O que restou de um dos cenários mais importantes nas primeiras revoltas de descendentes de portugueses no Brasil ainda aguarda a implementação das ações de preservação. Localizado na Serra de Ouro Preto, o Morro da Queimada guarda nas ruínas das casas fragmentos do que foi a Sedição de Vila Rica, em 1720, conhecida também como Revolta de Filipe dos Santos.
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De acordo com a Câmara Municipal de Ouro Preto, estarão presentes na audiência a prefeitura de Ouro Preto; vereadores; reitora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Cláudia Marliére; presidente da Força Associativa dos Moradores de Ouro Preto (Famop), Luiz Carlos Teixeira; Associação dos Moradores do Morro da Queimada, Morro São Sebastião e Morro Santana; diretoria do IFMG de Ouro Preto; membros das escolas de Direito, de Turismo e de Museologia da UFOP e 1° Promotoria do MPMG.
Morro da queimada na Literatura
"...Quando um dia fores grande, e passares por ali, dirás: “Morro da Queimada, como foste, nunca vi; mas, só de te ver agora, ponho-me a chorar por ti: por tuas casas caídas, pelos teus negros quintais, pelos corações queimados em labaredas fatais, - por essa cobiça de ouro que ardeu nas minas gerais". O trecho do poema Romance V, do livro O Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, publicado em 1953, retrata as perdas deixadas há 302 anos por um incêndio provocado pelo Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal - Conde de Assumar - na cega ganância por ouro.
Inspirado nas poesias de Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade que levantaram em suas obras, o movimento para depor o Conde de Assumar e formar um novo governo nas Minas Gerais, o escritor, fotógrafo e engenheiro, Epaminondas Bittercourt, conta que há anos fotografa a região do Morro da Queimada.
O fruto do registro fotográfico serviu de apoio para a construção do livro “A Sedição de Vila Rica e o nascimento de Minas Gerais” que será lançado nesta quarta-feira (25/5) na Câmara Municipal. A distribuição é gratuita.
Bittercourt conta que o episódio do levante de Vila Rica, bem como toda riqueza cultural deixada pela produção artística dos séculos 18 e 19, fez com que o livro textual e fotográfico intercale as histórias desse passado com as atuais paisagens de Ouro Preto, como a igreja do Morro de São João.
"A área do Monumento Natural Municipal Arqueológico do Morro da Queimado significa um ativo cultural importante e levar essas informações aos formadores de opinião como instituições de ensino, aos parlamentares, donos de pousadas, por exemplo, é uma forma de divulgar esse riquíssimo tesouro da memória nacional".
Autor de mais outras sete obras, como "A Tragédia de Mariana e o Nascisismo Gerencial na Pós-modernidade", Bittercourt afirma que não tem como objetivo levar um fato inovador da história do século 18 "porque o mundo acadêmico, principalmente da UFOP, tem muitas pesquisas na área. A proposta é fazer com que as pessoas conheçam esse importante lugar que merece ser preservado".