A missa de Corpus Christi, celebrada na manhã desta quinta-feira (16/06), na Catedral Cristo Rei, no Bairro Juliana, Região Norte de Belo Horizonte, festejou a fé cristã e também deu um recado de solidariedade. Próximo ao tapete feito com borra de café, serragem, casca de ovo, cal e pedras, diversos alimentos foram disponibilizados para doação.
Não era para menos. O lema "eucaristia e fome" ditou os trabalhos presididos pelo arcebispo metropolitano de BH, Dom Walmor Oliveira de Azevedo. O líder religioso abordou a importância de Corpus Christi e pediu uma reconstrução da sociedade brasileira.
"A festa de Corpus Christi é uma tradição de muitos séculos da Igreja, quando somos chamados como cristãos a dar publicamente o testemunho da nossa fé cristã, católica e eucarística. A Igreja nasce e vive da eucaristia, é o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor, que é o grande alicerce que deve se desdobrar em fraternidade universal, em solidariedade. Sobretudo desafiando-nos para este tempo que precisamos construir, na verdade, reconstruir a sociedade brasileira sob os alicerces da justiça e da paz".
Dom Walmor também lembrou a situação da fome no Brasil. Na quarta-feira (8) da semana passada, a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) divulgou o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID-19 no Brasil, que apontou para 33,1 milhões de pessoas afetadas pelo problema.
"Esse tema nos remete a uma realidade desafiadora que nós estamos vivendo, que é a fome no Brasil. Mais de 30 milhões de pessoas vivendo em insegurança alimentar, portanto desafiando as autoridades, governos e a todos nós a um novo tempo. No celeiro do mundo que é o Brasil, é para nós, de fato, vergonhoso saber que temos irmãs e irmãos que não têm o que comer", afirmou.
"Portanto, um desafio espiritual e humano que deve ter incidências na sociedade, na vida social, econômica e política. É hora de um novo tempo, a luz do amor de Deus", completou Dom Walmor.
Professor de Inglês, José Genaro dos Santos, de 52 anos, comentou a importância do Corpus Christi e elogiou a missa deste domingo. Ele estava na Catedral Cristo Rei ao lado da esposa, Uelida Conceição.
"Ela é uma ocasião mais do que especial, eu a considero como extensão da Páscoa. Corpo, sangue, alma e divindade. É uma tradição que vem até hoje, um dos momentos mais sagrados da Igreja, tem Natal, Páscoa, coincide também com as datas celebrativas. E o Dom Walmor presidiu super bem a missa, como sempre".
Depois da missa na Catedral Cristo Rei, os fiéis seguiram em procissão com o Santíssimo Sacramento. No local, também foram distribuídas marmitas.
BH e outras cidades
Uma das igrejas mais tradicionais de BH, a Igreja São José, na Região Central, também foi decorada para o Corpus Christi. As tradicionais passarelas de serragem enfeitaram o local. Em Jaboticatubas, cidade da Região Metropolitana de BH, a procissão ocorreu à tarde, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.
Em Sabará, também na Grande BH, houve a missa campal no adro da Igreja Nossa Senhora do Rosário, na Praça Melo Viana, no Centro. Em seguida, os fiéis, em procissão, seguiram à Igreja Nossa Senhora da Conceição, no Bairro Siderúrgica, onde receberam a bênção final.
Outra cidade da Região Metropolitana, Santa Luzia disponibilizou um tapete com cobertores, que foram doados a necessitados. À frente da iniciativa está o reitor do Santuário Arquidiocesano Santa Luzia, padre Felipe Lemos. Ele celebrou missa solene de manhã e, depois, liderou a procissão.