No primeiro domingo de férias, os belo-horizontinos lotaram o Jardim Zoológico, na Pampulha. E a visita tem um atrativo a mais - o zoológico ganhou novos moradores. Acabam de desembarcar na capital oito aves emu, a segunda mais alta do mundo. São seis fêmeas e dois machos, todos com cerca de oito meses de idade. Eles agora completam o grupo de aves terrestres no zoo de BH.
Os emus vieram do Zooparque Itatiba, em São Paulo, em modelo de permuta. Do zoológico de Belo Horizonte, partiram para a cidade paulista uma harpia, espécie de gavião real ameaçada de extinção, para formar um casal com outro indivíduo em Itatiba. A cidade paulista também recebeu quatro cisnes branco, além de um casal do grou-coroado, espécie de ave exótica africana também ameaçada de extinção.
Além dos emus, o zoológico de Belo Horizonte recebeu uma jacutinga, ave que habita as florestas virgens das regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, animal também com risco de desaparecer, e três emas - para esses últimos animais a troca foi no sentido de manutenção da variabilidade genética do grupo de animais do zoo da capital. No geral, o objetivo central da transação é para caráter de educação e como projeto de conservação de espécies ameaçadas.
O gerente do Zoológico de Belo Horizonte, Humberto Mello, explica porque são comuns as trocas de animais entre instituições zoológicas. "Muitas vezes, são voltadas para os projetos de conservação de espécies ameaçadas. Nessa permuta, para nós é o caráter educativo e, para a instituição em Itatiba, o lado da conservação das espécies", explica.
Especificamente sobre os emus que chegam à capital, a permuta tem como finalidade o potencial informativo para a educação. "Agora, temos indivíduos representantes de todos os grupos de aves terrestres, que não voam, referentes a diferentes biomas do mundo. Além dos emus, já temos em BH o avestruz africano, o casuar australiano, e as emas originárias do cerrado brasileiro", informa Humberto, aproveitando a ocasião para fazer um convite: "Quem tiver interesse em visitar o zoológico poderá conhecer a diversidade das aves terretres, que estão em recintos na sequência uns dos outros, com indivíduos de todos esses grupos de animais."
A professora Sâmara Martins, de 29 anos, e o marido, o operador de empilhadeira Renato Ângelo, de 34, já foram ao zoológico em várias oportunidades. Neste domingo, foi a vez do filho, o pequeno Davi, de três anos, conhecer o local.
Os três, moradores de Ribeirão das Neves, na Grande BH, passeavam para ver os animais, e um atrativo especial é que, desta vez, muitos estavam acordados e aos olhos do público. "Geralmente eles estão escondidos, dormindo, e hoje conseguimos ver melhor", disse Renato.
Depois de ir ao recinto do leão, a família foi conhecer os novos moradores, os emus. "Não conhecíamos. Achamos que era um avestruz. Gostamos muito", acrescentou Sâmara.
FILA
Com o recesso escolar, o zoológico, um lugar que agrada especialmente as crianças, recebeu um grande número de visitantes nesse domingo (17/7).
Filas de carros e de pessoas se formaram na portaria pela Lagoa da Pampulha. A sequência de automóveis deu a volta no quarteirão e a Guarda Municipal multou os fura-filas e motoristas que pararam em local proibido.
Moradora de BH, a diarista Adriane Barbosa de Assis, de 48 anos costuma ir ao zoológico. Mas, neste domingo, reparou o movimento maior. "Desta vez está mais cheio. Até para entrar foi mais difícil", disse, ela que ficou meia hora na fila para acessar o zoológico.
OS NOVOS MORADORES
O emu, ou ema-australiana (de nome científico dromaius novaehollandiae), é uma espécie de ave terrestre endêmica da Austrália. É a segunda ave mais alta do mundo, superada apenas pelo avestruz, e também é parente da ema.
A etimologia do nome "emu" é incerta, mas acredita-se que tenha vindo de uma palavra árabe para "ave grande", mais tarde usada por exploradores portugueses para descrever o casuar, uma ave parecida nativa da Austrália e da Nova Guiné. Outra teoria é que vem da palavra "ema", que aparece na língua portuguesa para denotar uma grande ave semelhante a um avestruz ou garça.
Os animais maiores podem atingir entre 1,50 e 1,90 metros de altura. Medidos do bico à cauda, variam em comprimento de 139 a 164 centímetros, com os machos com média de 148,5 centímetros e as fêmeas com média de 156,8 centímetros. Pesados um pouco mais, em média, do que um pinguim-imperador, emus adultos pesam entre 18 e 60 quilos, com média de 31,5 e 37 quilos para machos e fêmeas, respectivamente.
Embora não voem, as emus têm asas vestigiais - batem as asas ao correr, talvez como um meio de se estabilizar quando se movem rapidamente. Eles têm pescoços e pernas longos, e podem correr a uma velocidades de 48 quilômetros por hora. Ao caminhar, o emu dá passadas de cerca de um metro, mas no galope total, uma passada pode chegar a 2,75 metros. Emus são aves grandes e poderosas, e suas pernas estão entre as mais fortes de qualquer animal e poderosas o suficiente para derrubar cercas de metal.
Os emus são aves de hábitos diurnos e passam o dia procurando comida, limpando sua plumagem com o bico, banhando-se de poeira e descansando. Antes comuns na costa leste da Austrália, os emus agora são incomuns nessa região. Por outro lado, o desenvolvimento da agricultura e o fornecimento de água para estocagem no interior do continente aumentaram a área de ocorrência da ave em regiões áridas.
Os emus vivem em vários habitats em toda a Austrália, tanto no interior quanto perto do litoral. São mais comuns em áreas de florestas de savana e esclerófilas, e menos comuns em distritos densamente povoados.
Eles alimentam de diversas espécies de plantas nativas e introduzidas, e sementes. Também comem insetos e outros artrópodes, incluindo gafanhotos e grilos, besouros, baratas, joaninhas, larvas, mariposas, formigas, aranhas e centopeias. Na dieta dos emus estão ainda trigo e qualquer fruta ou outra cultura agrícola que possam acessar (eles escalam com facilidade cercas altas).
Pedras pequenas são engolidas para auxiliar na trituração e digestão do material vegetal. As aves também comem carvão, embora a razão para isso não seja clara. Emus cativos são conhecidos por comer cacos de vidro, mármores, chaves de carros, joias e porcas e parafusos. São criados principalmente por sua carne, couro, penas e óleo, e 95% da carcaça pode ser usada.
PREFEITURA de BH
Em nota, a prefeitura de Belo Horizonte comentou o grande movimento nos parques da capital:
"A Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica informa que, anualmente, em todas as unidades sob sua administração, há um aumento significativo de público nos meses de janeiro e julho (segunda quinzena), em função das férias escolares. Isso ocorre principalmente em parques tradicionais, como Mangabeiras e Municipal, e também na Zoobotânica, caso específico em que, nesses períodos, a Fundação reforça a equipe de apoio à portaria, por ser o único dos atrativos com bilheteria e cobrança de ingressos, que demanda maior tempo de atendimento.
As equipes de apoio organizam a fila de carros, orientam o visitante a deixar dinheiro ou cartão à mão para agilizar os atendimentos e, ainda, quando percebem a presença de filas, que se formam na Portaria 1 (Orla da Lagoa), orientam os visitantes para o uso da Portaria 2, mas a maioria opta por aguardar no local.
Equipes da BHTrans e Guarda Municipal também atuam no local nessa época, controlando o trânsito no entorno da Zoobotânica."