A autorização concedida pelo Governo de Minas para a Taquaril Mineradora S.A. (Tamisa) atuar na Serra do Curral foi alvo de críticas e protestos na manhã deste domingo (29/05). Com os corpos enlameados, os ambientalistas percorreram os corredores da Feira de Artesanato da Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, denunciando os danos que a mineração trará para o cartão postal de BH, e para toda a capital e região metropolitana. "Um bom minério. No curral do vale tudo. Um bom negócio, onde o crime compensa", cantavam. Cobertos pela lama, os ativistas faziam referência aos rompimentos de barragens em Mariana e Brumadinho, duas das maiores tragédias humanas e socioambientais do Brasil.
Os ativistas levaram placas e cartazes com os dizeres "Fora Zema", em referência ao governador que é favorável à mineração, e "Fora Tamisa", a empresa beneficiada. Os ativistas levavam jarros com água suja de lama e ofereciam às pessoas. O ato teve o objetivo denunciar que a mineração na região poderá impactar também no abastecimento de água. Especialistas apontam o risco de desmoronamento a estrutura de uma adutora da Copasa que serve de abastecimento de água para Belo Horizonte, Nova Lima e Sabará. Isso pode ocorrer devido ao aumento da circulação de caminhões carregados com minério de ferro.
Antônio Rodrigues, idealizador do projeto Pomar BH, também participou do protesto contra a mineração na Serra do Curral. Ele recebeu os ativistas da performance num ponto de distribuição de mudas instalado na Avenida Afonso Pena em frente à entrada do Parque Municipal René Giannetti. "A autorização dada a Tamisa é um absurdo. Vão acabar com o símbolo de Belo Horizonte, além de contribuir para a crise hídrica, acabar com a flora e a fauna da região. Também trarão impacto à saúde da população da Grande BH", avalia.
Antônio levou 200 mudas de ipê branco, amora e castanha do Maranhão para distribuir gratuitamente enquanto conversava com as pessoas sobre os danos da mineração. Ele considera que é fundamental que o projeto criado em 2017 fortaleça a luta em defesa da Serra do Curral. O projeto realiza o plantio de árvores frutíferas e promove oficinas de educação ambiental
A secretaria Juliana Maria Ferraz, de 56 anos, também aderiu ao protesto em defesa do cartão postal da capital. "Temos que defender a Serra do Curral com unhas e dentes. Sou totalmente contra a mineração no local. O prejuízo ambiental é imenso e ainda tem a questão do aquífero, a caixa d'água de BH, o pó de minério que atinge a saúde das pessoas. E ainda tem o aspecto visual da destruição da serra", pondera.
A fotógrafa Solange Rodrigues Barbosa, 54 anos, participou da performance. "Fiquei muito feliz com a postura do pessoal das barracas, os feirantes, e também do público que interagiu com a gente. Quase toda a população é contra a mineração na Serra do Curral, principalmente pela forma obscura que fizeram a aprovação, a toque de caixa. Na calada da noite tomaram essa atitude", afirma Solange.
Para ela, o governador Romeu Zema, por ser empresário, só vê o dinheiro que a mineração pode gerar e deixa de lado outras pautas, como o meio ambiente. "Tenho muita esperança que o povo de Minas vai se juntar para barrar a mineração na serra", afirma. Ela pondera que Minas viveu a consequência dos rompimentos de barragens e não quer mais esse modelo predatório. "Se acabarem com montanha o que vai virar o clima. Vai virar um inferno", diz.