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Estado de Minas COVID-19

Vacina infantil: estoque baixo amplia desafio da imunização em BH

Pais enfrentam maratona em busca de imunizante pediátrico da Pfizer, agora oferecido em um só centro de saúde por regional. Coronavac é opção


15/06/2022 04:00 - atualizado 15/06/2022 07:49

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Fila para vacina no Centro de Saúde Havaí: crianças de 6 a 11 anos têm opção de receber o imunizante CoronaVac, liberado para esse público (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

A vacinação infantil se apresenta como um dos principais desafios da gestão da pandemia em Belo Horizonte neste momento. A cidade não consegue avançar com a aplicação da segunda dose do imunizante em crianças de 5 a 11 anos e, para piorar o cenário, lida agora com um estoque mínimo de doses pediátricas da Pfizer. Pais e responsáveis relataram dificuldades para vacinar os pequenos ontem.
 
No fim da tarde, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que a aplicação da dose pediátrica da Pfizer está restrita a um centro de saúde de cada regional da capital. A medida foi tomada para tentar responder à falta do imunizante. Além disso, as doses pediátricas da Pfizer em BH são destinadas exclusivamente para as crianças com 5 anos, as imunocomprometidas ou as que tomaram a primeira dose da vacina contra a COVID-19 deste mesmo fabricante. Vale lembrar que crianças com mais de 6 anos podem receber a CoronaVac.
 
A medida, no entanto, já estava valendo antes mesmo do anúncio da administração da cidade e complicou a vida de pais e responsáveis que levaram crianças para receber a proteção. O Estado de Minas percorreu pontos de vacinação na capital e constatou que as pessoas que buscavam pela imunização infantil receberam respostas negativas.
 
Na Região Oeste de BH, os centros de saúde dos bairros Palmeiras e Havaí não contavam com doses da vacina pediátrica nem havia previsão para a chegada de novas unidades. Funcionários dos postos de vacinação informaram que toda a cidade sofre com a falta de imunizantes para crianças.
 
Já na Região Centro-Sul, quem foi ao Centro de Saúde Carlos Chagas, no Bairro Santa Efigênia, foi informado de que o local não estava vacinando o público infantil. Funcionários da unidade informaram que a imunização das crianças na regional estava toda concentrada no Centro de Saúde Santa Rita de Cássia, no Bairro São Pedro. Lá, pais que buscaram o imunizante para os filhos inicialmente nos pontos de vacinação mais próximos de casa tentaram a segunda chance.
 
Foi o caso do engenheiro Roberto Gomes. Ele levou a filha Maitê, de 11 anos, para completar o esquema vacinal contra a COVID em um posto do Bairro Santo Antônio, mas foi redirecionado para o Centro de Saúde Santa Rita de Cássia. “Ela tomou a Pfizer. Fomos primeiro lá na Rua Congonhas (Centro de Saúde Menino Jesus), ficamos meia hora na fila e me mandaram para cá. Não foi divulgado que só teria a vacina aqui, inclusive eu procurei quais os centros estavam aplicando”, disse.
 
A médica Maria Helena Rangel viveu a mesma situação, tendo procurado o ponto de vacinação do Bairro Santo Antônio antes de ser encaminhada para a única unidade com vacina pediátrica da Pfizer na regional. Ela chegou ao Centro de Saúde do Bairro São Pedro já no fim do expediente de aplicações e, diante da situação, escolheu esperar para vacinar a filha Alice, de 7. Isso porque, para que a filha recebesse o imunizante, seria necessário abrir um novo estoque e descartar 9 doses do imunizante, que devem usadas no mesmo dia.
 
“É uma questão de saúde pública, prefiro esperar um pouco a desperdiçar tantas doses. Primeiro, a gente foi ao posto aqui do Santo Antônio e lá falaram que todas as doses de Pfizer estavam aqui nesse posto da Rua Cristina. Como a primeira dose dela foi Pfizer, vim aqui. Vamos voltar na sexta-feira”, conta.
 
A Prefeitura de Belo Horizonte garante que os estoques de CoronaVac estão abastecidos no município. Sobre os centros de saúde visitados pela reportagem que afirmaram não estar aplicando vacina em crianças sem especificar a dose, a Secretaria Municipal de Saúde não se manifestou.
A terça-feira de informações desencontradas sobre a aplicação do imunizante em crianças de Belo Horizonte foi também o dia em que as máscaras voltaram a ser obrigatórias em locais fechados da capital. Com o aumento de casos de síndrome respiratória, a baixa adesão do público infantil à campanha de vacinação contra a COVID foi apontada como uma das razões que motivaram o decreto que retoma a exigência do equipamento.
 
Na segunda-feira, a secretária de Saúde de BH, Cláudia Navarro, declarou em entrevista coletiva que a cidade está muito aquém do ideal no índice de crianças com duas doses da vacina contra a COVID. Ela associou os números a uma possível desconfiança dos pais em relação a efeitos colaterais do imunizante.
 
“Com certeza não são as crianças que falam: 'Eu não quero tomar a segunda dose’. São os pais e responsáveis que muitas vezes não levam seus filhos. Uma dessas questões está relacionada com a possibilidade de efeitos colaterais, complicações. É uma vacina nova, não temos dúvida, mas todos os estudos feitos até hoje não mostram uma complicação que impeça a aplicação dessa segunda dose”, disse a secretária.
 
O resultado de percalços como a desconfiança dos pais, somado à falta de vacinas, preocupa em um cenário de estagnação no número de novas doses aplicadas no público infantil. Em boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura ontem, apenas 57,2% desta faixa etária já havia recebido as duas doses do imunizante em BH. A primeira dose já foi aplicada em 82,6% das crianças entre 5 e 11 anos na capital.

