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Estado de Minas FÉRIAS

Sabia que BH tem mais de 70 parques? Descubra o mais perto da sua casa

Série do EM revela localizações, atrativos e peculiaridades das áreas de preservação das nove regionais da capital, muitas delas desconhecidas até dos vizinhos


17/07/2022 07:15 - atualizado 17/07/2022 09:42

Lago no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no Centro de BH
Reserva de tranquilidade em meio à correria do Centro de BH, Parque Municipal Américo Renné Giannetti é o mais conhecido da cidade e marco de pioneirismo da capital planejada (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Paris, Londres ou Nova York não seriam as mesmas sem seus parques. Da mesma forma, imagine Belo Horizonte sem sua área verde central, inspirada em conceitos do paisagismo europeu e norte-americano?

Em cidades mundo afora, essas reservas ambientais urbanas, além de locais destinados à contemplação e ao lazer, são verdadeiros termômetros de regulação da temperatura, filtros de purificação do ar, esponjas para absorção da água das chuvas e viveiros para a manutenção de biomas. Representam cortinas naturais que funcionam como redutoras da poluição sonora e atmosférica, onde plantas e animais nativos são protegidos em ecossistemas nos quais normalmente ocorrem na natureza. Também preservam cursos d’água, formações geológicas relevantes, além de processos ecológicos que ligam as espécies e o ambiente.

BH tem hoje nada menos que 76 desses espaços multifunção. Mas os belo-horizontinos conhecem bem e usufruem de tudo o que têm a oferecer esses equipamentos urbanos? No mês de férias escolares, para responder a essa pergunta e revelar tesouros naturais pouco conhecidos incrustados na selva de concreto, o Estado de Minas dá início neste domingo (17/4) a uma série de visitas a algumas dessas estruturas, mostrando suas vocações (esportivas, de lazer, ambientais, de pesquisas, entre outras) e avaliando seus principais atrativos. Na estreia, 
uma reserva plantada por moradores do Bairro Teixeira Dias.


Nascentes e ecossistemas no meio da metrópole

A capital mineira conta atualmente com 10,7 milhões de metros quadrados de áreas verdes, espalhados por 76 parques, além de jardins botânico e zoológico, centros de vivência agroecológica e, inclusive, cemitérios. Nessas reservas, estão abrigados exemplares de cerrado, mata atlântica e campos de altitude, onde são encontradas mais de 200 espécies de animas, mais de mil espécies vegetais e diversas nascentes que abastecem os córregos da Bacia do Rio São Francisco: cerca de 40 têm olhos d'água, córregos ou lagoas.

Primeira capital planejada do Brasil, Belo Horizonte foi pioneira na América Latina a dar importância a uma reserva ambiental urbana a partir de sua planta original, destinando mais de 600 mil metros quadrados para abrigar um parque no Centro da cidade. Graças a essa preocupação, o Parque Municipal Américo  Renné Giannetti, embora hoje com área reduzida a 180 mil metros quadrados, ainda é um coração verde pulsando em meio ao caos de edifícios e trânsito frenético, delimitado pelas avenidas Afonso Pena, Andradas, Carandaí e Assis Chateubriand, além da Rua da Bahia e da Alameda Ezequiel Dias.

A cidade também abriga um dos maiores parques municipais urbanos do país, o Mangabeiras, na Região Centro-Sul. Criado por lei de 1966, somente foi implantado nos anos 1980, tornando-se um raro exemplo de reconversão de área minerária, onde funcionava a mineradora Ferrobel.

Outras reservas são resultado de lutas históricas, como o Parque Lagoa do Nado, na Região Norte, vizinha ao Bairro Planalto. A mobilização começou em fins dos anos 1970, quando o terreno, que era muito utilizado para lazer pela população do entorno, foi adquirido pela MinasCaixa para construção de um conjunto habitacional, provocando forte reação popular.

Apolo Heringer Lisboa, médico e ambientalista, fundador do Projeto Manuelzão, defende que um parque não deveria ser um apêndice da cidade, mas uma área constituída com a concepção de qualidade de vida, em ambiente de vegetação e de convívio com cada ecossistema.

“A cidade tem que ter sistema de mobilidade, valorizar ciclovias, pistas de caminhadas. Todas as beiras de rios deveriam ser parques ciliares onde se pudesse transitar. O ideal seria haver parques urbanos com teleféricos, como no caso da Serra do Curral, porque se valoriza aquilo que se conhece”, afirma, defendendo que, se a população conhecesse melhor a serra que é símbolo de BH, a resistência a agressões ao maciço seria muito mais intensa.

O ambientalista lembra que a gestão das águas urbanas é outra importante função de áreas de parques, permitindo que se tenha maior permeabilidade na cidade, com mais áreas onde a água possa penetrar no solo.

“Poderíamos impedir inundações nas cidades se, das nascentes mais altas e na origem das chuvas em locais mais elevados, fosse possível vir amortecendo a energia da água, que fosse conduzida para áreas verdes que pudessem infiltrá-la no solo. Na construção urbana, é preciso imaginar áreas não pavimentadas para que a água vá se concentrando, como a Barragem Santa Lúcia (no bairro de mesmo nome), a Lagoa Seca, no Belvedere, e outros parques que poderiam ser compatibilizados com escoamento pluvial, para que não se precisasse mais construir piscinões nem canalizar córregos e rios.”

A arquiteta Cláudia Pires, ex-presidente da seção mineira do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), reforça que a qualidade de vida de uma cidade está diretamente ligada à condição de se desenhar um urbanismo que propicie ao mesmo tempo locais para a vida, serviços, comércio, infraestrutura e onde se possa exercer o lazer, a contemplação e a preservação daquilo que é caro ao homem, que é a natureza.
 

Como um parque é criado?

Parte dos atuais parques de Belo Horizonte foi criada por meio do Orçamento Participativo, iniciativa implantada na cidade em 1993, na qual moradores de todas as regionais da cidade priorizam obras em seus bairros a partir de uma fatia orçamentária reservada pela prefeitura. 

Outros surgiram em processos de licenciamento ambiental, alguns em pequenas extensões destinadas ao uso público, resultantes de exigências da Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo.

Em alguns casos, foram fruto de medida compensatória à expansão urbana ou mesmo de adoção da área. “Isso ocorre quando alguma área verde é adquirida pelo mercado imobiliário, mantendo um percentual para destinação dessas reservas”, explica Sérgio Augusto Domingues, presidente da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica da Prefeitura de Belo Horizonte.

As áreas disponíveis para mais parques estão cada vez mais raras na cidade, reconhece o presidente da fundação, mas ele aponta que ainda há mobilização para preservar alguns espaços verdes remanescentes. Como exemplos, ele cita a luta de um parque linear no Belvedere e a intensa movimentação para a criação do parque linear do Ribeirão do Onça.

“Temos áreas de pequena extensão que são verdadeiras joias, como o parque na reserva do Jardim Leblon, um fragmento de mata muito preservado, com uma área de uso público, encostado em uma escola. Além de beneficiar muito aquela região, não só na questão de uso público, serve de apoio para a escola integrada. Nesses espaços são oferecidos serviços ambientais com função ecológica importante para as comunidades. A dimensão dessas unidades cumpre papel essencial na área urbana”, acrescenta.

Segundo o presidente da fundação, hoje, uma das menores concentrações de parques na cidade está na Região Leste, mas a comunidade conta com o Horto Florestal, uma enorme área verde da Universidade Federal de Minas Gerais.

Vista do Parque das Águas e da Serra do Curral no Parque das Mangabeiras
Mangabeiras é dos maiores parques urbanos do país e um raro exemplo de conversão de exploração mineral em área de preservação (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )

Refúgios da natureza ainda pouco explorados

Quando foi a última vez que você visitou um parque em Belo Horizonte? Há quanto tempo não entra no Parque Municipal, ou não dá um passeio para sentir o ar de montanha no das Mangabeiras? 

Conhece algum espaço verde no seu bairro, ou na sua regional? Para boa parte das pessoas que moram ou trabalham em BH, responder a essas perguntas significa constatar o quanto a frequência a esses refúgios verdes é rara ou mesmo esquecida.

Lucilene Xavier de Souza, de 45 anos, encarregada de produção, mora atualmente em Betim, na Grande BH, mas se lembra de frequentar o Parque Municipal, no Centro de BH, todos os domingos. “Morava no Santa Lúcia e quando me mudei, há anos, não havia parques por lá. Eu, pelo menos, desconhecia. Conheci só mesmo o municipal. E achava genial.”

Outra que tem no parque da área central de BH uma referência de infância é Camila da Silva, balconista, de 33, moradora do Bairro Goiânia. Mas na região onde mora, conta que não conhece nenhum parque. Para ela, é fundamental que esses espaços tenham atrativos como brinquedos, para que as crianças possam se divertir no passeio.

Morador da capital mineira há seis meses, quando trocou Sergipe por Minas Gerais, o técnico industrial Genisson André Dias dos Santos, de 37, do Bairro Paquetá, na Região da Pampulha, diz que, além da reserva mais conhecida no Centro de BH, conheceu o Parque Cássia Eller, nas vizinhanças de casa. Com “olhar de estrangeiro”, diz que considerou os dois espaços muito bem organizados e bem cuidados, mas entende que o Cássia Eller fica devendo em acessibilidade: “Tem muita escada”.





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