Técnica de enfermagem da Santa Casa há dois anos, ela estava trabalhando no local durante o incêndio do dia 27 de junho e precisou ficar no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) até a última segunda-feira (4/7).
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Lembrança e expectativa
Ela relembrou o dia do incêndio e disse que está ansiosa para voltar a trabalhar na Santa Casa, apesar de ainda não ter uma previsão de retorno.
"Foi um dia de plantão normal, e em determinado momento teve um estrondo, um barulho muito alto. Logo depois pessoas começaram a correr, avisando sobre o incêndio. Na hora eu só pensei em tirar os pacientes (dali) para não agravar mais a situação, porque a gente não saberia qual proporção aquilo poderia tomar”, explicou.
“Antes de serem meus pacientes, eles são o amor de alguém. Estavam sob minha responsabilidade, e nada mais justo que priorizá-los naquele momento”, completou.
Apoio
Durante grande parte do período em que ficou internada, Aline teve a companhia da mãe, Maria Emília Ferreira Lima, de 58 anos, que revelou um acordo entre os três filhos.
"Fiquei impossibilitada de vir vê-la por três dias, porque meu filho não deixou. É um protocolo lá em casa entre a Aline e os irmãos, de só passarem algo para mim depois que já tiver sido resolvido a pior parte, porque a mamãe aqui fica desesperada. Mas estou agradecida a Deus pela vida da minha filha", disse.
Última funcionária
O provedor da Santa Casa, Roberto Otto, acompanhou Aline até ela receber alta e definiu o planejamento para as próximas semanas.
"Com a recuperação da Aline, a gente vai poder focar agora na devolução dos leitos para a cidade. Foram 55 leitos de CTI que deixaram de funcionar com esse incêndio, então o nosso foco é fazer com que esses leitos voltem o mais rápido possível a funcionar para que eles sejam disponibilizados para a Secretaria Municipal de Saúde e todo o Estado", ponderou.
Mortes
Três pessoas perderam a vida no incêndio que atingiu a Santa Casa no fim do mês passado: Cezar Freitas de Jesus, de 51 anos; Otávio Jordany Melo Rezende, de 23 anos; e uma vítima que não teve a identidade revelada pela Polícia Civil. Os corpos chegaram ao Instituto Médico Legal no dia 28 de junho e foram reconhecidos por familiares.
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), não foram registradas mortes em decorrência direta do incêndio, mas, sim, durante o momento de transferência das vítimas para outros hospitais.
Ao todo, 931 pacientes estavam na Santa Casa quando as chamas se alastraram, sendo que 50 deles estavam no andar atingido.