A estátua da escritora mineira Henriqueta Lisboa, na Savassi, foi alvo de vandalismo nesta sexta-feira (17/6). Ela teve os braços, que seguravam um livro, arrancados e os olhos tingidos de vermelho.
Nascida em 1901 em Lambari, no Sul do Estado, Henriqueta foi a primeira mulher a ser eleita para a Academia Mineira de Letras, em 1963, e publicou mais de 20 obras entre 1925 e 1985, com destaque para a poesia. Além disso, foi professora de literatura e tradutora. Morreu em 1985.
A escultura foi produzida em 2003, toda feita de bronze, num trabalho que demorou cerca de quatro meses.
O artista Leo Santana, responsável pela confecção da obra de arte, lamentou o ato de vandalismo: “É uma repetição de outras depredações. Não entendo, procuro explicações, mas não entendo o motivo. Não sei se é vandalismo ou se é atitude de rebeldia. Não sei qual a razão. Podem ser todas as razões, mas eu fico muito triste com qualquer uma delas. É muito ruim passar por isso”, disse.
Santana lembra que a obra ajudava a incentivar o hábito da leitura em BH. “Ela segurava um livro e, assim, outras pessoas passaram a colocar outros livros para serem doados. Outras chegavam, devolviam e pegavam outros para ler. Era algo bem gostoso. Mas cortaram isso, infelizmente”.
O artista se dispôs a restaurar a escultura, mas diz que a obra depende de uma avaliação prévia para saber o tamanho do dano ao patrimônio cultural da capital mineira.
"Primeiro é preciso ver se eles recuperam as mãos e os livros. Seria algo mais fácil. Agora, para refazer o que foi destruído, já é algo mais difícil. Lembro como foi feito, tenho as fotos e os registros. Mas é algo que não depende de mim. A prefeitura é proprietária do monumento. Fico à disposição deles para qualquer coisa. Estou às ordens”, afirmou.
Outras depredações
Henriqueta Lisboa não foi a primeira escultura depredada em Belo Horizonte. O monumento que homenageia Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), no Centro, teve a mão direita retirada, em 2019. Outra estátua danificada foi a do jornalista e escritor Murilo Rubião (1916-1991), que fica em frente a Biblioteca Pública Estadual, na Praça da Liberdade.