Jornal Estado de Minas

SOLIDARIEDADE

Frio: veja como ajudar a população carente em Belo Horizonte

A chegada do frio intenso em Belo Horizonte pegou muita gente de surpresa, inclusive as instituições e pessoas que, anualmente, fazem campanhas para recolher agasalhos e doações destinados às pessoas em condição de rua. Estes, no período frio, enfrentam grandes desafios para se manter aquecidos e protegidos.



Com a temperatura abaixo do esperado para este mês, que se tornou o maio mais frio nos últimos 43 anos, BH, na madrugada de ontem (19/5), foi a capital mais fria do país. O fim de semana, de acordo com Inmet, promete mais frio, com mínimas abaixo de 10ºC.

Conheça algumas das inciativas que estão auxiliando a população em situação de rua em Belo Horizonte e veja como doar.

Bernado Souza

Há três anos, o cantor Bernado Souza, faz campanha para recolher agasalhos, cobertores e doações em dinheiro, durante o mês de maio, quando é comemorado o seu aniversário. Em vez de presentes, ele pede que todos possam colaborar com a iniciativa e ajudar a quem mais precisa.



“Desde 2020, atuo como voluntário na instituição Madrugada sem Fome. Além disso, quando a pandemia começou, tive a ideia de comemorar o meu aniversário recolhendo agasalhos e cobertores para pessoas em situação de rua”, afirmou.

Ele ressalta que, além deste ano a arrecadação estar mais fraca, comparado aos últimos anos, os preços dos cobertores estão altos. “O coordenador da ONG precisou ir ao Brás, em São Paulo, comprar os cobertores, por conta dos valores aqui de BH. Se antes, durante a época de calor, o de solteiro custa R$ 14, agora está R$ 21”, comentou.

Leia: Como saber se uma doação é séria? Entenda como ONGs provam seus gastos

Segundo ele, mesmo o custo estando mais alto, na campanha, ele continua pedindo o mesmo valor dos últimos anos, R$ 14. “Precisamos de uma quantidade grande. O resto do dinheiro, eu inteiro. O frio está doendo em todo mundo, tanto que, na rua, às vezes, as pessoas em situação de rua preferem um agasalho em vez de um prato de comida. Por isso, precisamos ajudá-las”, disse.



A distribuição das doações é feita pela Madrugada sem Fome e por Bruno, de modo independente. Na próxima quarta-feira (25/5), está programada a ação, que levará comida, roupa, cobertor e itens de higiene a população em condição de rua.

Entenda o que é hipotermia (foto: Soraia Piva/EM/D.A Press)


Saiba como ajudar:  

Para colaborar, o interessado pode tanto ajudar com alguma blusa de frio, cobertor, meias ou luvas, entregando no ponto de coleta, localizado na R. Contria, n.º 1501, Bairro Grajaú, quanto fazer a doação em dinheiro, no valor do cobertor (R$ 14), por meio do pix do Madrugada sem Fome (CNPJ/ 447 453 150 000 133).

 

 

Rede Solidária BH

Rede Solidária BH é uma das ONGs que, anualmente, faz campanha para angariar agasalhos para  a população em situação de rua. Rosemeire Aquino, diretora-financeira da instituição, criada em 2017, a partir do projeto Banho Solidário, afirma que, neste mês de maio, precisou ser feita uma ação emergencial.



“Em 2020, ao distribuir alimentos nas ruas, percebemos que as pessoas estavam com muito frio, foi bem naquela onda fria que teve na capital. Assim, começamos a campanha, uma das maiores da cidade, conseguimos vários patrocinadores e colocamos caixa de papelão nos postos de gasolina. Depois disso, todo ano a gente programa, mas agora fomos pegos de surpresa com a geada. Por isso, fizemos uma emergencial e divulgamos nas nossas redes”, explicou.

A ideia é tornar essa tão grande quanto as outras, conforme a diretora-financeira da Rede. “A distribuição será feita hoje, em alguns pontos da cidade. Além disso, manteremos a campanha durante o inverno, mesmo o frio chegando mais cedo que o esperado”, disse.

Além de roupas de frio, a instituição aceita doações em dinheiro, no valor de R$ 29, que auxilia no Kit. “Além dos cobertores, entregamos água, algo que eles sempre pedem, e um lanche, que costuma ser pão e achocolatado quente. Fizemos o cálculo de tudo, porque temos um fornecedor que nos vende o cobertor pelo preço de R$ 19, e chegamos neste valor para a doação. É outra alternativa, pois nem sempre a pessoa terá um agasalho, mas, ainda assim, quer ajudar”, ressaltou Meire.



Ela garante que todo o valor doado possui prestação de contas, caso o doador queira ter conhecimento. “Além da prestação de contas, fazemos recibo se a pessoa precisar. Sei que, muitas vezes, as pessoas ficam em dúvida sobre como o dinheiro será destinado e, por isso, informamos aos colaboradores”, afirmou.

Veja: Outras campanhas com as quais você pode colaborar

A ONG também, segundo ela, desde o início da pandemia, reúne vários projetos sociais, para que a distribuição seja a maior possível e também possa ser organizada, sabendo quais pontos necessitam de demandas maiores ou menores, na capital mineira.

