Jornal Estado de Minas

BARÃO DE COCAIS

Mineradora GSM: vereadores denunciam estrada irregular e corte de árvores

Vereadores de Barão de Cocais, na Região Central de Minas, realizaram, na última terça-feira (5/7) uma visita em área onde a empresa GSM Mineração teria construído uma estrada sem autorização prévia.




 
Os parlamentares denunciam que a intervenção não teve aval de autoridades ambientais e não ouviu a comunidade local, que vive acuada entre a dependência financeira das empresas e os transtornos causados pela extração mineral na cidade.

Segundo os vereadores, moradores da região do Bairro Santa Cruz foram surpreendidos com uma estrada aberta às pressas na última semana.
 
O caminho liga uma unidade da empresa GSM Mineração para vias de escoamento de minério.

Na mesma região, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Barão de Cocais acionou a Polícia Militar de Meio Ambiente na última sexta-feira (1/7) por uma denúncia de desmatamento.




 
Segundo ofício emitido pela pasta, dentre as árvores suprimidas, estavam ipês-amarelos adultos, que exigem autorização prévia para corte.

“Ali era uma área de pastagem onde foi aberta uma estrada de forma abrupta pela GSM. Foi uma intervenção sem a autorização dos órgãos competentes. Não houve qualquer movimentação relativa a audiência pública para consultar moradores, por exemplo”, afirma o vereador Rafael Augusto Gomes “Tcheba” (PSB).
 
O caminho liga uma unidade da empresa GSM Mineração para vias de escoamento de minério (foto: Reprodução)
 

Rafael foi um dos sete parlamentares que foram até a área onde a estrada foi aberta.
 
Além dele compareceram Adriano Santos (Patriota), Fabrício Preto (PL), João Lima (PSDB), João Resende (PSB), Nezinho (PDT) e Paulinho da ONG (Rede).
 
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À reportagem, Paulinho da ONG disse que mora na região e não foi informado sobre a construção da estrada.




 
“Fui fazer um curso, fiquei três dias fora e, quando voltei, já estava lá. Os moradores ficam preocupados, porque não foi feito estudo de impacto para a vizinhança, tem poluição sonora, material particulado, poderia ter sido evitado”.

A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Barão de Cocais e a Polícia Militar de Meio Ambiente para solicitar mais informações sobre a denúncia de desmatamento, mas, até a última atualização desta matéria, não houve respostas.

A GSM também foi procurada pela reportagem e não se pronunciou.
 
Segundo ofício emitido pela pasta, dentre as árvores suprimidas, estavam ipês-amarelos adultos, que exigem autorização prévia para corte (foto: Reprodução)
 

Moradores sem saída

Com uma realidade comum a várias cidades mineiras, moradores de Barão de Cocais tentam equilibrar reivindicações pela manutenção de uma boa qualidade de vida e os próprios empregos ou de familiares.





A economia dependente da atividade deixa os cocaienses em um beco sem saída.
 
Funcionário de uma mineradora, um morador da região onde a estrada foi aberta manifestou sua preocupação com a intervenção, mas preferiu não se identificar.

“A gente se sente encurralado pelo progresso desorganizado. Eles jogam máquinas, caminhão em cima e, dependendo da forma que eu for tentar reclamar, eu nunca mais entro em uma empresa aqui. Nem pra trabalhar, nem pra conversar”, disse.

Ele reclama que já sente os impactos da mineração na cidade, cercada por empreendimentos de diversas empresas, mas que se a estrada aberta for utilizada para trânsito de maquinário pesado, a situação tende a piorar.




 
“A gente sente o abalo na casa da gente de longe, uns dois, três quilômetros. A estrada é recente e é grande. Por enquanto está só no maquinário, mas não vai demorar a passar com os caminhões, porque a estrada já está aberta”.
 
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Uma outra moradora da região também preferiu não ter o nome publicado por ter parentes trabalhando no setor minerário.
 
Ela relata que já percebeu uma movimentação diferente nos últimos dias.
 
“Meu filho que me mostrou, disse: ‘mamãe, olha o caminhão’. Logo que ele me mostrou eu já vi mais dois”.




História antiga

Em 2020, a população de Barão de Cocais teve problemas com a GSM Mineração no Bairro Sagrada Família.
 
A empresa instalou um pátio de transbordo de minério em local próximo às residências e foi alvo de protestos.

Na ocasião, o Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) reuniu moradores que relataram problemas respiratórios e de visão causados pela poeira de minério que invadia as casas.

Segundo o vereador Rafael Tcheba, há uma necessidade de atualização no plano diretor da cidade, que já deveria ter passado por mudanças desde 2016, quando completou 10 anos desde as últimas alterações.
 
O parlamentar afirma que ações como a instalação do pátio da GSM só foram possíveis porque as leis da cidade estavam obsoletas.