Pesquisa realizada por entidades do setor de comércio e serviços de Belo Horizonte aponta que 83% dos usuários de ônibus noturnos têm problemas para conseguir chegar em casa. Ao todo, 532 trabalhadores que precisam do transporte público após as 22h responderam a um formulário que tem como objetivo mapear as necessidades de melhoria na oferta de horários dos coletivos na capital.
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PBH começa a receber denúncias sobre o transporte coletivo pelo WhatsAppAlunos da UFMG que moram em Lagoa Santa ficarão sem transporte escolarContratos do transporte suplementar serão revisados pela PBHPassagem de ônibus de Nova Lima custará R$ 2 a partir de domingoBH: empresas de ônibus contratam motoristas para aumentar número de viagensNo caso de quem precisa de mais de um ônibus para conseguir chegar em casa, o percentual de quem aponta problemas com a oferta de transporte é ainda maior, chegando a marca de 92% dos participantes da pesquisa.
Conforme mostrado pelo Estado de Minas, a falta de transporte noturno em Belo Horizonte se tornou um percalço para o setor terciário da cidade na retomada das atividades após as medidas mais rígidas de isolamento da pandemia. Funcionários e empresários tiveram de alterar horários de funcionamento e até mudar a política de contratações por conta da carência de ônibus na cidade.
Iniciada no dia 1º de julho, a pesquisa ficou aberta para os trabalhadores até o dia 10. O período, portanto, é anterior ao pagamento da primeira parcela do subsídio da prefeitura às empresas de ônibus da capital, ocorrido na segunda-feira (10).
Uma das contrapartidas cobradas das concessionárias é de que elas retomem o número de viagens noturnas à média do último trimestre pré-pandemia (novembro/2019 – janeiro/2020) já no primeiro dia útil após o repasse da verba. Na terça-feira (11), o serviço via WhatsApp aberto pela PBH para reclamações sobre os horários dos ônibus registrou 350 denúncias.
A pesquisa foi realizada em conjunto pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG), Associação Mineira de Supermercados (Amis), Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG). Os organizadores afirmam que as informações recolhidas serão apresentadas à BHTrans e à Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) para reivindicar a melhoria no serviço de transporte na Grande BH.
Subsídio não resolve
Além de mostrar que a ampla maioria de usuários do transporte coletivo noturno têm reclamações em relação aos horários dos ônibus, a pesquisa apontou que cerca de 40% dos respondentes moram em municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O dado revela que a regularização dos horários dentro da capital promovido pelo pagamento do subsídio às empresas de ônibus pode não ser suficiente para manter o funcionamento noturno da cidade de forma eficiente.
Para o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel, a integração do transporte entre as cidades do entorno de Belo Horizonte precisa ser melhorada para que o trabalhador seja atendido de forma completa.
“A integração é, talvez, o maior gargalo para quem depende do transporte público, principalmente à noite. De nada resolve linhas de ônibus circulando em grande quantidade para levar um passageiro da Savassi ao Centro se ele, ao chegar no Centro, não tem o ônibus para a região metropolitana. É fundamental um diálogo entre as empresas de transporte da capital e grande BH para que o trabalhador seja atendido com dignidade”.
Veja o número de entrevistados que trabalham em BH e se deslocam à noite para cidades da região metropolitana:
- Ribeirão das Neves: 60
- Contagem: 48
- Santa Luzia: 28
- Vespasiano: 25
- Sabará: 17
- Esmeraldas: 11
- Outras cidades: 12