Aline Ferreira Lima, de 30 anos, deixou o Hospital São Lucas, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na tarde desta sexta-feira (8/7), depois de ficar internada por 11 dias.
Técnica de enfermagem da Santa Casa há dois anos, ela estava trabalhando no local durante o incêndio do dia 27 de junho e precisou ficar no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) até a última segunda-feira (4/7).
Leia Mais
Santa Casa: comissão da Câmara apura se brigadistas são 'profissionais'Referência em transplantes, Santa Casa de BH vira 'lar' para a vida todaIncêndio Santa Casa: ministro da Saúde anuncia repasse de R$ 10 milhõesJustiça determina que poder público repasse R$ 3 mi para Santa Casa de BHSanta Casa BH faz campanha de doações para reabrir leitos de CTISanta Casa cria ação de financiamento para reforma do CTISanta Casa pede socorro para reconstruir CTI incendiada há um mêsFogo atinge palco durante show em BH e extintor de incêndio não funcionaTrabalhador fica com braços presos em máquina de misturar concreto
Leia também: Santa Casa de BH: a metrópole da saúde ferida no incêndio
Lembrança e expectativa
Ela relembrou o dia do incêndio e disse que está ansiosa para voltar a trabalhar na Santa Casa, apesar de ainda não ter uma previsão de retorno.
"Foi um dia de plantão normal, e em determinado momento teve um estrondo, um barulho muito alto. Logo depois pessoas começaram a correr, avisando sobre o incêndio. Na hora eu só pensei em tirar os pacientes (dali) para não agravar mais a situação, porque a gente não saberia qual proporção aquilo poderia tomar”, explicou.
“Antes de serem meus pacientes, eles são o amor de alguém. Estavam sob minha responsabilidade, e nada mais justo que priorizá-los naquele momento”, completou.
Apoio
Durante grande parte do período em que ficou internada, Aline teve a companhia da mãe, Maria Emília Ferreira Lima, de 58 anos, que revelou um acordo entre os três filhos.
"Fiquei impossibilitada de vir vê-la por três dias, porque meu filho não deixou. É um protocolo lá em casa entre a Aline e os irmãos, de só passarem algo para mim depois que já tiver sido resolvido a pior parte, porque a mamãe aqui fica desesperada. Mas estou agradecida a Deus pela vida da minha filha", disse.
Última funcionária
O provedor da Santa Casa, Roberto Otto, acompanhou Aline até ela receber alta e definiu o planejamento para as próximas semanas.
"Com a recuperação da Aline, a gente vai poder focar agora na devolução dos leitos para a cidade. Foram 55 leitos de CTI que deixaram de funcionar com esse incêndio, então o nosso foco é fazer com que esses leitos voltem o mais rápido possível a funcionar para que eles sejam disponibilizados para a Secretaria Municipal de Saúde e todo o Estado", ponderou.
Mortes
Três pessoas perderam a vida no incêndio que atingiu a Santa Casa no fim do mês passado: Cezar Freitas de Jesus, de 51 anos; Otávio Jordany Melo Rezende, de 23 anos; e uma vítima que não teve a identidade revelada pela Polícia Civil. Os corpos chegaram ao Instituto Médico Legal no dia 28 de junho e foram reconhecidos por familiares.
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), não foram registradas mortes em decorrência direta do incêndio, mas, sim, durante o momento de transferência das vítimas para outros hospitais.
Ao todo, 931 pacientes estavam na Santa Casa quando as chamas se alastraram, sendo que 50 deles estavam no andar atingido.