Um cavalo abandonado e vítima de maus-tratos morreu nesse domingo (29/5), em um terreno público próximo à fazenda Ouro Fino, no Bairro Vila das Flores, em Caeté, na Grande BH. Organizações não governamentais de proteção animal da região suspeitam de omissão da prefeitura da cidade.
Segundo informações, o animal estava imóvel no terreno por conta de escoriações na parte traseira desde segunda-feira (23/5). Ontem, ao encaminhar um veterinário à região, a prefeitura não o encontrou. Pouco tempo depois, o animal foi localizado pela equipe da Secretaria de Defesa Social e Resgate do município em uma ribanceira próxima ao lugar anterior. Ele acabou falecendo durante o atendimento médico.
ONGs suspeitam de omissão na lei
De acordo com Fernanda Braga, presidente da Brasil sem Tração Animal, o óbito talvez poderia ter sido evitado caso não houvesse demora no processo de resgate do equino. A organização ainda apontou uma controvérsia no diagnóstico.
“O veterinário indicou que a morte foi súbita, o que não faz sentido, pois foi resultado da condição de maus-tratos sofrida pelo animal. Além disso, a prefeitura informou que teria feito eutanásia, mas as informações não conferem”.
Ela conta que a ONG foi acionada ontem (30/5), e buscou providenciar o salvamento do animal. “A prefeitura não quis contratar um veterinário e, depois, alegou que queríamos cobrar para resgatar. Porém, além de não termos os recursos financeiros, as ONGs não conseguem mais sustentar animais que o poder público não assume a responsabilidade que tem. Por isso, como não conseguimos achar um veterinário que se voluntariasse, a saída seria contratá-lo para salvar o cavalo, por meio de uma vaquinha”.
Conforme Fernanda, o cavalo estava caído em razão de uma suposta fratura. “O veterinário disse que não havia nenhuma fratura. Como o animal não estava no lugar onde ocorreu as denúncias, tudo indica que alguém o deslocou, já que, como afirmado pelos moradores, por conta dos diversos machucados, o animal não conseguiria se mover sozinho. Parece que foi uma tentativa de se livrar do equino”.
Além disso, a presidente da Brasil sem Tração Animal disse que a comunicação com a prefeitura estava muito complicada. “Me passaram o contato do Wenderson Peixoto, mas não ficou claro quem seria ele, se era, por exemplo, servidor da prefeitura do município. Eu avisei ao Wenderson que seria difícil encontrar um veterinário voluntário no domingo e que a situação exigia urgência. Por isso, pedi para nos mobilizarmos e contratarmos, pois é obrigação da prefeitura. Mas não tive retorno”.
Fernanda Braga garantiu que é de responsabilidade do governo municipal zelar pela saúde de todo animal de tutor desconhecido e qu esteja em situação de rua, com indícios de maus-tratos e em local público.
“O animal foi negligenciado pelas autoridades. Pessoas tentaram acionar a polícia para fazer boletim de ocorrência, mas eles nem foram no local. Não há nenhuma política pública destinada a animais de grande porte, que tenha um veterinário especialista em equinos contratado, um caminhão de resgate e um acolhimento municipal”.
Sociedade Galdina Protetora dos Animais e da Natureza de Caeté (SGpan), também buscou ajudar por meio de divulgação nas redes sociais assim que soube da situação.
Patrícia Dutra, fundadora da “Pedimos que algum profissional da saúde animal fosse até o terreno para diagnosticar e ver se era caso de eutanásia. Não conseguimos achar veterinário disponível em Caeté e, por isso, tentamos contatar algum de BH”.
Enquanto procurava um veterinário, Patrícia afirmou que ficou sabendo que a prefeitura já estava tomando as medidas cabíveis, a fim de resgatar o animal, e ficou monitorando.
“Na verdade, isso é um dever do governo municipal, e não das ONGs e da sociedade civil. Nós oferecemos suporte ao governo, mas, infelizmente, em Caeté a lei é omitida. Por isso nós existimos”.
“Na verdade, isso é um dever do governo municipal, e não das ONGs e da sociedade civil. Nós oferecemos suporte ao governo, mas, infelizmente, em Caeté a lei é omitida. Por isso nós existimos”.
Pelas redes sociais, a SGpan informou ontem (30/5) que, caso fosse necessário, faria uma vaquinha para pagar o veterinário. Além disso, alertou sobre a falta de políticas públicas na resolução de problemas voltados para a causa animal.
“É preciso atendimento veterinário e castração em massa de cães e gatos (20 por dia, de segunda a sexta-feira), é preciso conscientizar a população e é preciso políticas públicas para os animais de grande porte. Mais uma vez lamentamos a omissão do poder público e das pessoas que abandonam animais pelas ruas, sem socorro e sem ações para proteger suas vidas”.
Outro lado
Nas redes sociais, a Prefeitura de Caeté informou que desde às 14h a equipe da Secretaria de Defesa Social e Resgate estava tentando salvar o animal. Além disso, dois veterinários se propuseram a prestar socorro ao cavalo.
Conforme o Executivo, foi necessário fazer a eutanásia para encerrar o sofrimento do animal. No vídeo, o veterinário diz que o cavalo morreu devido do alto nível de desidratação.
O Estado de Minas aguarda mais informações da Prefeitura de Caeté.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Arruda