Em reunião com moradores do distrito de Antônio Pereira e da Vila Residencial Antônio Pereira, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, a Vale apresentou estudos que garantem a saída de 45 a 60 edificações da Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem de Doutor, na mina Timbopeba, e assim, permite o retorno de famílias, comércios e a reabertura do Clube Samisa. A notícia foi dada em uma reunião com moradores, a mineradora e a Defesa Civil nessa quarta-feira (25/5) - momento em que a comunidade pôde debater a situação no distrito, desde a saída das 75 famílias da área, em agosto de 2020.
De acordo com o secretário de Defesa Social de Ouro Preto, Juscelino Gonçalves, a barragem permanece no nível 1 de emergência e o atual desenho da mancha aponta um recuo em alguns pontos e avanço em outras localidades e, por isso, duas novas moradias entraram na mancha de inundação.
Em nota, a Vale afirma que os estudos apresentados pela empresa apontam uma redução de mais de 15% da mancha de inundação da barragem, o que corresponde a 13km². As análises foram validadas pela Consulting Canada Ltd. (SLR), empresa auditora do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), responsável por auditar estruturas da Vale no estado.
A Vale afirma que as avaliações em campo estão sendo realizadas pela Defesa Civil, em conjunto com a mineradora, para precisar o número exato de famílias que deixam de ser impactadas pela mancha da barragem. A mineradora garante estar ciente dos efeitos dessas mudanças na rotina da comunidade e também anunciou que vai discutir o retorno conjuntamente com cada família, respeitando seus interesses.
Em relação às duas famílias - uma em Antônio Pereira e outra da Vila Residencial Antônio Pereira – a Vale informa que já foram comunicadas e receberão todo o suporte da empresa no processo de escolha e mudança para moradias temporárias.
Saúde Mental
Durante a reunião dessa quarta-feira (25/5), moradores do distrito lembraram que no processo de realocação das famílias, em agosto de 2020, além das moradias temporárias foi acordado que também haveria assistência à saúde mental dos moradores.
Quando foi aberta a palavra aos moradores, foi alegado que não houve a contratação de psicólogos e pediatras. Em resposta, o gerente de reparações da Vale, Lucas Soares Silva, disse que a empresa tem convênio com o município, sendo de responsabilidade da prefeitura a contratação dos profissionais da saúde mental.
A Secretaria de Saúde informou que uma equipe de apoio multidisplinar, conhecida como equipe de saúde mental, composta por três profissionais da psicologia, um médico psiquiatra e um assistente social, foi contratada e está desenvolvendo ações dentro do território de Antônio Pereira. Essa equipe faz parte da proposta emergencial e está diretamente ligada à Atenção Primária, atuando em conjunto com a equipe de Estratégia da Família dentro do distrito.
Segundo a Secretaria de Saúde, o médico psiquiatra iniciou os trabalhos em janeiro deste ano, e os profissionais de psicologia e assistência social começaram em fevereiro e, desde então, vêm desenvolvendo ações com intuito de conhecer as demandas de Antônio Pereira.
Ainda segundo a Secretaria de Saúde, os profissionais da saúde realizam visitas domiciliares, entendimentos em grupos e individuais, oficinas terapêuticas, entre outros.
Na reunião, os moradores também alegaram insegurança sobre o estudo, e as questões serão levantadas no dia 7 de junho em uma reunião marcada com o Ministério Público de Minas Gerais.
Quanto à segurança, a Vale afirma que a barragem está em processo de descaracterização e segue sendo monitorada 24 horas por dia, nos sete dias da semana.