“Ele tem diagnóstico de autismo (...) teve um surto (..) não agiu de forma consciente; vivia períodos depressivos e a gente pode ter a depressão com sintoma psicótico, aquela que a pessoa tem perda do contato com a realidade e, certamente, foi isso que aconteceu nesse caso”, considerou o psicólogo Sérgio Marçal, que conhece o adolescente de 15 anos. No último final de semana, o jovem confessou à PM que matou a própria avó, de 61 anos, supostamente por enforcamento.
Segundo o psicólogo, em entrevista a Rádio JM, aproximadamente três dias após o crime, período em que o jovem conviveu com o cadáver da avó no quarto da residência onde moravam juntos, o suspeito voltou à realidade e ligou para a Polícia Militar (PM), confessando o crime por telefone, via 190. Ainda na ligação, o jovem falou que faz acompanhamento psicológico, que ouve vozes em sua cabeça e que não quer tomar medicamentos.
“A gente precisa entender as histórias e o que é para um autista que tem restrições de cheiro (olfato) e gosto (paladar) conviver com um cadáver em decomposição”, questionou o psicólogo.
Crianças e adolescentes que têm diagnóstico de autismo, ainda conforme Marçal, precisam de proteção e cuidado. “Se eles forem colocados em locais de exclusão não vai adiantar. Nós precisamos de políticas públicas que protejam as pessoas daquilo que adoece: miséria, violência, abuso sexual”, comentou.
Segredo de justiça
Após ser detido pela PM, o adolescente foi ouvido na Delegacia de Plantão da Polícia Civil (PC) de Uberaba e, em seguida, foi instaurado inquérito policial. Depois disso, ele foi encaminhado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e, neste momento, de acordo com um funcionário do MP que preferiu não se identificar, está no Centro Socioeducativo de Uberaba (Cseur).
Por outro lado, o promotor de Justiça Rafael Calil Tannus, que atua na Promotoria da Infância e da Juventude, não confirmou onde está o jovem neste momento, dizendo apenas que “o processo está correndo em segredo de justiça e dentro de todos os trâmites legais”.