Na véspera da paralisação dos professores de escolas particulares de Belo Horizonte e Região, a adesão da categoria ao movimento esquenta o debate entre os docentes e as instituições de ensino. Segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinepe-MG), apenas dois colégios informaram a liberação dos funcionários para participar de assembleia marcada para as 10h desta terça-feira (24). Já o Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro), diz que a informação é falsa e acusa os estabelecimentos de práticas ilegais para impedir a adesão de profissionais.
O sindicato ainda afirma que as instituições particulares de ensino têm experiência em suprir a ausência de professores e, por isso, contornarão uma eventual adesão de docentes com “soluções pertinentes e adequaas”.
Os dados apresentados são questionados pelo sindicato dos professores. A diretora do Sinpro, Clarice Barreto, disse ao Estado de Minas que não tem como prever a adesão da categoria à paralisação desta terça-feira, mas que a mobilização está forte. A convocação para a assembleia vale para 400 cidades do estado.
Os professores da rede particular de ensino protestam por uma recomposição salarial de 19,7%, acrescida de 5% de ganho real, além das perdas inflacionárias. Segundo os docentes, a oferta das escolas é de 5% de reajuste para profissionais do ensino básico e 4% para os de ensino superior. A categoria pode aprovar uma greve durante a assembleia desta terça caso a negociação não avance.
Comportamento ilegal
Durante a tarde desta segunda-feira (23), o Sinpro divulgou uma nota em que denuncia que escolas estão exigindo que professores assinem um documento informando a participação ou não na assembleia marcada para terça-feira. O sindicato da categoria entende a prática como um assédio moral que objetiva a não adesão dos docentes ao movimento por recomposição salarial.
O sindicato dos professores ainda informa que pretende acionar a Justiça para resolução dos casos identificados. Segundo o Sinpro, o comportamento das escolas fere o artigo 9° da Constituição, que determina o direito de greve.
Os professores também protestaram contra instituições que, supostamente, teriam informado que as aulas seriam mantidas mesmo sem a presença de docentes. “Chega-se ao absurdo de se informar que ‘haverá aulas, mesmo sem os professores’, o que demonstra o nível de abusividade e assédio a que chegaram as instituições de ensino.
Em verdade, a categoria econômica das escolas particulares parece não ter limites nas suas práticas antissindicais, chegando, agora, ao cúmulo de tentar fiscalizar, interferir e se imiscuir no movimento grevista”, aponta a nota.
O Sinepe diz desconhecer as práticas citadas pelo Sinpro por parte das instituições filiadas ao sindicato patronal. Em nota, a entidade representativa disse que as escolas particulares de Minas entendem que esta terça é um dia normal de trabalho e que elas estão preparadas para lidar com "circunstâncias e eventualidades que sempre acometem o dia a dia de quem empreende e gera empregos e oportunidades no segmento educacional”.