Acidentes como o de sexta-feira (10/6) no Anel Rodoviário, que deixou dois mortos, são cenas comuns para quem mora na região. Segundo dados do Comando de Policiamento Rodoviário levantados pela reportagem do Estado de Minas, 272 acidentes de trânsito ocorreram na via somente em 2022.
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“Eu estava sentado, assistindo televisão, quando escutei os estrondos e o barulho de batida. Foi muito alto. Parecia que ia arrasar tudo. Tenho a impressão de que se eles não mudarem a sinalização da via, a situação não vai mudar. Já vi muitos acidentes graves nesse lugar e esse último foi horrível”, disse ele.
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O mecânico Bernardo Augusto, de 24 anos, trabalha em uma oficina na marginal do Anel. Ele estava dentro de casa, jogando videogame, quando escutou altos estrondos e sentiu a rua tremer. O jovem trabalha na região há pouco mais de dois meses e contou que este foi o acidente mais grave que já presenciou na rodovia.
“Eu saí para ver a movimentação e cheguei a conversar com um homem que estava preso nas ferragens. Ele ainda estava consciente quando fiquei próximo. Tentei acalmar ele, mas foi difícil conversar porque muita gente veio saquear a carga de cerveja que ficou espalhada. Não tive mais notícias dele depois disso. Foi horrível”.
"Todo dia tem acidente grave aqui"
O microempreendedor Hudson Carlos, de 46 anos, também é morador da região. Ele estava fechando o portão de casa quando o acidente ocorreu. Com o alto barulho, todos os vizinhos saíram de casa para acompanhar o movimento. Hudson afirmou que acidentes graves são diários no local devido à forte descida da rodovia.
“Não tem como explicar os governantes não encontrarem uma solução para o problema do Anel Rodoviário. Todo dia tem acidente grave aqui e todo dia tem gente inocente morrendo por causa disso. O susto, o estrondo foi tão grande que todo mundo saiu para acompanhar. Eles precisam proibir a passagem das carretas no Anel. Só assim para melhorar”.
José Carlos, de 26 anos, é proprietário de carretas e caminhões e estava em casa quando o acidente aconteceu. Ele escutou os barulhos, mas não saiu de casa para acompanhar. Na manhã de sábado (11/6), durante o trabalho do guincho para retirar as carretas da via, ele acompanhou a ação.
“Já presenciei vários acidentes. Pessoal que não conhece a região não sabe que a descida acaba com o afunilamento da pista. Você desce o Anel todo com três pistas, chega aqui só tem duas. O caminhão desce com o freio quente e não consegue parar quando tem engarrafamento”.
Carretas seguiam no Anel após acidente
Até o final da manhã de sábado, as duas carretas que se envolveram na colisão ainda estavam no Anel. Por volta das 10 horas da manhã, o guincho chegou para retirar os veículos do local.
Curiosos que passavam pelo trecho, pararam para fazer registros da cena. O autônomo Walson Amaral, de 52 anos, ficou sabendo do acidente quando recebeu fotos e vídeos da ocorrência pelo grupo de WhatsApp com os amigos e foi até o local para ver de perto a situação.
“Umas três vezes por ano tem um acidente feio aqui na região. Tem radar, tem sinalização, tem tudo, mas o pessoal de fora que não conhece o Anel e não conhece a região tem dificuldade para andar aqui. Enquanto não tiver uma saída para caminhão aqui na rodovia, os acidentes vão continuar acontecendo”.
O acidente de sexta matou o publicitário Paulo Silva, de 61 anos, e o presidente do grupo de festa junina Quadrilha Pé Rachado, Douglas "Tuca", e feriu outras oito pessoas.