NAS ESCOLAS
 
Como forma de ampliar a imunização das crianças, BH começou a aplicar doses da proteção contra a COVID nas escolas municipais nesta semana. A ação é feita mediante autorização dos pais e busca oferecer praticidade para que o público complete o esquema vacinal.
 
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a ação vai até o início das férias de julho e será ampliada gradativamente para outras instituições de ensino conforme a disponibilidade de equipes. Além da COVID, os jovens podem se proteger contra outras doenças na rede municipal de ensino. Alunos de 9 a 14 anos podem tomar vacina contra a febre amarela, HPV e meningite. Nas Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis), crianças de 6 meses a 4 anos podem receber o imunizante contra sarampo e gripe.

SEM PREVISÃO 
 
Não há data para a chegada de novos estoques da versão pediátrica da Pfizer em Belo Horizonte. O município precisa receber uma nova remessa da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), que não informa previsão para repassar novas unidades da vacina para as cidades mineiras.
 
A SES-MG, por sua vez, afirma que já solicitou doses adicionais do imunizante ao Ministério da Saúde. A pasta federal também não determinou uma data para a chegada de mais vacinas da gigante farmacêutica americana.

 
Concentração

Confira os postos de vacinação onde há Pfizer pediátrica nas nove regionais de BH. Todos funcionam das 8h às 17h

» Barreiro: Centro de Saúde Diamante/Teixeira Dias – Rua Maria Marcolina de Souza, 40, Bairro Diamante

» Centro-Sul: Centro de Saúde Santa Rita de Cássia – Rua Cristina, 961, Bairro São Pedro

» Leste: Centro de Saúde Marco Antônio de Menezes – Avenida Petrolina, 869/871, Bairro Sagrada FamÍlia

» Nordeste: Centro de Saúde Cidade Ozanan – Rua Doutor Furtado de Menezes, 610, Bairro Ipiranga

» Noroeste: Centro de Saúde Santos Anjos – Rua Miosótis, 15, Bairro Santo André

» Norte: Centro de Saúde Guarani – Rua Pacaembu, 160, Bairro Guarani

» Oeste: Centro de Saúde Salgado Filho – Rua Campina Verde, 375, Bairro Salgado Filho

» Pampulha: Centro de Saúde Dom Orione – Av. Otacílio Negrão de Lima, 2.220, Bairro São Luiz

» Venda Nova: Centro de Saúde Copacabana – Rua Inglaterra, 940, Bairro Copacabana

Cidade se readapta às máscaras

A população de Belo Horizonte tenta se adaptar novamente ao uso obrigatório de máscaras em locais fechados como forma de prevenção à COVID-19 e também contra outras viroses que costumam se propagar mais fortemente no inverno, como a gripe. Anunciada na tarde de segunda-feira pela secretária municipal de Saúde, Cláudia Navarro, a medida pegou de surpresa parte da população que transitava no Centro da capital na manhã de ontem, quando começou a valer. Mas quase todas as pessoas ouvidas pela reportagem do Estado de Minas disseram apoiar a decisão. No Mercado Central, avisos sonoros foram usados para chamar a atenção de quem transitava no local sobre a obrigatoriedade de portar o acessório.
 
Foi o caso da vendedora Livia Rocha, de 23 anos. Quando chegou para trabalhar, ela não sabia que a proteção facial tinha voltado a ser obrigatória nos espaços fechados e entrou no local sem ela, embora considere importante a retomada da medida.“Geralmente eu uso, mas cheguei atrasada e esqueci de colocar. É necessário usar a máscara, mas tem muita gente que não está usando, eu mesma quando cheguei, não usei. Não sabia que tinha voltado a ser obrigatório. Mas é importante usar.”
 
A estudante Nicole Paula, de 17, contou que não usa a máscara, mesmo em local fechado, porque não gosta da proteção. “Não uso porque me incomoda e estraga minha maquiagem.” O gerente Faimo Rodrigues, de 37, afirmou que no estabelecimento em que atua nenhum funcionário ficou sem a proteção. “Acho que a população vai aceitar a volta da máscara porque é pelo bem de todos.”

AVISOS SONOROS
 
No Mercado Central, avisos sonoros pediam, pela manhã, que funcionários e clientes colocassem a proteção. A comerciante Geiza Roberta, de 38, estava só esperando outro funcionário chegar para ir até a farmácia comprar a máscara descartável.
 
“Fiquei sabendo hoje cedo sobre a volta do uso obrigatório em locais fechados e concordo com a medida. Dentro do Mercado Central, o pessoal já está usando. Acredito que quem não usa ainda não está sabendo da obrigatoriedade.”
 
A jovem Raquel Rodrigues, de 21, mostrou-se favorável à volta do uso de máscaras em local fechado, apesar de não estar portando a proteção quando foi abordada pela reportagem. “Vou voltar a usar, sim. Já estou reparando o pessoal utilizando a máscara, só eu que não peguei ainda.”
O vendedor Wagner Rodrigues, de 35, explicou que, além dos avisos sonoros, os seguranças do Mercado Central pediram aos clientes que colocassem a proteção durante a permanência no local. “É o certo a se fazer. Concordo com a volta e vou usar.”
 
Para Aristeia Texeira, de 58, a máscara nunca deixou de ser necessária. Ela continuou usando mesmo quando a proteção deixou de ser obrigatória em locais fechados. “Já tive COVID-19 e fui intubada. Nunca deixei de usar e pretendo continuar assim por um tempo.” (BF)



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