando Marcato, comemorou a concessão do ginásio e acrescentou detalhes sobre os valores e cláusulas envolvidas no contrato de gestão privada do Mineirinho.
“Tem uma outorga variável, em função do que a empresa ganhar no Mineirinho com os shows e com os eventos. Ela paga um percentual para nós, então o Estado continua ganhando recursos e sendo sócio no sucesso do que o privado fizer, mas eu não sou sócio no insucesso porque o risco é dele de exploração”, disse.
Segundo o secretário, o contrato com a DMDL/Progen prevê que um percentual do que a empresa ganhar na administração do espaço vai para os cofres da Seinfra. A parcela inicial é de 2% dos ganhos anuais da empresa, com aumento de 1% a cada 5 anos de concessão. A taxa dobra se a empresa não apresentar uma performance considerada eficiente de acordo com critérios estabelecidos pela própria secretaria em contrato.
Planos de uso
Para o sócio-proprietário da DMDL, Frederico Freitas, o Mineirinho entra na rota da programação de outras estruturas sob administração da empresa. Ele foca na realização de shows e eventos.
“Nós temos um consórcio no Pacaembu, atuamos também no Centro de Convenções de Teresina (PI) e agora temos como desafio o equipamento do mineirinho. Pra gente faz todo sentido ter um equipamento em São Paulo, um equipamento em Teresina e agora aqui que é onde a gente consegue criar uma rota também de eventos, de shows então a gente consegue ter mais força para tratar com os fornecedores e com todo mundo”, afirmou.
O empresário também afirmou que pretende manter a natureza esportiva do ginásio. Citando a recente final da Superliga Masculina de Vôlei entre Cruzeiro e Minas, Frederico disse que espera que partidas dessa magnitude retornem ao Mineirinho, palco de grandes embates no vôlei, futsal e basquete desde sua fundação, em 1980.
Segundo o representante da nova administradora, a Feira do Mineirinho também está nos planos da futura gestão. Frederico, no entanto, disse que pretende fazer alterações na organização do evento.
“Eu já tive uma ou duas conversas com o proprietário da feira. A nossa ideia é que ela se mantenha no local, até porque está lá há 18 anos já e não faz sentido a gente tirar. A gente só vai estruturar ela para trabalhar em um outro formato, um formato novo, moderno”, comentou sem dar mais detalhes.
A reportagem tentou contato com a administração da feira, mas não teve sucesso até a última atualização desta matéria.
O que permanece
A fachada do Mineirinho é tombada como patrimônio público e, portanto, não pode sofrer alterações. Além disso, o contrato de concessão prevê que a quadra poliesportiva seja mantida e que os nomes, tanto o apelido quanto o oficial “Jornalista Felipe Drummond”, sejam mantidos pela nova administração.
“O Mineirinho é tombado, então isso naturalmente já é tratado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) não é nem o governo do Estado que cuida. A obrigação da empresa é manter as condições de segurança e estrutura em ordem, naturalmente se tiver alguma alteração que possa ser feita autorizada pelos órgãos de patrimônio, eles estão liberados para fazer”, explicou o secretário Fernando Marcato.
Fracasso inicial
Esta foi a segunda tentativa do governo estadual de conceder o tradicional ginásio belo-horizontino à iniciativa privada. Em janeiro deste ano, o prazo para envio de propostas terminou sem candidatos para assumir o espaço.
À época, a secretária substituta de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Vanice Cardoso Ferreira, disse que a crise econômica somada à pandemia havia prejudicado o leilão.