"Eu lutei muito pra trazer ele de volta e eu não consegui, eu não consegui, então, não quero falar mais". A frase da empresária Eliana Reis foi o ponto final da primeira fase do julgamento do Caso Backer. A audiência de testemunhas e vítimas da acusação foi encerrada após quatro dias de depoimentos na 2ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte.
"Eu espero justiça, como todo mundo. Porque o meu marido ficou 503 dias dentro de um box e 20 dias dentro de um quarto e não conseguiu, esse veneno é uma coisa muito devastadora", contou.
Com a voz embargada, a empresária contou sobre a luta do marido pela vida. Ela relatou a longa agonia de uma das 10 pessoas que não resistiram aos efeitos do dietilenoglicol, substância tóxica presente na cerveja da Backer.
"O que eu falo é que este homem aqui internou com gastroenterite e seis dias depois é isso aqui que estava no box. Este homem convulsionou três dias em coma, este homem sofreu toda a sorte de agulhadas, de cortes, de choques, ele morreu seis vezes, teve nove pneumonias, teve escaras do tamanho de um prato de pizza aqui e atrás (com gestos), não ficava confortável nem de lado, nem de barriga pra cima. Este homem sofreu muito, muito", disse mostrando imagens do marido antes e depois da internação no CTI.
Durante a entrevista, Eliana ainda cobrou mais fiscalização na produção de cervejas e citou o fato de que a Backer oferecia cursos sobre o processo de fabricação da bebida.
O julgamento agora deverá entrar na fase de audiência das testemunhas da defesa dos 10 réus indiciados pela contaminação. As datas dessa etapa ainda não foram marcadas pelo juiz responsável.