Oito a cada dez pessoas que morreram por complicações ocasionadas pela COVID-19 em Minas Gerais tomaram apenas as duas primeiras doses do imunizante que protege contra a doença. Os pacientes, conforme informou a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), não receberam o primeiro reforço.
A pasta considera dados do início da vacinação até o último dia 15 de julho. Neste período, foram 8.061 óbitos registrados em pessoas que concluíram o esquema vacinal e estariam aptas à terceira dose. Destas, 6.757, ou quase 84%, não voltaram aos postos de saúde para receber o reforço.
Índices relacionados às internações também chamam a atenção, já que, no mesmo intervalo de tempo, das 21.084 pessoas internadas no Estado, 17.083, ou 80%, também não tomaram a terceira aplicação, estando protegidas apenas com as duas doses.
O cenário, segundo especialistas, ressalta a importância da terceira aplicação, principalmente quando são considerados públicos mais vulneráveis à enfermidade, como idosos, imunossuprimidos e pessoas com doenças crônicas.
“A imunidade com duas doses vai caindo durante o tempo. E se você não faz o reforço, chega em um momento que a imunidade fica insuficiente para conter o vírus e, quando a pessoa adoece, surge o risco da doença mais grave. Não que vá acontecer, mas pode. E isso é reforçado em pessoas mais vulneráveis”, disse ao Estado de Minas o infectologista Estevão Urbano.
Por aqui, 10,6 milhões de mineiros receberam as três aplicações da vacina até a manhã desta quinta-feira (21/07). Isso representa 64% dos adultos com 18 anos ou mais no Estado.
O índice ainda é considerado baixo pelo médico especialista, que acredita que não há motivos suficientes para que a cobertura esteja tão longe do ideal em Minas.
“Não faz sentido. Lembrando que a vacina tem impedido que as internações e óbitos avancem, e, além disso, é segura para qualquer faixa etária. Então você une a segurança com a efetividade dos imunizantes”, concluiu.