Dizem que o amor não tira férias nem entra em quarentena. Mesmo com a pandemia do coronavírus, novos casais surgiram e agora, pela primeira vez, esses pombinhos vão poder aproveitar o dia mais romântico do ano com a retomada das atividades de bares, restaurantes e atividades culturais.
Ter se conhecido (ou se reencontrado) no “novo normal” fez com que os apaixonados se relacionassem de forma diferente, com vínculos formados a distância e muitos receios para o primeiro encontro. Mas uma coisa não mudou: o sentimento entre eles.
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Com o afrouxamento das medidas de segurança, no fim de 2020, os convites para sair começaram, mas Thamires negava todos e eles acabaram se afastando novamente. Mas as fotos dele com o cão Perseu fizeram Thamires retomar o papo e, em fevereiro de 2021, finalmente veio o primeiro encontro: um passeio na Serra do Cipó.
Ao contrário do que o engenheiro esperava, o primeiro beijo não veio. Mas o encontro foi especial para os dois. “Depois desse passeio, veio a curiosidade de que ele não era mais o Kell (apelido de João Pedro) da época da escola”, revela a médica.
Então, veio o segundo encontro, em que Thamires levou uma amiga. “Até quis desmarcar a viagem, porque eu achava que ela não queria nada comigo, mas fomos mesmo assim. Foi ótimo, fizemos um piquenique e tivemos alguns momentos em que a gente trocava uma ideia sozinhos e, na hora de ir embora, deixamos a amiga em casa e fomos jantar na casa da Thamires. E aí nós começamos a conversar, vendo TV e ficamos pela primeira vez”, conta João Pedro.
A partir daí, os dois não se desgrudaram e, em 31 de julho de 2021, foi o pedido oficial de namoro. “Se não fosse pandemia nem sei se estaríamos juntos. Ele não teria voltado para Sete Lagoas nem eu”, avalia.
No primeiro Dia dos Namorados juntos, além da comemoração, eles planejam um passo a mais: “Ela mora em BH e eu, em Sete Lagoas. Agora, a gente está olhando apartamento porque vamos morar juntos a partir de agosto. Vamos juntar as tralhas”, revela João.
‘A pandemia acelerou as coisas’
Como muitos casais, Rafael Luiz, advogado de 36 anos, e Thalles Damasceno, publicitário, de 34, se conheceram em um aplicativo, em 2020. Antes do primeiro encontro, vieram muitas conversas online. Até que decidiram se ver pessoalmente, na casa de Thalles.
“Havia um receio a mais com os cuidados que a outra pessoa estava tomando, de combinar isolamentos para se ver. Além disso, não havia vida social. Bares e restaurantes, cinemas, espetáculos. Tínhamos poucas opções e, mesmo assim, havia o medo de locais com público, então nos encontrávamos basicamente na casa de um e de outro”, afirma Rafael.
O jantar feito por Thalles conquistou Rafael e, desde então, os encontros ficaram mais frequentes até que, em outubro daquele ano, decidiram oficializar o namoro. Para eles, a pandemia fez com que o processo de conhecimento acelerasse e fizessem um relacionamento melhor.
“Sou uma pessoa de vida social agitada, mas isso ficou pausado nesse período. Então, eu tive muito tempo pra me dedicar ao relacionamento e com isso nós conseguimos construir muita intimidade mais rápido”, destaca Rafael.
Thalles também conta que acabou ficando mais caseiro e pôde se dedicar mais ao parceiro. “Aprendemos a nos conhecer mais, já que as únicas opções eram: TV e casa. Mas foi e está sendo um relacionamento saudável, tivemos poucos conflitos e brigas nesses quase dois anos de relacionamento, consigo contar em uma mão quantos atritos tivemos”, conta. E deu tudo tão certo, que os dois já moram juntos. “Acho que a pandemia, por um lado, ajudou ou juntou esse relacionamento. Acho que se não fosse ela, não nos conheceríamos tão bem e sem grandes conflitos”, analisa.
Unidos pelo cupido
Outro casal que já juntou as escovas de dentes é Isabella Goulart Fonseca, 29, e Kehuy Barcellos, 32. A professora de inglês e o programador de manutenção se conheceram, em setembro de 2020, por meio de uma amiga, que bancou o cupido.
