Jornal Estado de Minas

PROTESTO

Manifestantes fecham Nossa Senhora do Carmo contra ação da Cemig

 
Pelo menos 300 moradores da comunidade do Morro do Papagaio fecharam no fim da tarde desta quinta-feira (19/5) duas faixas nos dois sentidos da Avenida Nossa Senhora do Carmo, em protesto contra a retirada de 150 famílias da região feita pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) na região. 




 
 
Um longo congestionamento de veículos se formou na região. A Polícia Militar acompanha a movimentação e tenta controlar o trânsito.

A Cemig alegou que na década de 1960 foi instalada na comunidade uma rede de alta tensão em uma área então desocupada. A apropriação feita pelos moradores teria sido de forma clandestina. Agora, a empresa pediu a retirada das famílias do local de forma imediata. 

“É uma manifestação pacífica. Sou ex-morador e advogado do Morro do Papagaio. A Cemig alega que a permanência das casas é ilegal, mas desde o início colocou serviços e padrões para a população. Além disso, houve instalação de água e telefones fixos. Entendemos que a Cemig concordou com a permanência das pessoas”, explica o advogado das famílias, Luiz Carlos Moreira Costa.  

Segundo ele, a própria Cemig fez acordo com a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) para que a rede passasse por baixo da rua e não afetasse as famílias, mas o acordo não foi cumprido. 





Diante disso, as famílias entrarão na Justiça com ações coletivas para evitar a demolição das casas. Moradora da comunidade há mais de três décadas, a cuidadora de idosos Regina Célia da Silva, de 58 anos, se surpreendeu ao receber mandado de desapropriação de sua casa. “Não temos saída. Não tenho outra casa. A Cemig não dá garantia de ajuda de aluguel. E não sabemos para onde ir. Nem indenização vamos ter. Não há acordo como a empresa. Muitas pessoas passam pelo mesmo”.

Ela vê com indignação a falta de diálogo com a empresa e promete atitude: “Estamos lutando. Ninguém cruzará os braços. Temos vários pais desempregados Vamos para a rua?”.
 

Construção irregular 

 
Em nota, a Cemig esclareceu que a construção de edificações em áreas sob linhas de transmissão é irregular. São faixas de servidão, que não podem ser ocupadas por razões de segurança, como forma de preservação da vida dos ocupantes e da população.





“A equipe de fiscalização da Cemig inicialmente informa os moradores sobre a irregularidade de ocupação dessas áreas e, quando não há saída voluntária, impetra ações judiciais para a reintegração da posse das áreas de servidão (e não desapropriação), justamente como medida de segurança da população”, diz o comunicado da empresa.

A empresa alegou que a instalação das linhas de transmissão foi feita na década de 1960, em uma área então desocupada e antes da construção de qualquer moradia na faixa de servidão. “Diante de casos críticos de segurança e risco à vida, a Cemig ingressou com ações judiciais de reintegração de posse de caráter individual. As ações mencionadas para a preservação das faixas de servidão foram iniciadas em 2011 e 2013, tendo os ocupantes sido devidamente citados há cerca de uma década e integrados aos processos judiciais”, alega a companhia.

“O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais decidiu pela irregularidade destas construções, em julgamento definitivo de mérito. Entre 2017 e 2019, foi iniciada a execução das decisões judiciais, as quais estão sendo ora cumpridas pelos Oficiais de Justiça para a desocupação dos imóveis”, complementa.