O assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira mobiliza diversas manifestações pelo país nesta segunda-feira (20/6). Em Belo Horizonte, o ato é realizado na Praça 7, no Centro da capital, e reúne cerca de 40 pessoas. A organização aponta que policiais militares tentaram intimidar o grupo.
Na Praça, manifestantes levaram cartazes e até plantas para simbolizar a luta dos ambientalistas. Eles também ecoaram gritos por justiça por Dom e Bruno, além de Chico Mendes, Dorothy Stang e outros ativistas que também foram assassinados por defenderem causas ambientais.
De acordo com o estudo feito pela ONG internacional Global Witness, ressaltado pelos manifestantes, o Brasil é o quarto país que mais mata ativistas ambientais. Várias organizações, como Greenpeace e Engajamundo, pedem justiça pela dupla e ações para evitar a morte de mais ambientalistas na Amazônia.
Organizações participantes dos atos de hoje no país: Greenpeace; Engajamundo; Subverta; Juntos MG; Juntas MG; Ecoar Juventude ; Minas pelo Futuro; Fridays For Future; Ah, é lixo!; Brigadas Populares; Projeto Pomar BH; ANDES; Movimento Mineiro pelos Direitos Animais; Comitê Mineiro de Apoio à Causa Indígena; Articulação de resíduos orgânicos BH; Afronte MG; Boi Rosado Ambiental.
De acordo com Izabella Liberato Lage, ativista da Engajamundo, uma das organizadoras da manifestação, o ato simboliza que, mesmo com a morte dos colegas, a luta que eles defendiam vai continuar.
“Querem silenciar os povos que gritam e clamam pela floresta. Esse ato é uma forma de dizermos que não conseguirão nos calar. Estamos cansados de ver ambientalistas e indígenas assassinados. Mesmo a gente morando no sudeste, estamos ligados com o que está acontecendo no Norte e vamos lutar pela causa da vida indigena”, ressaltou.
“Querem silenciar os povos que gritam e clamam pela floresta. Esse ato é uma forma de dizermos que não conseguirão nos calar. Estamos cansados de ver ambientalistas e indígenas assassinados. Mesmo a gente morando no sudeste, estamos ligados com o que está acontecendo no Norte e vamos lutar pela causa da vida indigena”, ressaltou.
Ela ainda reforçou a importância da mobilização. “Essa manifestação está acontecendo em vários lugares do Brasil e temos medo de que não tenha muito efeito porque sabemos que o governo é parcial. Mas a gente sabe que as manifestações geram mobilização popular. E estamos pressionando os órgãos públicos para tentarem enfrentar o que está acontecendo”, disse.
Além disso, ela apontou que houve tentativa de intimidação da Polícia Militar. “Estamos aqui e policiais militares vieram mostrar arma para nos amedrontar, mas não vão nos parar porque estamos no nosso direito”, afirmou. No mesmo momento que o grupo estava mobilizado na Praça 7, várias viaturas passaram pelo local com sirene ligada circulando em torno do Pirulito.
O vídeo acima foi gravado pelo fotógrafo Túlio Santos, do Jornal Estado de Minas.
Na última semana um ato foi realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e agora na Praça Sete. Outras mobilizações estão sendo discutidas com outras organizações nacionais.
O Estado de Minas entrou em contato com a Polícia Militar, mas não houve resposta até o fechamento da reportagem.
Dom e Bruno
Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho, ao passar pela comunidade de São Rafael. De lá, partiram numa embarcação para uma viagem de cerca de duas horas, mas não foram mais vistos.
Na quarta-feira (15/6), o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Fontes, afirmou que Amarildo da Costa Oliveira confessou ter assassinado Bruno e Dom. Restos mortais foram encontrados enterrados no local indicado pelo suspeito e chegaram a Brasília na noite dessa sexta-feira (17/6). O exame de arcada dentária confirmou a compatibilidade de parte do material com o jornalista britânico.
As vítimas foram mortas a tiros e tiveram seus corpos esquartejados e enterrados.