A Associação dos Usuários do Transporte Coletivo em Belo Horizonte e Região Metropolitana (AUTC) denuncia que a vistoria para apurar as condições estruturais dos ônibus não está acontecendo na capital mineira e Grande BH. A afirmação é do presidente da AUTC, Francisco Maciel.
A associação pede que sejam realizadas inspeções semestrais no transporte coletivo. "A vistoria técnica avalia todos os itens de segurança do veículo. Nós estamos desconfiados que ela nem está existindo mais. Estamos vivendo um risco iminente", afirma.
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Maciel destaca ainda que o transporte metropolitano não estabelece uma idade máxima para uso da frota. "Na região metropolitana, a vida útil do veículo foi liberada. Pode ter ônibus com mais de vinte anos rodando na cidade e isso é aceito no sistema", conta.
Em BH, por outro lado, o contrato diz que os ônibus não podem rodar com mais de 10 anos de fabricação. Na avaliação da AUTC, a ausência de informação e falta de transparência compromete a segurança das pessoas que dependem do transporte público.
A entidade também cobra uma fiscalização ampla, geral e irrestrita do sistema. "Hoje, a fiscalização é feita somente na garagem e tem que ser avisada às empresas com uma semana de antecedência. Isso é um absurdo", disse.
O presidente da associação também denuncia uma economia das empresas na manutenção dos veículos. "Eles se queixam de crise econômica e cortam despesas. Com certeza, entre elas estão os gastos com manutenção. Isso está provado com o aumento das ocorrências de acidentes", avalia.
Para ele, a extinção da BHTrans coloca mais um obstáculo para fiscalização. "Eliminou o ator que fiscalizava, que cuidava da saúde do transporte público. Se não estava bom antes, a tendência é que isso piore ainda mais", declara.
Superlotação e até falta de freio
A associação dos usuários aponta um acervo de reclamações, sendo as principais delas portas com dificuldades de abrir e fechar, cadeiras quebradas, goteiras e ônibus muito barulhentos. No trajeto, passageiros também relatam situações preocupantes em conversas com motoristas, como ausência de freio e rodas soltando."Infelizmente, as ocorrências de acidentes, inclusive fatais, não têm sido capazes de sensibilizar as autoridades para que elas melhorem o modo de fiscalizar, vistoriar ou mesmo que se aperfeiçoe o sistema", afirma Maciel.
A retirada dos cobradores dos ônibus também é apontada como fator de risco para a segurança dos usuários. "O motorista tem que dividir a atenção entre o trânsito, e o acúmulo de funções para cobrar passagens, verificar as portas, controlar o embarque e desembarque. Isso tornou a direção mais perigosa", alerta.