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Estado de Minas SERRA DA PIEDADE

Santuário de Caeté relata vandalismo após fim de cobrança de pedágio

Ministério Público da cidade diz que portão que bloqueia acesso a visitantes deverá ficar aberto. Banheiros são danificados, e igreja vê risco ao meio ambiente


05/06/2022 18:30 - atualizado 06/06/2022 00:35

Fila de carros na Serra
Segundo Arquidiocese de BH, circulação de romeiros fora de controle é prejudicial para o meio ambiente (foto: Arquidiocese de BH/Divulgação)
Dois dias depois da retirada do controle de acesso ao Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, a Arquidiocese de Belo Horizonte registrou atos de vandalismo nos banheiros da igreja, além de manobras radicais feitas por motociclistas que arriscam a vida de peregrinos. Por determinação do Ministério Público da cidade, a tarifa de R$ 10 para o acesso ao alto da serra deixou de ser cobrada, o que gerou aumento de fluxo de pessoas no local neste domingo (5/6).

Assim, o portão que restringia o acesso ao Santuário a moradores e visitantes deverá ficar aberto. Em março, a população da cidade fez manifestação pelo cancelamento do pedágio, que teve início em meados de 2000. A argumentação era de que o espaço era um ponto turístico público para peregrinação e apreciação da natureza.

Por sua vez, o Santuário relatou que a taxa é imprescindível para a manutenção do espaço, além de ser útil para garantir a alimentação dos peregrinos mais vulneráveis. Além disso, a direção argumentou que nenhum fiel foi proibido de entrar no espaço religioso por não ter condições de pagar a taxa. 
 


Notificação


A Arquidiocese de BH foi notificada pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) para que fossem retirados obstáculos à circulação de veículos e pedestres na rodovia AMG-1235, que liga a MG-435 ao alto da serra. No comunicado, o órgão diz que a cobrança de ingresso de visitação não cabe interferência, sendo de inteira responsabilidade do próprio Santuário.


“O DER-MG ainda está avaliando tecnicamente a possibilidade de restrição de circulação de veículos no segmento, por razões de segurança viária, a partir do ponto onde se encontra a Estação da Piedade até o final da rodovia”, diz a nota.

Sem o controle de acesso, o Santuário relatou à Polícia Rodoviária Estadual que carros de passeio e ônibus dividiram espaço com peregrinos, aumentando riscos de acidente e gerando impactos ambientais. Segundo a Arquidiocese, a situação conturbada gerou raiva em muitas pessoas que hostilizaram os colaboradores do espaço.

Além disso, houve registro de ciclistas descendo a Serra em alta velocidade, com riscos de colisão em outras pessoas, veículos ou rochas. Pessoas montadas em cavalos também se multiplicaram no alto da serra.

Banheiros quebrados
Banheiros foram danificados com aumento de peregrinos (foto: Arquidiocese de BH/Divulgação)

 

Solo 


A Arquidiocese ainda alertou que o aumento do número de carros pode elevar o risco de as rochas se desprenderem do solo, o que, conforme a entidade, ficou comprovado em pesquisas feitas recentemente.

“Em razão do deslocamento de rochas no alto da Serra, reduziu drasticamente o fluxo de carros particulares no território. As microtrepidações provocadas pelos automóveis geram deslocamentos de rochas. Agora, com a determinação do poder público, a Igreja já não pode mais adotar medidas de gestão do fluxo de pessoas em seu território na Serra da Piedade. Peregrinos, bens ambientais, paisagísticos, históricos e culturais estão em risco”.

O Estado de Minas entrou em contato com o Ministério Público de Caeté e a prefeitura da cidade, mas até o fechamento da reportagem não recebeu resposta.


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