Segundo o delegado Diego Lopes, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, o bebê foi deixado no saguão onde pessoas com consultas marcadas aguardam atendimento.
Lopes disse que a criança está bem, foi transferida para a maternidade do hospital e apresenta um quadro de saúde estável. “Ela está bem nutrida; inclusive, médicos e enfermeiros entendem que a criança estava alimentada no momento em que ela foi deixada", relatou.
Para entrar no Centro de Especialidades, é preciso agendar consulta. E, como enfatizou o delegado, por via de regra, as pessoas precisam se identificar. Após verificar as câmeras do circuito interno, os investigadores chegaram a uma possível suspeita.
“Ela carregava um cobertor, com características de ser uma criança. Essa pessoa permaneceu no saguão por quase 40 minutos, percebeu que o banheiro feminino estava interditado para limpeza, entrou no banheiro de acessibilidade e saiu rapidamente. Posteriormente, entrou no banheiro masculino, onde ficou por 20 minutos. Depois, saiu carregando o cobertor, mas que nitidamente não tinha o volume característico do corpo de uma criança”, afirmou.
Ao analisar as imagens do exterior do local, os investigadores perceberam que ela guardou o cobertor em uma sacola.
Linhas de investigação e possíveis crimes
A Polícia Civil trabalha com duas linhas principais de investigação: a de que a mulher acessou o local e se identificou ou a de que ela simulou que marcaria uma consulta e, aproveitando o descuido dos funcionários, entrou neste setor, sem precisar dizer quem era.
De acordo com o delegado, somente depois que a suspeita for identificada é que os investigadores tentarão entender os motivos que levaram ao abandono do bebê.
“Sabemos que não são poucas as parturientes que, após darem à luz, entram em um quadro de sofrimento psiquiátrico e que pode ter desencadeado essa ação. Mas acreditamos que ela possa ter escolhido o lugar onde a criança pudesse receber os primeiros cuidados de forma rápida e adequada”, disse.
Se a suspeita for identificada e tiver mesmo abandonado o bebê, poderá responder por abandono de incapaz ou, dependendo do contexto, por tentativa de infanticídio. Os investigadores analisam se vão fazer a divulgação das imagens para ajudar na identificação da suspeita.