“A Rede surgiu com o objetivo de apoiar outros projetos, tendo em vista que nem sempre é possível mantê-los, sem alguma ajuda, e também sabemos o quanto a atividade solidária impacta a sociedade. Em 2020, com o início da pandemia, começamos a reunir esses projetos, que envolvem distribuição de comida, agasalho, cobertores, entre outros, em um local só, disponibilizado pela prefeitura”, afirmou.



Conforme Meire, às vezes, as pessoas acreditam que voluntários têm tempo de sobra para poder ajudar nessas ações sociais, mas não é bem assim.

“Como todas as pessoas, temos nossas obrigações, mas nos escolhemos dedicar parte do nosso tempo para essas causas. A população em situação de rua é muito grande, só tive essa noção quando passei a me envolver em projetos. Fazer o bem não está somente associada ao voluntariado, mas também em ajudar uma pessoa próxima ou colocar um cobertor no carro e entregar para alguém que precisa. A forma de ajudar é muito ampla, e não devemos perder essa oportunidade”, completou.

Saiba como ajudar: 

Banco Inter
Banco: 077
Agencia: 0001-9
Conta: 6535315-3

CNPJ:  Pix : 37.197.947/0001-44
Associação Voluntária de BH

Para doar roupas de frio, é só entrar em contato com a conta oficial (@redesolidáriabh) no Instagram, a fim de saber qual será o ponto de recolha.  

 

Fraternidade Espirita Lar de Luz (Felluz)

Alexandre Lima, um dos fundadores da Fraternidade Espirita Lar de Luz (Felluz), criada em 2004, também afirmou que a chegada do frio surpreendeu e, por isso, precisou adiantar a campanha de doação de agasalho. “Desde a fundação, a Casa trabalha com atividades de assistência social, seja recebendo mães  e crianças em situação de vulnerabilidade ou atuando em projetos.  Fazemos a campanha anualmente, na época fria, mas, com o frio inesperado, fomos pegos de surpresa e estamos nos mobilizando para conseguir o maior número de agasalhos”, afirma.



Além da inciativa independente da Felluz, a Casa está participando da mobilização da Rede Novo Olhar Rua (NOR), já que também é uma das mais de 120 equipes colaborativas no que tange à população em situação de rua. “A Rede é uma instituição que tem o objetivo de articular e potencializar as diversas ações de entidades e pessoas jurídicas que atuam em prol dessas pessoas e da caridade. Isso ajuda organizar os pontos de distribuição, conseguindo prestar atendimento amplo por toda a cidade”, explicou.

Pensando nisso, ao doar para a Felluz, o colaborador também estará ajudando outras instituições. “Fazemos uma campanha paralela, então, se outras equipes entram em contato comigo, também passo doações arrecadas pela Felluz. Além de fazer a nossa entrega, ajudamos outras instituições que estão nas ruas todos os dias. A ideia é fazer uma distribuição mais igualitária, tendo em vista a demanda de cada local, e toda a população de rua seja atendida. É um trabalho em conjunto”, ressaltou Alexandre.

Conforme o fundador da Felluz, além da necessidade de implementar políticas públicas efetivas que ajudem esses indivíduos, é necessário que a sociedade desmistifique o preconceito contra à pessoas em situação de rua.



“Precisamos mudar a visão estigmatizada que existe dessa população e combater a aporofobia. Todos elas são como nós e, se antes tínhamos pessoas que vinham de aglomerados e do sistema penitenciário, com a pandemia, algumas famílias das classes D e E estão indo para as ruas. Cada pessoa possui uma história muito grande, individualidades muito legais. Por isso, lutamos contra o estereótipo”, disse.

Saiba como ajudar


Endereços de entregas de doações: Pastoral de Rua — Rua Além Paraíba, nº 208, Bairro Bonfim; Rua Itajubá, nº 173, Bairro Floresta.

CNPJ: Pix:  07.747.821/0001-35

Informações da Fellluz: 31 98643-1056
Rede Novo Olhar Rua : 31 98381-2807

Samba Prime

Samba Prime, que ocorre neste sábado (21/5), a partir das 14h, também está arrecadando agasalhos. Os pontos de doação estarão distribuídos em todas as portarias do evento, e quem doar será presenteado com duas cortesias para o evento “O Show Tem que Continuar”, que acontece no fim da próxima semana (28/5), com shows do Tá na Mente, Bom Gosto, Imaginasamba e RDN.

O produtor do Samba Prime, Phillipe Xavier, afirma que todo ano, durante o evento, gosta de promover campanhas sociais. “Todo ano costumamos fazer ações para pessoas que precisam. Em um deles, foi  doação de sangue e, no último evento, recolhemos alimentos. Como esfriou na semana do Samba Prime, tivemos essa ideia”, explicou.



Além disso, conforme Phillippe, serão divulgadas, nos próximos dias, os pontos de coleta, para pessoas que não participarão dos shows desse sábado, mas querem contribuir. Os agasalhos serão distribuídos em instituições definidas pelos organizadores, após verificar a quantidade de doações.

O produtor explica que é muito importante que todos possam se conscientizar e se solidarizar. “Todos precisam saber que várias pessoas estão necessitando, então, já que a pessoa está indo no evento, ela pode ajudar outras e, ainda, ganhar cortesia para curtir um show”, disse.


 

*Estagiária sob supervisão