Jornal Estado de Minas

CULTURA

Festa junina: BH consolida vocação gastronômica com comidas típicas

Cinco pratos criativos da culinária típica do período das quadrilhas, que venceram a 3ª edição do Concurso Prato Junino, foram apresentados neste sábado (16/7), no Mercado da Lagoinha, em Belo Horizonte, como uma prévia do que os cidadãos encontrarão no Arraiá de Belô, com início marcado para 29 de julho. A fórmula foi elaborada por alunos de gastronomia de universidades da capital.




 
 
 
Os grupos de estudantes e os vencedores individuais receberão o prêmio de R$ 5mil e seus pratos serão comercializados na Vila Gastronômica, espaço de alimentação do evento. Funcionando plenamente neste ano, a maior festa da ocasião foi estendida para os dias 29 , 30 e 31 de julho e 6 e 7 de agosto. 
 
Ana Luiza Borelli, 27 anos, jornalista, cursa o primeiro semestre em gastronomia na faculdade UNA II. Ela levou a ideia para seu grupo de colegas e criaram o premiado Porco Bá. "É porco com fubá, uma broinha de canjica, recheada com costela de pouco refogada e limonete de ora pro nobis."
 
Autora da ideia que surgiu inspirada em sanduíche de pão de queijo com pernil desfiado, Ana formou uma equipe com mais quatro colegas idealizando algo "ainda mais mineiro e pensamos na broinha de fubá e canjica, muito tradicional nessa época do ano, a carne suína com sanduichinho e, para dar uma cor,  elaboramos o vinagrete com limão capeta, (limonete) ora pro nobis, pimentões e cebola roxa." Além de Ana, Bruna Mendes Oliveira, Eduardo Murilo Pinheiro Homobono, Julia Menezes Antunes e Michele Françoele Caetano de Oliveira fizeram parte do grupo.




 
Aluna do quarto período no Uniassau-Universitas, os colegas de turma Amanda Pereira Souto, 19 anos, Júlia Raquel de Paula Oliveira, Thalles Vinicius Batista Pereira e Viviane Domingos criaram a Canjiquinha solta com salsa, cebolinha e bacon, copa lombo assado e molho de rapadura com cachaça.
 
"Nosso prato foi inspirado em clássicos da cozinha mineira. Uma antiga filha de mulher escravizada que contou à nossa professora que a mãe fazia a canjiquinha cozida, para substituir o arroz, incomum nos pratos dos escravizados, e pensamos em acompanhar uma carne suculenta e molho de cachaça."
 

Outros pratos premiados:

 
Rubim de Açúcar: três mini tartelletes de farinha de tapioca com pipoca caramelada recheadas de cocada de fita cremosa, brigadeiro de pé de moleque e maçã do amor. A receita é de Anna Laura Lacerda Benevides, aluna da Estácio de Sá.




 
Bolinho Tão João: Bolinho com base cremosa de milho verde, cobertura de brigadeiro de canela e uma crocante de canjiquinha feita com leite e flor de sal. Autoria de Ester Cândida Pereira da Silva, do Senac.
 
Caminhos de Minas: Tropeiro com feijão fradinho e farinha biju, acompanha uma gema empanada mole, couve crispy, tiras de lombo e torresmo pururuca. Criação dos estudantes Arla Alves Miranda, Cássio Ferreira Alecrim, Daniela Wendy Marra, Elizandro Moreira de Azevedo e Lívia Caroline Bruno Alecrim, do Promove. 
 
Ao todo foram 30 os pratos inscritos. A comissão julgadora levou em consideração aspectos como harmonia de sabor e textura, apresentação do prato, originalidade, presença de pelo menos dois insumos característicos da culinária mineira, além dos quesitos inovação e economicidade.




 
A disputa teve como temática "As Origens da Gastronomia Mineira", valorizando a cultura junina, os saberes do povo mineiro e os ingredientes típicos da culinária de Minas Gerais. As seletivas aconteceram entre 20 e 24 de junho.
 
O propósito do concurso, segundo o presidente da Belotur, Gilberto Castro, "além de dar aos novos talentos da gastronomia a experiência profissional e técnica na Vila Gastronômica, consolida-se nesta terceira edição como um importante atrativo de toda programação do Arraial de Belo Horizonte. Ações criativas como essa desenvolvem o setor de modo sustentável, sendo um dos motivos para a capital mineira ser reconhecida como Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco."
 
Comemorando a retomada plena das festividades juninas, Gilberto Castro reforçou a "solidez"do Arraiá de Belô, que completa 43 anos, tornando Belo Horizonte reconhecida pelo Ministério do Turismo "entre as cinco melhores festas juninas do país, e primeira das regiões Sul e Sudeste. Prova disso são as esperadas 70 quadrilhas que concorrerão a um concurso local, estadual e nacional neste ano."




 
O conselheiro da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes - Abrasel, Adelson de Castro Coelho, considera que o evento "mais uma vez consagra Belo Horizonte como capital das culturas gastronômicas. Daqui uns dias lançaremos pratos regionais em restaurantes associados da Abrasel que lembram a cultura da festa junina. O setor passou por momentos difíceis mas, gradualmente, desde o  final de 2021 percebemos que quem ficou quase dois anos em casa tem saído e o setor vem se reerguendo. O consumo fora de casa já retomou 80% dos índices do que era antes da pandemia."
 
Na capital mineira, o Arraial é trabalhado a partir do conceito de "Experiência Junina Completa'', com a apresentação de quadrilhas, shows musicais e diversas atividades gastronômicas. Dentro da programação, a festa conta com ações como Cortejo Junino, Blitz Juninas, Concurso Municipal de Quadrilhas, Prosas Juninas, shows de artistas com notoriedade regional e nacional, Concurso Prato Junino e Vila Gastronômica.