"É uma ferida que continua aberta. Para nós, foi ontem". Essa declaração contundente, feita por Helba Soares da Silva, de 58 anos, viúva de Nelson José da Silva, um dos fiscais assassinados na chacina de Unaí, simboliza o clima de indignação na porta do Tribunal do Júri da Justiça Federal, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, nesta terça-feira (23/5).
A viúva irá depor esta manhã no julgamento do fazendeiro e ex-prefeito de Unaí, Anterio Mânica, condenado a 100 anos de prisão, em outubro de 2015, como um dos mandantes do crime, em julgamento depois anulado por suposta falta de prova. "Essa anulação foi decepcionante. Não conseguimos nem sepultá-los. Isso é muito ruim, deixa a gente sangrando", declara Helba.
A dor das famílias, que se arrasta há quase duas décadas, segue um longo processo de impunidade com os acusados respondendo em liberdade. "A gente passa a não acreditar na Justiça. Cadeia nesse país é feito para preto e pobre. Estamos vendo que rico pode fazer qualquer coisa. Estão todos livres. Se fosse qualquer outro, estaria cumprindo pena", comenta Helba.
Ela enfatiza que o único alívio possível para as famílias é a prisão daqueles que desafiaram todas as regras do Estado brasileiro. "Essa é uma luta de anos. O que fica é essa sensação de impunidade. Estamos buscando paz. Queremos que ele saia daqui com a mesma condição de 2015 e que passe a cumprir a pena", afirma.
Maria Inês Lina de Laia, de 56 anos, também cobra uma solução para o bárbaro crime, que levou seu marido Erastótenes de Almeida Gonçalves. "O sentimento é de cansaõ e indignação. Quero que não se permita esquecer essa crueldade friamente planejada. Ele estava exercendo seu trabalho honestamente", declarou.
Além das duas viúvas, o julgamento irá ouvir outras 12 testemunhas de acusação, entre elas dois réus colaboradores, e seis de defesa.
Ela enfatiza que o único alívio possível para as famílias é a prisão daqueles que desafiaram todas as regras do Estado brasileiro. "Essa é uma luta de anos. O que fica é essa sensação de impunidade. Estamos buscando paz. Queremos que ele saia daqui com a mesma condição de 2015 e que passe a cumprir a pena", afirma.
Maria Inês Lina de Laia, de 56 anos, também cobra uma solução para o bárbaro crime, que levou seu marido Erastótenes de Almeida Gonçalves. "O sentimento é de cansaõ e indignação. Quero que não se permita esquecer essa crueldade friamente planejada. Ele estava exercendo seu trabalho honestamente", declarou.
Além das duas viúvas, o julgamento irá ouvir outras 12 testemunhas de acusação, entre elas dois réus colaboradores, e seis de defesa.
A Chacina de Unaí
Em 28 de janeiro de 2004, Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva foram assassinados a tiros em uma emboscada quando investigavam condições análogas à escravidão na zona rural de Unaí, incluindo as propriedades da família Mânica. O motorista Ailton Pereira de Oliveira, que acompanhava o grupo, também foi morto.
Além de Antério Mânica, o irmão dele, Norberto, foi condenado como outro mandante da chacina. Ele, porém, está em liberdade. Outros condenados pelos crimes foram Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro, Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan Rocha Rios e Willian Gomes de Miranda, que cumprem pena na prisão.