“Duas amigas minhas queriam encontrar os respectivos boys, mas estavam sem lugar para encontrar porque elas moram com outras pessoas e, com a COVID, era complicado. Como eu morava sozinha, falei para elas virem para minha casa. Aí elas falaram que tinham que arrumar alguém para mim também. Só que eu não estava procurando alguém e eu falei que queria um cara bom de trocar ideia porque se não rolasse, não ficaria sem graça”, lembra Isabella.
Então, as duas amigas apresentaram fotos de pretendentes e a professora escolheu Kheuy. “Ele tinha um sorriso bonito e parecia ser legal. Aí a gente ficou no dia mesmo”, resume.
Enquanto isso, Kheuy conta que se encantou logo no primeiro encontro. “Meu primeiro pensamento foi: melhor que pela internet. Nós conversamos antes do evento na casa dela e já deu certo na hora”, lembra o programador.
Com tudo fechado, os encontros aconteciam na casa de Isabella, com direito a vídeo game e preparação de pratos. “O único jeito de encontrar era na minha casa, o que já criava uma certa intimidade. Então, se não fosse para dar certo, teria ficado claro já no início”, avalia.
Seis meses depois do primeiro encontro, a professora tomou a iniciativa e pediu Kehuy em namoro. “Mas eu já estava namorando com ela, só não avisei ela”, brinca o programador.
Ao longo do relacionamento, ele passava cada vez mais tempo na casa dela, até que decidiram morar juntos de vez. Este é o primeiro Dia dos Namorados de Isabella e Kheuy morando juntos. E a comemoração já começou faz tempo: há mais de um mês. “Estamos gastando um bom dinheiro na casa, com sofá novo e eletrodomésticos que estragaram. Então, o Dia dos Namorados vai ser normal, só que mais especial”, conta professora, que planeja vinho e peixe para o almoço do dia 12, acompanhado de jogos e filmes.
Paixão pelos games
O gerente de marketing Vinícius Ribeiro Lima, de 25 anos, e o assistente financeiro Arthur Santos Araújo, de 22, também são apaixonados por games. Inclusive, foi por conta dos jogos que eles se conheceram. “Nos conhecemos no início de 2020 jogando Call of Duty, quando se falava pouco sobre a COVID-19. Nos seguimos nas redes sociais e conversamos bastante, porém logo em seguida voltei com meu ex. E aí eu e o Arthur continuamos como amigos de gameplay durante quase um ano”, lembra Vinícius.
Por outro lado, Arthur estava desimpedido e ficou balançado com Vinícius. “Assim que o conheci tive interesse, mas por ele estar em um relacionamento, mantivemos sempre o limite da amizade. ‘Amigos de Vídeo Game’, ainda mais por ele ser de Minas e eu de São Paulo”.
Com o término do relacionamento e por conta do trabalho, o gerente de marketing viajou para São Paulo, onde Arthur já morava. Por conta da pandemia, os dois se encontraram, pela primeira vez, no Airbnb em que Vinícius estava hospedado. “Estava ansioso para ver ele, era o único medo. Ficamos bebendo e conversando sobre diversas coisas por muito tempo, tanto do jogo quanto sobre nossas vidas pessoais. E depois de muita conversa, teve o primeiro beijo”, recorda Arthur.
O relacionamento continuou a distância, com encontros de dois em dois meses. Mas já não era suficiente. “Desde o primeiro encontro e nessa idas e vindas, o sentimento já não era só de amizade. Os finais de semana juntos passavam voando, em uma das vindas fomos ao Hopi Hari juntos após anunciarem a abertura depois de um tempo fechado por conta da COVID, e depois dela já estava colocando em prática a ideia dele vir morar em São Paulo, tanto pelo trabalho, quanto por nós”, conta Arthur.
No terceiro encontro, eles foram para a praia do Guarujá, onde Vinícius decidiu oficializar o namoro com uma surpresa romântica: uma playlist especial em que os nomes das músicas formavam o pedido. “Fizemos um ano de namoro no sábado passado e até hoje meu olho brilha como se fosse o primeiro dia que vi ele pessoalmente”, declara Vinícius.
Os pombinhos pretendem estender a comemoração do aniversário de namoro com o Dia dos Namorados - mas sem sair de casa, para evitar o tumulto da data. E, claro, com muito vídeo game!