Após o delegado Rafael Lopes Azevedo, conhecido como “Tchô Tchô”, se entregou na sede da Corregedoria da Polícia Civil Civil de Minas Gerais (PCMG), nesse sábado (9/7), a expectativa agora é de que venham à tona outros crimes cometidos pelo policial e por membros de seu grupo.
Eles seriam responsáveis por uma série de outros crimes, pois estariam envolvidos não só com o tráfico de drogas, mas também com empresas fantasmas e de lavagem de dinheiro, com o uso de laranjas, colagem de veículos que seriam do Exército e ainda um assalto envolvendo pedras preciosas.
As investigações são coordenadas pela Polícia Federal, que coordena a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), composta ainda pelas polícias Civil, Militar e Penal, que cumpre determinação da 2ª Vara de Tóxicos.
O delegado é ex-chefe da Delegacia Especializada em Investigação e Repressão ao Furto, Roubo e Desvio de Cargas, e está na Casa de Custódia da Polícia Civil, no Bairro Horto, Região Leste da capital mineira, onde está à disposição da Justiça.
O que já se sabe
Conforme as investigações, o delegado e seus comparsas teriam aceitado propina (cerca de R$ 600 mil) para “esvaziar” uma investigação sobre tráfico de drogas em Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Eles teriam liberado um traficante e devolvido mais de 30 quilos de cocaína apreendidos.
A soltura do preso se deu após uma série de erros cometidos pelo delegado na lavratura do auto de prisão em flagrante. Outro ponto da investigação aponta para o envolvimento do delegado com crimes ligados a fraudes de veículos. Ele é suspeito de “esquentar” documentos e praticar o golpe do seguro veicular.
As investigações também citam envolvimento de "Tchô Tchô" com um traficante procurado nacionalmente. Eles seriam sócios de uma locadora de veículos, que tambéms eria usada para lavagem de dinheiro.
O nome do delegado, segundo uma fonte da Polícia Civil, estaria envolvido em pelos menos dois processos, que estariam na justiça, envolvendo o golpe do seguro.
Segundo uma fonte, os veículos eram segurados em duas empresas do ramo. Os carros eram roubados, por encomenda, e os proprietários, na maioria dos casos laranjas, recebiam o dinheiro do seguro, que eram repassados ao grupo de policiais.
Uma das empresas de seguro vítima do golpe é a Allianz, que, em 2015, ressarciu um Honda Civic. O processo é registrado sob o número 2017/024000037.001.006421826/61, no inquérito PCNrt, e na justiça recebeu o número 15.015.468-0.
Outra vítima é a Sompo Seguradora. Nesse inquérito, que recebeu o número 1186724-14.2018.8.13.0024, de 22/11/2018, o dinheiro também foi recebido e o bem ressarcido à suposta vítima. Nesse processo é questionada a conduta do delegado, no caso “Tchô-Tchô”.
O que está por vir
Dois novos casos envolvendo o delegado e sua quadrilha devem surgir nos próximos dias. Um deles envolve caminhões que seriam de propriedade do Exército e podem ter ligação com uma fábrica de veículos. Segundo informações de uma fonte, seriam 850 veículos destinados às Forças Armadas. Nesse caso, como o destino é o Exército, os veículos não são registrados como os demais veículos no país.
Um outro caso seria o roubo de esmeraldas, ocorrido em um hotel em Contagem. O prejuízo do pedrista seria de R$ 1 milhão. "Tchô Tchô" teria sido um dos homens que se passaram por compradores e atraíram a vítima até a Grande BH.
Um terceiro crime seria grilagem de terrenos. Os lotes estariam na Grande BH, sendo um deles, na Avenida Fleming, no Bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte.