O atendimento a pacientes com sintomas respiratórios está sendo reduzido no Hospital Felício Rocho, no Bairro Barro Preto, região Centro-Sul de Belo Horizonte. Quem chega com quadro gripal e suspeita de COVID-19 ao serviço de pronto atendimento só consegue consultas até as 18h, e houve dias em que elas precisaram ser suspensas por falta de leitos para internação.
Nesta segunda (27/6), a reportagem esteve no hospital. Com a unidade cheia, funcionários estimaram que a demora no atendimento a casos suspeitos de COVID-19 beirava duas horas e meia.
Além disso, eles disseram haver ocasiões em que o setor de pronto atendimento foi fechado para pacientes com quadros respiratórios por não haver vagas de internação de casos mais graves.
Na última sexta-feira (24/6), pacientes relataram que o local não estava atendendo pacientes com suspeita de Covid por falta de vagas para internação.
O Estado de Minas tentou contato com a direção do Felício Rocho várias vezes, mas o hospital não se pronunciou. A reportagem questionou se há um esforço para ampliação de leitos e se a atual situação se deve a um aumento da demanda ou a outros fatores, porém, não obteve resposta.
Casos crescem em BH
A chegada do inverno foi acompanhada por um aumento no número de doenças respiratórias. De acordo com dados do Comitê Popular de Belo Horizonte de Combate à COVID-19, entre 9 e 22 de junho, o número de novos casos de COVID registrados por 100 mil habitantes foi cerca de seis vezes maior do que no intervalo entre 28 de abril e 8 de maio.
De acordo com o boletim epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte, nos 24 primeiros dias de junho foram registrados quase 30 mil novos casos suspeitos de COVID a mais do que durante o mês de maio. A capital não divulga dados sobre internações decorrentes da doença.
No estado, o cenário também é de alta no número de casos. O boletim epidemiológico desta segunda-feira apontou o maior crescimento de pessoas infectadas pelo coronavírus em 24 horas desde fevereiro. A vacinação, no entanto, torna o contexto menos grave, com uma taxa controlada de quadros graves da doença.
Carência geral de leitos
Além dos leitos para suspeitas de COVID, pacientes também relataram dificuldade de atendimento para outros sintomas no Felício Rocho. Na sexta-feira, um engenheiro mecânico, que preferiu não se identificar, relatou à reportagem que passou a noite no hospital e não conseguiu uma vaga para internação.
Ele contou que, na quinta-feira (23/6), teve uma suspeita de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico e procurou atendimento no Felício Rocho. O resultado dos exames descartou a hipótese, mas a médica que o atendeu preferiu que ele permanecesse em observação no hospital.
“Me informaram que estavam com problema de leitos e eu tinha que aguardar. Fiquei sentado na cadeira, não dormi nada e, no fim das contas, hoje de manhã (na sexta-feira) eu pedi para que verificassem se já tinha leito e me disseram que abririam vagas em breve. Já à tarde eu falei com o pessoal: ‘olha eu estou aqui com malas, vim direto do trabalho, estou há praticamente dois dias sem banho, com roupa de serviço’. Como não tinha vaga, lá pras 15h eu decidi ir embora”, contou. Ele ainda afirmou que continuaria os exames em uma clínica particular.